Glaucoma em cavalos: causas, sintomas e tratamento
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
A visão dos equídeos é excelente e permite distinguir objetos próximos e distantes, tanto durante o dia quanto à noite. Não é por menos, já que são presas que, no ambiente natural, devem permanecer em constante alerta para sobreviver ao ataque de predadores. O glaucoma em cavalos é uma condição que, aos poucos, lhes tira a visão.
A maioria dos cavalos afetados por essa condição ocular tem mais de 15 anos – 65% dos pacientes – embora tenha sido detectada em animais entre 5 e 35 anos de idade, especialmente na raça appaloosa e american quarter. Se você quiser saber mais sobre o glaucoma em cavalos e como detectá-lo antes que seja tarde demais, continue lendo.
O que é o glaucoma em cavalos?
O termo “glaucoma” se refere a uma série de condições que sempre têm uma coisa em comum: aumento da pressão dentro do olho ou pressão intraocular (PIO). Devido à má drenagem de fluido do globo ocular (humor aquoso), o nervo óptico é gradualmente danificado até que a visão seja completamente perdida.
Em cavalos, imediatamente após a íris está o corpo ciliar, que produz o humor aquoso mencionado. Esse fluido fornece suporte metabólico para a parte posterior da córnea e mantém as estruturas internas do olho funcionais. Depois de realizar seu percurso, o humor aquoso é drenado do olho através do uveoescleral ou pelas rotas de saída iridocorneal.
O problema ocorre quando a drenagem do humor aquoso não é realizada corretamente e o fluido se acumula, seja por malformação congênita ou por evento extrínseco ao olho. De acordo com estudos profissionais, estes são os danos mais comuns em um quadro de glaucoma em cavalos:
- Hipercelularidade do nervo óptico (98% dos casos): é um aumento patológico do número de células desse tecido nervoso. Representa dano constante e grave, causado pelo aumento da pressão intraocular no cavalo (PIO).
- Atrofia retiniana (89%): esse evento resulta na perda de visão típica da doença.
- Vascularização da córnea (83%): os vasos sanguíneos se infiltram na córnea (que normalmente não os apresenta) e a visão do cavalo piora drasticamente.
A incidência de glaucoma em equinos é baixa, pois é estimada em 0,07% dos equídeos domésticos.
Tipos de glaucoma em cavalos
O glaucoma pode ser classificado de acordo com sua etiologia. Aqui estão as variantes dessa condição em equídeos.
Glaucoma primário
É uma condição hereditária que deriva de um mau funcionamento do sistema de drenagem do humor aquoso. Essa variante é muito rara em cavalos, pois esses animais possuem uma drenagem por vias convencionais e não convencionais simultaneamente. Sem entrar em terminologias complexas, basta saber que o glaucoma primário em equinos é menos comum do que em cães e humanos.
Glaucoma secundário
A maioria dos casos de glaucoma em cavalos é precedida por uma doença anterior no animal. Muitas condições estão associadas à uveíte equina recorrente (URE), uma condição na qual a úvea do olho do animal inflama de forma contínua e repetida ao longo do tempo. Outras causas podem ser as seguintes:
- Tumor intraocular.
- Perfurações da córnea.
- Luxação da lente intraocular.
Sintomas de glaucoma em cavalos
A maioria dos sintomas iniciais é muito difícil de registrar, tanto em cavalos quanto em outros animais. Por esse motivo, o glaucoma também é conhecido como a “doença silenciosa”, pois só se omeça a perceber que algo está errado quando o quadro já está muito avançado.
Os primeiros sinais são os seguintes: pupilas ligeiramente dilatadas, vermelhidão dos olhos e alongamento do globo ocular. Após esses sintomas iniciais, estabelecem-se os mais graves. Dentre eles, destacamos os seguintes:
- Uma pupila muito dilatada, completamente imóvel ou muito lenta.
- Vermelhidão muito perceptível na parte branca do olho do animal (esclera).
- Inchaço e descoloração da córnea. Em termos coloquiais, parece que uma lente opaca foi colocada no olho afetado do cavalo.
- Um globo ocular mais firme do que o normal.
Diagnóstico
Conforme indicam estudos, o diagnóstico de glaucoma em cavalos é feito com base nos sintomas descritos pelo tutor e na medida da pressão intraocular (PIO) do paciente. A PIO normal em equinos varia dependendo do instrumento usado e do contexto, mas geralmente varia entre 17 e 28 mmHg. Essa medição é realizada com tonômetros especiais.
A pressão intraocular média em cavalos com glaucoma é de quase 40 mmHg. Uma vez que a condição tenha sido detectada, um exame profundo de ambos os olhos do equídeo deve ser realizado para identificar a possível causa da má drenagem dentro do olho afetado.
Tratamento do glaucoma em cavalos
O tratamento dessa condição geralmente requer uma abordagem farmacológica e cirúrgica. Tudo depende dos seguintes parâmetros:
- Presença ou ausência de visão.
- Se há uma doença concomitante, além do glaucoma.
- Idade e estado geral do cavalo.
- Fatores econômicos do tutor.
- A facilidade de estabelecer o tratamento.
Infelizmente, a maioria dos cavalos com glaucoma vai à clínica quando o olho já está gravemente danificado, especialmente se a causa for uveíte equina recorrente. Nesses casos, a resposta à terapia é geralmente muito baixa e não se espera que o animal recupere a visão perdida, mas sua piora pode ser evitada.
No que diz respeito aos medicamentos, o maleato de timolol e a dorzolamida costumam ser prescritos topicamente em conjunto. Esses fármacos diminuem a produção de humor aquoso e promovem a drenagem do excesso de fluido do olho. Se isso não funcionar, é possível recorrer a processos de filtragem e diversos tipos de cirurgias oculares.
Como você deve ter visto, o glaucoma em cavalos é uma condição muito rara e difícil de detectar na grande maioria dos casos. Não é possível recuperar a visão que o animal perdeu, mas felizmente pode-se evitar que ele fique totalmente cego.
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