Distocia em gatas: causas, sintomas e tratamento

Cerca de 67% das distocia são causadas pela mãe, enquanto apenas 29% são causadas pelo feto. Seja como for, em ambos os casos, a cesárea é o procedimento mais utilizado para tratar essa complicação.
Distocia em gatas: causas, sintomas e tratamento
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A gestação em gatos termina com um parto que geralmente não apresenta complicações, por isso os gatinhos nascem bem e bastante saudáveis. Apesar disso, em alguns casos pode haver dificuldades no parto, como a distocia, que põe em risco a vida da gata e de seus filhotes.

A distocia é um dos problemas de parto mais raros dos gatos, mas é muito importante prestar atenção a alguns sinais de alerta. Os sinais e causas mais frequentes dessa complicação são apresentados no seguinte espaço, mas lembre-se de ir ao veterinário em qualquer emergência (por mais leve que o quadro possa parecer).

O parto na gata e suas fases

As gatas têm uma gestação que dura cerca de 56 ou 70 dias e dão à luz uma ninhada de 1 a 5 gatinhos. Antes do parto, os fetos começam a se posicionar corretamente para facilitar sua saída. Além disso, as gatas apresentam uma mudança de comportamento na última semana, pois procuram se preparar ao máximo para o parto.

Por sua vez, o parto é dividido em 3 fases diferentes, que se diferenciam pelo comportamento e alguns sinais físicos no gato. Estes são os seguintes:

  • Estágio 1 (2 a 24 horas de duração): as contrações começam na barriga e no útero, de modo que a gata fica inquieta, ofegante e pode até vomitar. Ela geralmente ronrona bem alto e um fluido claro começa a fluir de sua região genital.
  • Etapa 2 (2 a 12 horas de duração): é o momento em que os fetos são expulsos da mãe e tem duração média de 12 horas. O normal é que haja uma diferença de 30 ou 60 minutos entre a saída de cada filhote, embora às vezes eles possam nascer com alguns minutos de intervalo.
  • Estágio 3 (ocorre ao mesmo tempo que o estágio 2): é expelida a membrana fetal, que é a “bolsa” que guardava os gatinhos dentro da mãe. Esse estágio geralmente se alterna com o segundo, embora não necessariamente de forma igualitária, já que às vezes mais de um filhote sai antes que a primeira membrana fetal seja vista.
Uma gata grávida em um fundo branco.

O que é a distocia em gatas?

Chama-se de distocia os partos em que há dificuldade para expulsar os filhotes da mãe. Esse problema fica evidente na fase 2 do parto, pois o primeiro filhote demora mais de 60 minutos para sair. Se isso acontecer, não hesite em chamar o veterinário, pois é muito provável que sua gata precise de atendimento de emergência.

Embora esse problema geralmente seja detectado no momento do parto, existem exames pré-natais para a gata que permitem identificar se ela pode apresentar distocia ou não. Graças a isso, o veterinário consegue fazer um controle adequado da gravidez felina, o que diminui todos os riscos dessa complicação.

Causas da distocia em gatas

As distocia são classificadas de acordo com os fatores que causam a complicação, que podem ser da mãe ou do feto. Ambos os tipos de distocia têm suas diferenças. Portanto, devem ser tratados por meios específicos. Algumas de suas características estão listadas abaixo:

  1. Distocia materna: essa obstrução ocorre pela mãe, que geralmente tem um canal pélvico estreito ou inércia uterina subdesenvolvida. O primeiro quadro refere-se ao fato de a pelve não ter o tamanho adequado (malformação, fratura ou imaturidade), o que impede a saída dos gatinhos. O segundo representa a ausência de contrações no útero, o que impossibilita a expulsão dos fetos.
  2. Distocia fetal: os fetos podem obstruir a saída e complicar o parto se apresentarem malformações, tamanhos excessivos ou uma posição de saída incorreta.

Predisposição para a distocia

Embora a distocia seja uma complicação rara, existem algumas raças como as braquicefálicas (persa, himalaio, munchkin ou scottish fold) em que sua incidência chega a 10%. Isso geralmente está associado à genética de certos tipos de gatos, pois a endogamia aumenta o número de malformações na mãe e nos fetos.

Além disso, gatas muito velhas ou muito jovens tendem a ter distocia, pois seus corpos não estão prontos para o parto. Tenha cuidado com a idade reprodutiva do seu animal ao cruzá-lo e sempre pense em preservar sua saúde.

Como se não bastasse, também é importante levar em consideração o pai dos gatinhos, já que a diferença de tamanhos no casal pode produzir fetos maiores no útero materno. Isso pode fazer com que a gata não consiga dar à luz em condições normais, sendo necessário receber cuidados de emergência.

Sinais de alerta na distocia felina

A distocia é um problema que geralmente não é identificado até o momento do parto, pois não é normal que o animal faça uma avaliação pré-natal. Por esse motivo, existem alguns sinais de alerta a se considerar se a sua gata for dar à luz muito em breve. É melhor levá-la ao veterinário se notar algum dos seguintes sintomas:

  • Já se passou mais de uma hora desde o início das contrações, mas o primeiro gatinho ainda não saiu.
  • A gata vocaliza bem alto, com sinais evidentes de dor.
  • A gravidez do seu animal durou 70 dias ou mais antes do início do trabalho de parto.
  • Você pode ver uma parte do primeiro feto, mas ele não termina de ser expulso (não tente removê-lo sozinho, você pode prejudicar o gatinho ou a mãe).
  • A gato parece cansada, abatida e vomitou muito.
  • Presença de secreções vaginais fétidas.

Esses sinais de alerta podem ser difíceis de reconhecer durante o trabalho de parto. Por esse motivo, recomenda-se fazer uma avaliação pré-natal com o veterinário, pois dessa forma é feito um controle preciso dos riscos do felino antes que o ato ocorra.

Tratamento da distocia

Como a distocia é causada por diferentes fatores, também existem várias maneiras de tratá-la. Para fazer isso, o veterinário deve fazer um diagnóstico e identificar qual é o problema. Dependendo do que o profissional observar, é provável que ele proponha um destes 3 tratamentos:

  1. Tratamento médico: se a distocia for decorrente da ausência de contrações, é possível induzi-las com o uso de medicamentos. Normalmente é uma boa opção quando o problema é detectado antes do parto, planejando assim o processo médico.
  2. Tratamento manipulativo: caso os fetos estejam acomodados incorretamente, o veterinário pode tentar corrigir sua postura para facilitar o parto. Em outras palavras, ajudará a gata a dar à luz por meio do posicionamento ou da retirada manual do gatinho.
  3. Tratamento cirúrgico: essa intervenção refere-se a uma cesariana, na qual é realizada uma operação para retirar os filhotes do útero materno. Essa geralmente é a melhor opção em emergências, quando não há tempo para o diagnóstico ou a vida da mãe está em perigo iminente.
Gata amamentando filhotes

Prognóstico

Se a distocia for tratada a tempo, a gata e os filhotes têm uma boa chance de sobrevivência. No entanto, deve-se ter em mente que em algumas ocasiões os fetos podem morrer devido às condições do parto. Para evitar o desfecho fatal, é melhor prevenir a situação e recorrer ao veterinário, pois assim você garante que a mãe e os filhotes sobrevivam juntos.


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