Millennials e animais de estimação: uma relação atípica

O certo é que entre essas novas gerações existe uma certa tendência a confundir o que seria uma futura paternidade com os cuidados exigidos por um animal doméstico.
Millennials e animais de estimação: uma relação atípica

Última atualização: 28 maio, 2018

O interesse dos millennials por seus animais de estimação está começando a chegar a limites inimagináveis. De onde vem esse furor repentino por ter animais domésticos? O que une millennials e animais de estimação?

Os millennials, “pais” de seus animais

Pode ser que você se lembre de algum filme sobre adolescentes americanos nos quais se ensinava crianças a cuidar de um saco de farinha durante uma semana. O objetivo principal era ensiná-los quanto custa tomar as decisões corretas quando se é pai e manter com vida seu filho, ainda que em forma de um saco de farinha chamado Tod.

Aparentemente, os millennials estão substituindo esse objeto inanimado por seus animais. De acordo com um estudo da agência Gale, 44% vê em seus cães e gatos uma maneira de saber se estão preparados para uma futura paternidade. Na maioria dos casos, isso também se traduz na atitude adotada diante dos animais.

Cada vez é mais comum escutar pela rua frases atípicas dirigidas a animais: pequenos diálogos carinhosos como “muito bem, assim eu gosto”, ou reprovações como “já não te disse mil vezes para não fazer isso?”. Essas frases geralmente são normais entre mães e filhos, mas as ouvimos com jovens que andam com seu cão.

Casal com border collie

O mercado soube tirar proveito desta tendência paternalista e já respondeu com milhares de brinquedos, prêmios, acessórios e residências que geram uma grande quantidade de benefícios por ano. Os animais de estimação agora se formam em cursos de adestramento (com o grau correspondente) e usam roupas no Natal ou até em seus aniversários.

Consequências dessa nova relação

O fato de que agora a atenção dos millennials se concentre muito mais em seus animais de estimação não é algo que acontece em só um país, e tem muito mais a ver com a situação econômica financeira difícil em que vivemos do que você pensa.

De acordo com o jornal americano The Washington Post, houve uma queda gradual entre os jovens que decidem comprar uma casa, um carro ou ter filhos. No entanto, o número de millennials que adquire um animal de estimação não para de aumentar.

As condições econômicas difíceis que os jovens enfrentam atualmente são parcialmente responsáveis por essa mudança. Viajam, mudam de trabalho muito mais que as gerações anteriores e preferem ter menos responsabilidades a longo prazo, especialmente devido à incerteza que governa suas vidas.

O fato de preferirem ter um cão ou um gato em casa não é a única consequência dessa nova tendência. Os millennials e seus animais de estimação também atuam para que a sociedade leve mais em conta os direitos dos animais, e isso se reflete até na política.

Moça com cachorro

Na Espanha, o Partido Animalista, conhecido como PACMA, não para de crescer. Mesmo sem ter ainda representação nas instituições, nas eleições passadas obteve 286.702 votos, e acredita-se que esse número continuará aumentando.

O aumento de eleitores do PACMA em toda a Espanha ainda não resultou em nenhum cargo, mas seu futuro é otimista.

Os millennials esbanjam com seus animais

Nos Estados Unidos, a indústria de produtos para animais de estimação é responsável por lucros de 63 bilhões de dólares.

Paralelamente, 76% dos millennials do país admite que “esbanja” quando compra para seu animal, gastando até mais com ele do que consigo mesmo.

Mesmo que isso se traduza em ganâncias econômicas que repercutem positivamente na indústria, também devemos ter em conta que um animal não é uma criança. Ele não entende os elogios e as reprovações (e provavelmente os ignore) e, é claro, não podem substituir o carinho de outra pessoa.


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