As doenças zoonóticas e os insetos
O verão está chegando e, com ele, vários insetos alados começam a encher nossas casas. Embora não sejam convidados, eles constituem uma parte essencial da fauna, uma vez que os mosquitos e as moscas são polinizadores essenciais e também uma fonte de alimento para muitos outros animais. Devido à sua longa história ligada ao homem, alguns desses insetos são transmissores de doenças zoonóticas.
O que é uma zoonose?
O termo zoonose refere-se a qualquer doença infecciosa que é naturalmente transmitida de um animal para o homem, ou vice-versa.
Quando o ser humano é o transmissor, é mais correto empregar o termo antropozoonose.
É comum pensar em doenças famosas na mídia causadas por animais e espécies de interesse agrícola: gripe aviária, gripe suína ou doença da vaca louca. Ainda assim, existem animais muito menores que passam despercebidos diante dos nossos olhos e que são capazes de transmitir doenças (ainda mais perigosas) aos seres humanos.
Hoje vamos apresentar vários insetos causadores de doenças que foram reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde.
O mosquito da dengue
O mosquito da dengue (Aedes aegypti), como o próprio nome sugere, é responsável por doenças como dengue, febre amarela ou zika.
Esse pequeno artrópode se distingue por suas impressionantes faixas brancas, embora sua morfologia geralmente não seja distinta o suficiente para diferenciá-lo de outros mosquitos do gênero Aedes.
Como já bem sabido por muitos, apenas os mosquitos fêmeas se alimentam de sangue. Esse comportamento atípico acontece devido a uma razão biológica:
- Tanto os machos quanto as fêmeas se alimentam de néctar, portanto, ambos são capazes de viver sem picar um vertebrado em seu ciclo de vida.
- Contudo, as fêmeas precisam de sangue para obter a contribuição nutricional necessária para a postura dos ovos.
- Uma fêmea que não consome sangue não poderá deixar descendentes.
Diferentemente de outros mosquitos, o Aedes aegypti é mais ativo durante o dia do que à noite, o que aumenta ainda mais a probabilidade de contato com os seres humanos.
Em 2013 (ano epidêmico), houve 2,3 milhões de casos (430,8 por 100 mil) e 1.280 mortes nas Américas causadas pela dengue.
Doenças zoonóticas causadas pelo mosquito-palha
Não vamos deixar de falar sobre os animais alados, mas mudaremos de espécie. Agora, vamos nos focar em várias espécies do gênero Phlebotomus. Os mosquitos-palha são vetores de Leishmania, causadores da leishmaniose.
Esses insetos são um pouco semelhantes aos mosquitos comuns, mas são menores: no máximo dois a três milímetros. Seu corpo é semitransparente e coberto de pelos.
- Como no caso anterior, machos e fêmeas se alimentam do néctar da planta ou de secreções dos pulgões.
- A hematofagia é necessária apenas para as fêmeas produzirem ovos.
O protozoário Leishmania é transmitido através da saliva do mosquito fêmea uma vez que a picada ocorre, e afeta roedores, cães, marsupiais e primatas.
Uma média de 60.000 casos de leishmaniose cutânea e de mucosa e 4.000 de leishmaniose visceral são diagnosticados anualmente na região das Américas, com uma taxa de mortalidade de 7%.
Doenças zoonóticas causadas pelos carrapatos
Mas nem todos os artrópodes transmissores de doenças zoonóticas são voadores. Os carrapatos são um exemplo claro disso e, embora não sejam insetos (pertencem à classe dos aracnídeos), merecem uma menção especial:
- O carrapato Ixodes ricinus, que pode exceder um centímetro após a ingestão do sangue do seu hospedeiro, transmite uma ampla variedade de patógenos a vários vertebrados. É o vetor da bactéria Borrelia, a causa da doença de Lyme, tão conhecida por todos.
- O carrapato Hyalomma marginatum é o principal vetor do vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC).
Talvez seja mais difícil para um carrapato ter acesso a um ser humano: eles não voam e, portanto, ficam pendurados em superfícies vegetais esperando para pular no infeliz hospedeiro. O risco aumenta para os seres humanos em ambientes rurais ou quando em contato com mamíferos selvagens.
Uma importância ecossistêmica que custa caro
Os artrópodes, em geral, são um pilar essencial para o funcionamento de qualquer ecossistema. Como mencionado anteriormente, eles são os principais polinizadores, permitindo a proliferação da flora, e também são uma fonte de nutrientes para muitas espécies animais.
Portanto, mesmo que sejam uma ameaça aos seres humanos como transmissores de doenças zoonóticas, é sempre conveniente lembrar que todo ser vivo merece respeito e admiração sempre que estiver em seu ambiente natural.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.