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Foi encontrado o maior tubarão luminoso do mundo

4 minutos
A bioluminescência é um fenômeno tão espetacular quanto raro, por meio do qual os animais são capazes de produzir luz própria.
Foi encontrado o maior tubarão luminoso do mundo
Francisco Morata Carramolino

Escrito e verificado por o biólogo Francisco Morata Carramolino

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Um novo estudo científico publicado na Frontiers in Marine Science descreveu a maneira como três espécies de tubarões são capazes de emitir luz própria. Um deles, o Dalatias licha, é o maior tubarão luminoso do mundo.

Com 1,80 metros de comprimento, esse animal não é apenas o maior tubarão, mas o maior vertebrado que tem essa capacidade, chamada de bioluminescência. Junto com as outras 2 espécies – Etmopterus lucifer e Etmopterus granulosus – esse tubarão pode ser encontrado nos oceanos que banham a Nova Zelândia.

Se você quiser saber mais sobre este animal fascinante e como ele produz luz — assim como sobre a bioluminescência em geral—, continue lendo este artigo.

A bioluminescência no reino animal

A bioluminescência é um fenômeno muito raro no meio terrestre. Apenas alguns invertebrados têm essa capacidade, sendo a grande maioria deles artrópodes. Os mais famosos são os vaga-lumes, termo que inclui várias espécies de insetos que emitem luz pelo abdômen.

Esse fenômeno, contudo, é generalizado no ambiente marinho. Embora a grande maioria dos animais bioluminescentes sejam invertebrados, também é conhecido um número crescente de vertebrados aquáticos luminosos.

Curiosamente, o número de animais bioluminescentes aumenta à medida que entramos nos oceanos. A maioria desses seres vivos pode ser encontrada em águas muito profundas, onde a luz do sol não chega.

Além disso, nessas áreas as capacidades luminosas dos animais são muito mais desenvolvidas. Elas desempenham um papel central em sua ecologia e são usadas para comunicação, camuflagem, caça e muitas outras funções.

Mais de um tubarão luminoso

Os tubarões normalmente são associados a grandes superpredadores que se escondem sob a superfície do oceano. No entanto, essa é apenas uma pequena fração de sua biodiversidade. Esses animais existem há milhões de anos e souberam se adaptar e colonizar os mais diversos ambientes aquáticos.

Na verdade, 2/3 dos tubarões têm menos de um metro de comprimento e apenas 20% das espécies ultrapassam um metro e meio. Além disso, mais da metade dos tubarões vive a mais de 200 metros de profundidade.

A maioria deles vive entre 200 e 1000 metros, na zona crepuscular ou mesopelágica. Nesse espaço, ainda penetra um pouco de luz, mas é tão escassa que impede a fotossíntese. Para o olho humano, a zona crepuscular é completamente sem luz.

É exatamente aqui que são encontrados os tubarões bioluminescentes. Eles pertencem a três famílias diferentes – Dalatiidae, Etmopteridae e Somniosidaeque representam 57 das 540 espécies de tubarões conhecidas. Os espécimes desses táxons podem ser encontrados nas águas profundas de todo o planeta.

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Os dentes do tubarão luminoso.

Como é o tubarão Dalatias licha?

A aparência do Dalatias licha é muito diferente da dos elasmobrânquios comuns, como é o caso de outras espécies de tubarões luminosos. Seu corpo é longo e fino e suas nadadeiras e cauda são pequenas e cegas. Além disso, a cabeça dessa espécie é pequena, com focinho curto e arredondado e olhos grandes adaptados à escuridão.

Os dentes são diferentes na mandíbula superior e inferior. Os superiores são pequenos, finos e pontudos, enquanto os inferiores são grandes, triangulares e formam uma superfície de corte contínua.

Essa dentição é adaptada para rasgar pedaços de carne de animais maiores de forma parasitária – da mesma forma que o tubarão-charuto – e também para atacar outros tubarões, peixes, cefalópodes e crustáceos.

A coloração é uniforme e varia do marrom-escuro ao cinza ou preto. Embora o tamanho desse tubarão não possa ser comparado a gigantes como o tubarão-branco ou o tubarão-da-groenlândia, seus 1,80 metros assustam os demais tubarões luminosos, que normalmente não chegam a 60 centímetros.

Como esse animal produz luz?

A pele do D. licha é recoberta por fotóforos, pequenos órgãos que têm uma estrutura surpreendentemente semelhante à de um olho, pois possuem uma íris, uma lente, uma camada pigmentada e uma célula produtora de luz: o fotócito.

Graças a esses órgãos, o tubarão luminoso é capaz de produzir uma luz azul-esverdeada especialmente intensa na parte ventral do animal, onde há maior concentração de fotóforos.

Portanto, acredita-se que a bioluminescência do D. licha serviria para a camuflagem. Visto de baixo, a silhueta iluminada do tubarão o ajudaria a desaparecer, ao se assemelhar com a luz vinda da superfície. Além disso, também pode servir para iluminar o fundo do mar em busca de presas.

Até o momento, o mecanismo que esses condríctios usam para gerar luz é desconhecido, uma vez que a luciferina e a luciferase, moléculas responsáveis por essa capacidade em outros animais, não foram encontradas, nem bactérias que poderiam produzi-la.

Apesar disso, um novo estudo comprovou que o hormônio melatonina está envolvido no controle da luz. Em humanos, esse hormônio regula os ciclos do sono e o desenvolvimento.

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As criaturas das profundezas do oceano vivem em um ambiente muito diferente dos humanos, por isso são frequentemente esquecidas. Não por isso são menos fascinantes, pois ainda escondem dentro de si muitos mistérios para a ciência.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Mallefet, J., Stevens, D. W., & Duchatelet, L. 2021. Bioluminescence of the Largest Luminous Vertebrate, the Kitefin Shark, Dalatias licha: First Insights and Comparative Aspects. Frontiers in Marine Science. 8: 153.
  • https://www.saveourseasmagazine.com/sharks-of-the-twilight-zone/
  • https://www.nytimes.com/2021/03/05/science/biggest-glowing-shark.html
  • https://www.elmundo.es/ciencia-y-salud/ciencia/2021/03/03/603f479f21efa06c758b45e5.html

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