A etologia aplicada aos animais de fazenda

Conhecer o comportamento que os animais teriam se não estivéssemos presente nos ajuda a entender quais são suas necessidades.
A etologia aplicada aos animais de fazenda
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 15 dezembro, 2022

A etologia é a ciência que estuda o comportamento animal do ponto de vista biológico, mas também psicológico. Em outras palavras, esse ramo analisa os comportamentos mais simples, como reflexos musculares a um estímulo, mas também comportamentos complexos, como a tendência de migração de algumas espécies de pássaros mesmo quando em cativeiro.

Portanto, a etologia aplicada em uma fazenda pode ser muito útil para cobrir todas as necessidades comportamentais dos animais. Quais são seus possíveis usos? Aqui estão alguns dos mais importantes.

Importância da etologia aplicada na produção animal

Desde os tempos pré-históricos, é evidente que o conhecimento do comportamento animal foi de grande valor para a sobrevivência humana. Com o tempo, a aplicação da etologia se sofisticou e passou a ser considerada um dos fatores da produção animal. Na verdade, graças a ela, as fazendas podem otimizar a produção, melhorando o bem-estar animal.

A etologia pode ser aplicada a todas as áreas de uma fazenda. Desde a concepção das instalações ao manuseio e transporte, mas, sobretudo, sua utilização é interessante em aspectos como a alimentação ou a reprodução animal.

Importância

Etologia aplicada à alimentação

Um bom fazendeiro sabe que não é importante apenas atender às necessidades nutricionais da vaca leiteira. As características da espécie também devem ser levadas em consideração na alimentação.

Por exemplo, o consumo de pasto de uma ovelha ao meio-dia pode ser metade do que uma vaca consumiria no mesmo recinto.

O comportamento alimentar das espécies pode ser afetado pelos ritmos circadianos e por suas necessidades nutricionais. Os animais tendem a preferir grama alta em vez de grama baixa, pois fornece mais energia. Se a alimentação for oferecida a eles na manjedoura em vez de no campo, eles preferem ração inteira em vez de picada, novamente por razões de energia.

Pela manhã, os ruminantes consomem mais leguminosas, enquanto à tarde preferem gramíneas.

A idade do animal também pode influenciar seu comportamento no que se refere à alimentação. Por exemplo, foi demonstrado que bezerros sob lactação artificial, alimentados em grupos, comem melhor. Isso ocorre porque os animais ficam mais à vontade vendo e ouvindo seus companheiros mamarem.

Por fim, os fatores sociais dentro do rebanho também desempenham um papelA posição social determina se um animal será incomodado durante a alimentação ou se terá preferência no acesso à comida.

Aplicada à reprodução

Vários fatores afetam o comportamento reprodutivo de um animal, incluindo idade, raça, dieta ou estresse, sem mencionar a presença de outro macho ou fêmea mais dominante no rebanho. Sem dúvida, os efeitos mais significativos são vistos com a estimulação sensorial e com as mudanças nas condições ambientais.

A importância dos cinco sentidos

A atividade reprodutiva não é uma constante na vida de um animal, mas requer amadurecimento e estimulação. A maioria dos comportamentos durante esse período depende do estado hormonal e da percepção sensorial do ser vivo e seu desenvolvimento é afetado por vários fatores, a começar pelos mecanismos neuroendócrinos.

As respostas reprodutivas estão intimamente relacionadas ao cheiro. O sistema olfativo capta os feromônios produzidos pelo sexo oposto e ativa o instinto reprodutivo do animal.

Portanto, qualquer intervenção humana que altere a produção de feromônios – por exemplo, a aplicação de antibióticos que afetam a flora vaginal feminina – terá um efeito negativo na reprodução.

Já foi demonstrado que a exposição de fêmeas a estímulos auditivos e olfativos artificiais não gera a mesma resposta que estar na presença do macho.

A visão e a luz do dia também influenciam o comportamento reprodutivo. Alguns animais mostram preferência por longos períodos de luz do dia durante a estação quente, como o cavalo. Outras espécies apresentam maior atividade reprodutiva quando os dias são curtos, como as ovelhas e as cabras.

Por fim, a estimulação auditiva também é essencial. É importante em algumas espécies, como os porcos, nos quais foi observada uma resposta reprodutiva positiva a certos sons. Por outro lado, sabe-se que a estimulação auditiva desempenha um papel muito importante na manutenção do vínculo entre mãe e filho.

Reprodução e condições ambientais

A temperatura afeta o comportamento reprodutivo. Foi observado em vacas e ovelhas que a chegada de um período inesperado de frio reduz o inicio do cio. Outro exemplo disso é o caso do sexo masculino, para quem o calor do verão diminui a libido, devido à dificuldade para dissipar o calor corporal.

Por outro lado, é preciso considerar que a periodicidade dos acasalamentos depende das condições ambientais. Por exemplo, resultados curiosos foram vistos em ovelhas inglesas enviadas para a África do Sul: nem todas são capazes de mudar seu ritmo reprodutivo para o do hemisfério sul, ou pelo menos não imediatamente.

Reprodução e condições ambientais

O combate às doenças dos animais é cheio de nuances, mas todos sabem que a saúde inclui o bem-estar mental, físico e emocional. Por esse motivo, conhecer as necessidades etológicas de um animal ajuda a fornecer cuidados mais adequados e, assim, o aparecimento de algumas patologias pode ser reduzido.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.