É ético usar macacos de terapia?
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
O cuidado de pessoas dependentes é algo que preocupa muitos países do planeta. Nos Estados Unidos, foi criada uma solução que, embora eficaz, pode não ser ética: macacos de terapia.
O que são os macacos de terapia?
A organização Helping Hands treina macacos que podem realizar tarefas básicas e ajudar pessoas com paralisia ou outras deficiências. Para fazer isso, os macacos são treinados para apagar as luzes ou ligar todos os tipos de dispositivos, trazer objetos ou até mesmo limpar seus donos.
Aos olhos de muitos americanos, os macacos de terapia para pessoas dependentes são aceitáveis e até mesmo positivos.
Esses primatas parecem ter uma vida melhor do que seus companheiros circenses ou experimentais, mas devemos nos perguntar se os macacos se beneficiam desse relacionamento ou não.
Os macacos de terapia são uma boa ideia?
Algo que está mais do que comprovado atualmente é que não se pode ter um macaco como animal de estimação.
Embora nos Estados Unidos essa prática ainda seja difundida, cada vez menos pessoas têm um macaco em sua casa e mais e mais animais chegam aos santuários primatas com a vida destruída.
Os macacos, assim como o resto dos primatas, têm um período de infância muito semelhante ao do ser humano, no qual têm um relacionamento muito próximo com a mãe. Para ter um macaco de terapia, assim como qualquer outro animal de estimação, você tem que quebrar esse vínculo.
Isso causa uma dependência que normalmente não mantemos com o tempo: a fase adulta torna esses animais um pouco agressivos, principalmente porque eles não foram educados pela sua própria espécie.
Também temos linguagens distintas que se transformam em mal-entendidos, e estes se transformam em ataques.
Práticas de treino de macacos terapêuticos
Em sua origem, a associação arrancava as presas dos filhotes, que se separavam com apenas 10 semanas de suas mães. Embora atualmente rejeite essas práticas, a Helping Hands sofreu sérias críticas pelo manejo de seus macacos cebus, a espécie com a qual trabalha.
Atualmente, as práticas realizadas são menos selvagens, mas ainda acarretam dor para os primatas: após a separação de suas mães, eles são levados a lares onde aprendem a se comportar entre os humanos, e depois vão para a casa onde estão destinados a servir como macacos de terapia.
Após se afeiçoarem e se acostumarem a conviver com determinadas pessoas, eles são separados quando o trabalho com elas “acaba”, algo que é traumático para animais humanizados.
Embora possam não ter a mesma capacidade, o uso de cães como animais de terapia é muito mais ético do que o de macacos. Animais domesticados, embora não tão habilidosos com as mãos, podem ajudar muito essas pessoas sem um conflito ético tão grande.
Naturalmente, estes macacos terapêuticos são tratados com carícias e prêmios. No entanto, os perigos de ter um macaco em casa são agravados pelo fato de que os privamos de uma vida decente com a sua espécie.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.