Filariose em gatos: o que fazer?
Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda
A filariose em gatos não é tão comum, nem foi tão profundamente estudada, quanto a filariose em cães.
A razão para esta situação pode ser devido ao fato de que, em primeiro lugar, os gatos não são o principal hospedeiro do parasita e, em segundo lugar, esses animais geralmente não apresentam sintomas da infecção ou estes sintomas são confundidos com outros problemas respiratórios.
Diante de qualquer suspeita de que o seu gato tenha filariose, você deve procurar o veterinário com urgência. Esta infecção é uma zoonose, ou seja, ela pode ser transmitida aos seres humanos e a outros animais, como os cães.
Tipos de filariose
A filariose refere-se a um grupo de doenças, principalmente tropicais, causadas por nematoides – vermes arredondados – da família Filaroidea. Eles são transmitidas por mosquitos.
Nos países onde essas infecções são endêmicas, a doença pode se tornar crônica, o que resulta em um empobrecimento da população, se considerarmos que existem cerca de 40 milhões de seres humanos com algum tipo de filariose crônica.
Esses parasitas, quando adultos, medem entre 17 e 100 milímetros. Nos seus estágios larvais, são conhecidos como microfilárias e não passam dos 340 micrômetros, ou seja, 0,34 milímetros.
A filariose é classificada em diferentes espécies de acordo com a sua morfologia e o tipo de tecido infectado. Assim, é possível encontrar:
- Filariose linfática, que afeta os linfonodos. É causada pelas espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori.
- Filariose da cavidade serosa – membrana que recobre os órgãos – causada pelas filárias Mansonella pertans e Mansonella ozzardi.
- Filariose do tecido cutâneo, causada por Mansonella streptocerca e Dracunculus medinensis.
- Loa loa e Onchocerca volvulus são parasitas que infectam o tecido subcutâneo e a conjuntiva. A espécie Loa loa também é conhecida como verme do olho.
- Finalmente, a filariose em gatos, a filariose canina ou a dirofilariose é causada pelo verme Dirofilaria immitis e infecta as artérias pulmonares e o coração. Ao contrário dos outros tipos de filárias, as dirofilárias podem viver em zonas temperadas.
Dirofilária e o gato como hospedeiro
A filariose em gatos não é tão comum quanto em cães. A prevalência da infecção em felinos é de cerca de 5 a 20% em comparação aos cães da mesma região. De fato, em locais onde a doença é endêmica, geralmente não mais do que 10% dos animais são afetados.
Assim como nos cães, a dirofilariose se apresenta na forma de vermes na artéria pulmonar e no ventrículo direito do coração. Uma das diferenças que encontramos entre a filariose em felinos e caninos é que os gatos apresentam poucos vermes, entre um e dois (excepcionalmente, foram encontrados até 19 vermes).
Além disso, os parasitas amadurecem mais lentamente do que nos cães e vivem apenas dois anos dentro do corpo felino. Isso contrasta com a expectativa de vida – de cinco ou seis anos – do parasita que infecta os cães.
Por outro lado, os gatos não apresentam microfilárias – a forma larval da filária – porque o seu sistema imunológico é muito eficaz contra esses organismos. Sabe-se que 80% dos gatos que sofrem de dirofilariose não possuem microfilárias.
Sintomas da filariose em gatos
A maioria dos casos de dirofilariose em gatos é assintomática. A sintomatologia ou quadro clínico, quando apresentado, é muito semelhante ao dos cães:
- Ascite ou líquido no abdômen
- Edema vascular
- Falta de apetite
- Apatia
- Desidratação
- Arritmias
- Insuficiência cardíaca
- Síncopes
- Insuficiência respiratória ou dispneia
- Hemoglobinúria (urina escura)
A morte do animal costuma ser repentina e normalmente ocorre por uma parada cardiorrespiratória.
Isso pode ocorrer devido a várias razões, tais como trombos provocados pelo acúmulo de vermes mortos nas artérias. As lesões que aparecem nos pulmões ou no coração também podem levar ao fim da vida do animal.
Tratamento da filariose em gatos
Em primeiro lugar, não devemos administrar qualquer medicamento a um animal sem a prescrição prévia de um veterinário, sob nenhuma circunstância.
A filariose em gatos não pode ser tratada da mesma forma que nos cães. Os medicamentos utilizados na dirofilariose canina podem causar a morte do felino, pois são muito hepáticos e nefrotóxicos.
Geralmente, recomenda-se que os gatos sintomáticos façam repouso, juntamente com o uso de corticosteroides para aliviar os sintomas. Além disso, outros medicamentos também podem ser usados caso o gato apresente insuficiência cardíaca.
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