Kakapo: ave do ano de 2020 na Nova Zelândia

O kakapo é um animal endêmico da Nova Zelândia que está seriamente ameaçado. Até o momento, sabe-se que existem 213 espécimes vivos na natureza.

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Durante o último trimestre de 2020, a mídia divulgou a seguinte notícia: o kakapo (Strigops habroptilus) venceu a competição anual de ave do ano realizada anualmente na Nova Zelândia.

Embora possa parecer um tanto pontual, essa ave guarda muitos segredos que merecem ser divulgados ao público geral. Além disso, eventos como este promovem uma maior conscientização global sobre o vasto número de belas e curiosas espécies que compartilham o planeta conosco. Se você quiser saber mais sobre esse fascinante animal, continue lendo.

O kakapo: a ave de 2020

A organização Bird of the year promove a votação da ave do ano na Nova Zelândia desde 2005, usando um procedimento de contagem de votos semelhante ao de uma eleição formal.

Esse portal disponibiliza ao público uma votação aberta em que os habitantes podem escolher até cinco aves preferidas, sempre em uma ordem específica. Depois disso, uma série de rodadas eliminatórias são realizadas por grupos até que, finalmente, a ave do ano seja eleita por voto popular.

O kakapo saiu vitorioso em 2020, embora não tenha sido seu único triunfo. Esse curioso animal também conquistou o primeiro lugar em 2008, já que sua aparência amigável e sua silhueta rechonchuda encantam até para os mais céticos.

Algumas curiosidades sobre o kakapo

Além de ser o vencedor dessa competição incomum, o kakapo tem muitas outras características marcantes. Entre elas, encontramos o seguinte:

• O kakapo é o único representante de seu gênero (Strigops), por isso é considerado geneticamente distante de outras aves atuais.
• Esses animais são grandes e atarracados, pois atingem 60 centímetros de altura e chegam a pesar 4 quilos. Naturalmente, essas proporções não permitem o voo. Suas asas servem apenas como elementos de equilíbrio e suporte.
• Os kakapos têm um olfato incomum, uma adaptação que está em sintonia com seu estilo de vida noturno.
• Por mais estranho que possa parecer, pessoas que já estiveram em contato com os kakapos atestam que eles cheiram bem. Esses animais emitem um odor floral de mel, que pode corresponder a certos sinais químicos de funções desconhecidas.

Os kakapos são seres muito especiais e delicados, pois se reproduzem a cada 2-4 anos, ocupam apenas uma área muito pequena da Nova Zelândia, os filhotes podem morrer facilmente e não possuem mecanismos antipredatórios eficazes. Todos esses fatores contribuem para que essa espécie esteja em perigo crítico de extinção.

Na beira do abismo

Em junho de 2020, foi registrado um total de 213 kakapos vivos. Todos eles carregam radiotransmissores e são monitorados regularmente, já que as autoridades da Nova Zelândia e conservacionistas do mundo todo não querem correr o risco de perder essa espécie para sempre.

E parece que os esforços de conservação do kakapo estão dando frutos. Por exemplo, estima-se que desde 1990 a população selvagem aumentou em um total de 50 indivíduos, um número astronômico considerando o número total de espécimes.

Os kakapos carecem de estratégias antipredatórias porque simplesmente não precisam delas em seu ambiente natural. O ser humano foi a causa do declínio de indivíduos dessa ave, pois foi a colonização do seu meio que quase provocou o seu desaparecimento. Nossa espécie traz consigo roedores, gatos e muitas outras espécies domésticas que podem dizimar populações naturais.

Cuidado e persistência

Embora os esforços de preservação do kakapo estejam dando frutos, não se pode relaxar. Seu número populacional é tão baixo que qualquer desastre natural ou doença poderia apagar essa espécie do mapa para sempre, então é necessário ter otimismo e cautela ao mesmo tempo.

Esperamos que o primeiro lugar nessa competição única coloque o kakapo no radar de mais instituições públicas, organizações sem fins lucrativos e seus participantes. Qualquer ajuda ou doação promove a criação de programas de conservação, sem os quais seria impossível manter essas espécies vivas.