Mabeco: o cão-selvagem-africano ameaçado de extinção
Também conhecido como “cão-caçador-africano”, o mabeco é o único representante vivo de seu gênero. Esse predador não é uma das espécies africanas mais conhecidas. Ele compartilha certas características com as hienas e os lobos. Seu modo de vida, no entanto, apresenta várias peculiaridades.
Origem do mabeco
A primeira descrição científica do mabeco é atribuída ao zoólogo Coenraad Jacob Temminck. Apesar disso, ele identificou o espécime erroneamente como uma raça de hiena. Em 1827, o biólogo Joshua Brookes deu ao animal o nome de Lycaon tricolor. Além disso, ele reconheceu o mabeco como um canídeo.
Esse nome curioso vem do grego lykaios, que significa “parecido com um lobo”. Ainda não há estudos conclusivos que investiguem a taxonomia nem a evolução dessa espécie. O cão selvagem africano se localiza principalmente na África Subsaariana.
Características e comportamento
Para os cientistas, o primeiro indício de que essa era uma espécie diferente foi a presença de quatro dedos nas patas. Isso porque os cães geralmente têm cinco dedos. Além disso, o padrão de cores de sua pelagem é único e exclusivo dessa espécie.
O mabeco pesa entre 17 e 35 quilos e tem uma expectativa de vida de cerca de 11 anos. Ele vive em grupos compostos por entre 6 e 20 cães. Além disso, esses grupos são liderados por um casal monogânico reprodutor. A criação dos filhotes fica a cargo de todos os membros do grupo.
Uma das características essenciais dessa raça é a sua grande lealdade e solidariedade em relação à sua alcateia. Além de praticarem uma educação comunitária, eles dividem a caça e cuidam dos membros doentes e idosos. O dia a dia dessa espécie é repleto de uma série de interações sociais. Por conta delas, o grupo tende a se manter coeso.
Quanto aos hábitos de caça, podemos dizer que a presa favorita do mabeco é o antílope. Eles os caçam em grupos grandes de até 2o membros.
Também foram documentados casos de ataques a gnus. Apesar disso, os mabecos preferem os filhotes dessa espécie. O mabeco também pode se alimentar de aves e pequenos roedores como uma opção secundária.
Uma espécie em perigo de extinção
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) cataloga o mabeco como uma espécie em extinção. Por isso, a espécie foi incluída na “Lista Vermelha” em 1994.
Originalmente, o mabeco estava distribuído pela África subsaariana, desde o deserto até as montanhas. Hoje em dia, a espécie desapareceu completamente do norte e do oeste da África. Por isso, ficou confinada no nordeste e no sul.
Hoje, podemos encontrá-los em Botsuana, Zimbábue, Namíbia, Zâmbia, Tanzânia e Moçambique. A principal consequência dessa redução drástica da população foi a modificação de seus hábitos de caça.
A perda de seu habitat e a mudança de seus hábitos de caça fizeram com que o mabeco tivesse que perseguir presas maiores. Por isso, aumentou também o número de membros que partem para a caçada. Algumas vezes, eles atacam o gado. Por isso, ganharam uma má reputação entre os nativos das áreas.
O Programa de Conservação da Chita e do Mabeco, criado pela IUCN, busca uma colaboração africana intergovernamental. Assim, o programa pretende promover a recuperação de ambas as espécies. Dada a dispersão populacional, esse programa procura implementar estratégias coordenadas de conservação. Assim, espera-se contemplar as espécies no norte, sul e leste da África.
Ameaça por todos os lados
Infelizmente, o mabeco não corre o risco de desaparecer apenas pela dispersão e escassez de sua população. Houve um desaparecimento da espécie na área de Serengeti-Mara, em 1991. Isso ocorreu devido a um surto de raiva que nenhum grupo conseguiu se recuperar. A cinomose canina também dizimou, pelo menos, um grupo inteiro em Botswana.
O principal problema ao lidar com as doenças dessa espécie é o aumento da população de cães domésticos. Especialmente, quando esse aumento ocorre em áreas próximas ao seu habitat. Eles representam um perigo mortal para o mabeco. Por isso, estratégias de vacinação estão sendo estudadas.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.