Gato-de-cabeça-chata: um felino selvagem fascinante

O gato-de-cabeça-chata é um felino considerado ressuscitado, pois sua espécie foi dada como extinta em meados da década de 1980 e foi redescoberta na década de 1990.
Gato-de-cabeça-chata: um felino selvagem fascinante

Última atualização: 27 julho, 2022

Entre os gatos selvagens mais desconhecidos está o gato-de-cabeça-chata, um pequeno carnívoro da península da Malásia, Bornéu e Sumatra. Como o próprio nome indica, sua cabeça é achatada, o que o diferencia dos demais felinos.

O gato-de-cabeça-chata também é conhecido como gato doninha, devido à sua semelhança com esses mustelídeos. Além disso, tem a mesma preferência de habitat, visto que geralmente é encontrado em florestas tropicais, áreas pantanosas, pântanos, lagos, riachos, florestas de turfeiras e matas ciliares.

O gato-de-cabeça-chata

Sem dúvida, a característica mais marcante desse animal é sua cabeça plana. A espécie possui um achatamento no crânio, o que faz com que seu perfil pareça mais nítido e cilíndrico do que o resto das espécies de felinos.

É um gato pequeno, com cerca de 30 a 50 centímetros e menos de três quilos de peso. Sua pelagem espessa é completamente castanho-avermelhada, embora tenha o ventre branco.

Os olhos são mais protuberantes e mais próximos do que nos gatos domésticos, quase grudados no nariz. Essa disposição proporciona ao animal uma melhor visão estereoscópica, ou seja, uma maior capacidade de integrar as imagens que vêm de ambos os olhos em uma única imagem tridimensional.

As mandíbulas são fortes e estreitas, também adaptadas à caça de presas aquáticas como peixes e sapos. Prova disso é o grande comprimento de seus caninos, cuja principal função é rasgar a carne.

Suas habilidades de pesca podem ser comparadas às de seu congênere selvagem, o gato-pescador, embora não seja incomum que inclua em sua dieta crustáceos, camundongos e pequenos pássaros.

O gato-de-cabeça-chata também compartilha outra característica com essa espécie: suas garras não são totalmente retráteis e ficam à vista o tempo todo. Suas pernas são adaptadas ao ambiente semiaquático com dedos palmados.

Como um bom felino, é um animal solitário, com hábitos principalmente noturnos.

Um gato-de-cabeça-chata na selva.

Uma espécie em extinção

Atualmente, o gato-de-cabeça-chata é classificado como espécie em perigo de extinção pela UICN. Suas populações estão em declínio contínuo e o número total de espécimes não chega a 3000 indivíduos. Além disso, em meados da década de 1980 a espécie foi considerada extinta, mas foi redescoberta uma década depois.

A principal causa de ameaça é a destruição de seu meio ambiente, já que mais de 70% de seu habitat original foi transformado em terras agrícolas, plantações e outros tipos de assentamentos humanos.

A poluição e o desmatamento degradaram e fragmentaram o ambiente do gato-de-cabeça-chata, confinando a espécie em pequenos redutos. A caça e a pesca predatória também influenciam a sobrevivência dessa espécie.

A importância de conservar pequenos carnívoros

O gato-de-cabeça-chata está listado no Apêndice I da CITES. Portanto, está totalmente protegido na maior parte de sua área de distribuição. A caça e o comércio dessa espécie são proibidos na Indonésia, na Malásia e na Tailândia.

Esse felino não é o único carnívoro em perigo, já que a caça descontrolada e a destruição do habitat deixam em uma situação delicada muitos carnívoros pequenos e grandes das selvas da Ásia.

Em 2011, foi realizado o primeiro Simpósio de Carnívoros de Bornéu-Malásia, que reuniu cerca de 200 pessoas para discutir e determinar as necessidades mais urgentes para a conservação dos carnívoros de Bornéu. Entre as medidas acordadas estão:

  • Melhorar a comunicação entre pesquisadores, conservacionistas e autoridades governamentais.
  • Uma compilação de censos de todos os carnívoros de Bornéu e seu padrão de distribuição atual por espécie.
  • O estabelecimento de áreas-chave para a proteção ou o manejo sustentável por espécie.
  • A identificação das necessidades de pesquisa e conservação mais urgentes, combinando todas as descobertas por espécie. Por exemplo, o impacto das plantações de palmeiras na troca genética de populações de gatos-de-cabeça-chata e outros carnívoros.
Gato-de-cabeça-chata bebendo água.

O planeta Terra ainda pode nos surpreender com a descoberta de novas espécies tão peculiares como o gato-de-cabeça-chata, mas se não frearmos os efeitos do desmatamento, da poluição ou da substituição dos ecossistemas pelo uso humano, é provável que as gerações futuras percam o oportunidade de conhecê-las.


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