Elefantes detectam vibrações sísmicas geradas pelo homem

Devido ao aumento das interações com os humanos, os elefantes aprenderam a reconhecer as ondas sísmicas antropogênicas, segundo um grupo de especialistas que publicou essa novidade em uma revista científica este ano. Aqui vamos contar tudo sobre o tema.
Elefantes detectam vibrações sísmicas geradas pelo homem
Georgelin Espinoza Medina

Escrito e verificado por a bióloga Georgelin Espinoza Medina.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Os elefantes são mamíferos incríveis não apenas por causa de seu tamanho e peso. Além disso, possuem outros aspectos que os tornam únicos, como sua inteligência e sua organização social. Para alcançar uma interação efetiva entre seus membros, eles precisam se comunicar constantemente. Há alguns anos já se sabe que uma das formas que fazem isso é através das patas, já que são capazes de detectar vibrações sísmicas com os pés. Impressionante, não é?

Mas a história não para por aí, essas criaturas majestosas não apenas detectam os sinais do solo, como também distinguem o tipo de vibração que recebem, se é de um parente ou se são geradas pelo ser humano. Convidamos você a conhecer essa incrível descoberta científica, não deixe de ler.

Uma nova descoberta relacionada à comunicação dos elefantes

O comportamento dos elefantes, além de interessante, demonstra sua inteligência. Prova disso é a variedade de formas de comunicação (visual, química, acústica e também tátil). Com esses mecanismos, eles podem perceber e emitir sinais, mesmo a grandes distâncias.

Os elefantes usam todos os seus sentidos para transmitir e receber uma mensagem. Dessa forma, eles conseguem se reproduzir, evitar perigos e sobreviver no mundo natural.

Um dos modos sensoriais mais marcantes em elefantes é sua capacidade de detectar vibrações sísmicas do solo, usando suas patas como centro receptor do estímulo. Além disso, também detectam o tipo de sinal que recebem, se é um membro de seu rebanho ou se sua fonte é antropogênica, ou seja, produzida por humanos.

Isso foi demonstrado por um estudo realizado em elefantes na Namíbia, pelos pesquisadores Beth Mortimer, James Walker, David Lolchuragi, Michael Reinwald e David Daballen, de Oxford. Publicado na revista “Proceedings B of the Royal Society” deste ano.

O estudo consistiu em avaliar a resposta de 3 tipos de vibrações no espécime africano (Loxodonta africana), uma proveniente de gravações sísmicas de elefantes, uma provocada por ruído humano e uma trilha combinada das duas primeiras.

Como os elefantes detectam vibrações sísmicas?

Como já dissemos, a detecção de vibrações é feita através das patas. Especificamente de algumas estruturas presentes nos pés que são chamadas de corpúsculos de Pacini, em homenagem ao seu descobridor Filippo Pacini.

Os corpúsculos de Pacini são mecanorreceptores especializados na detecção de pressão e vibração. Nos elefantes, eles estão agrupados e localizados tanto na derme quanto nas almofadas digitais, mais frequentemente nas regiões anterior e posterior dos pés. Também estão presentes em outros seres vivos e alguns órgãos do corpo.

Os elefantes detectam vibrações sísmicas com esses corpúsculos, complementando assim o que percebem do ambiente através do ar. Essas estruturas são ferramentas muito úteis para alertar sobre perigos.

Quando sentem um sinal no chão, eles adotam uma postura calma, ficam imóveis prestando muita atenção. Os elefantes também podem se posicionar na direção da fonte do estímulo, apoiar um dos pés da frente para que a parte mais anterior fique em contato ou ficar nos calcanhares traseiros. Dessa forma, eles descobrem o que está acontecendo ao seu redor e podem ter a reação mais adequada.

A resposta dos elefantes às vibrações sísmicas de origem humana

Estudos anteriores, de 2006 e 2007, mostraram que os elefantes podem distinguir sinais do substrato. Além de responder a eles com base em sua fonte, se é um familiar ou um indivíduo desconhecido.

Hoje, as novas descobertas mostram que eles não apenas distinguem os chamados familiares, mas também as vibrações sísmicas produzidas pelos humanos e geram uma resposta correspondente. Nesse caso, defensivo, já que seu comportamento é de fuga.

O comportamento dos elefantes mostra que as atividades humanas interferem cada vez mais na vida natural dos seres vivos. As vibrações sísmicas geradas pelo homem geram interferência com aquelas produzidas no ambiente tanto por diferentes organismos quanto por outros elefantes. Essa situação cria confusão. Assim, o ser humano pode ser um obstáculo à sua sobrevivência.

Alguns animais também são afetados por vibrações de origem humana. Um exemplo disso são os anfíbios, que são muito sensíveis às mudanças ambientais. Um estudo realizado com o sapo -parteiro-comum (Alytes obstetricans) mostrou como a atividade humana dificulta a comunicação e a reprodução da espécie.

Conclusão

Os elefantes são animais extraordinários, dotados de uma grande sensibilidade em relação ao ambiente. Eles podem detectar e transmitir sinais a longas distâncias com diferentes mecanismos. Um de seus métodos de “varredura” mais curiosos e que lhes serve como comunicação é a vibração sísmica.

Os estrondos no chão complementam os sons, pois oferecem certas vantagens em velocidades e estabilidade no meio. Os elefantes não apenas detectam vibrações sísmicas, como também aprenderam a diferenciar a fonte de origem. Quando a origem é humana, seu comportamento é defensivo, o que mostra que nossa atividade afeta a vida natural desses animais.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bouley, D., Alarcón, C., Hildenrandt, T., & O´Connel-Rodwell, C. (2007). The distribution, density and three-dimensional histomorphology of Pacinian corpuscles in the foot of the Asian elephant (Elephas maximus) and their potential role in seismic communication. Journal of Anatomy, 211, 428-435.
  • Caorsi, V., Guerra, V., Furtado, R., Llusia, D., Miron, L., Borges-Martins, M., Both, C., Narins, P., Meedorink, F., & Marquez, R. (2019). Anthropogenic substrate-borne vibrations impact anuran calling. Scientific Reports, 9(1), 19456.
  • Mortimer, B., Walker, J., Lolchuragi, D., Reinwald, M., Daballen, D. (2021). Noise matters: elephants show risk-avoidance behaviour in response to human-generated seismic cues. Proceedings of the Royal Society B, 288.
  • O’Connell-Rodwell, C., Wood, J., Kinzley, C., Rodwell, T., Poole, J., & Puria, S. (2007). Wild African elephants (Loxodonta africana) discriminate between familiar
    and unfamiliar conspecific seismic alarm calls. The Journal of the Acoustical Society of America, 122, 823–830.
  • O’Connell-Rodwell, C., Wood, J., Rodwell, T., Puria, S., Partan, S., Keefe, R., Shriver, D., Arnason, B., & Hart, L. (2006). Wild elephant (Loxodonta africana) breeding
    herds respond to artificially transmitted seismic
    stimuli. Behavioral Ecology and Sociobiology, 59, 842–850.
  • Weissengruber, G., Egger, G., Hutchinson, J., Groenewald, H., Elsässer, L., Eamini, D., & Forstenpointner, G. (2006). The structure of the cushions in the feet of African elephants (Loxodonta africana). Journal of Anatomy, 209, 781-792.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.