O que é pecuária extensiva?
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
É impossível entender a história da humanidade sem a pecuária extensiva. Por milhares de anos fomos caçadores, até que começamos a nos instalar em áreas fixas e a domesticar animais.
Embora a pecuária intensiva tenha ganhado destaque nos últimos anos, a história da humanidade é caracterizada pela pecuária extensiva, um modelo de produção diferente.
O que entendemos por pecuária extensiva?
Este modelo de produção animal procura explorar eficientemente os recursos naturais do território.
Mas nessa eficiência busca a harmonia e o uso do território com o menor impacto possível, em vez de buscar apenas maximizar os lucros da produção.
A pecuária extensiva é feita principalmente por pastagem, realizada por raças autóctones adaptadas ao território em que é praticada. Estas raças não foram selecionadas para produzir muito leite ou carne, porque a sua seleção é natural.
Por que o gado extensivo é importante?
A pecuária extensiva usa ambientes naturais, como pradarias, para alimentar o gado. Esse uso modifica a natureza geradora de agroecossistemas, e o ambiente acaba se adaptando a esse tipo de pecuária.
Assim, temos numerosos ecossistemas que foram modificados por milhares de anos e dos quais o gado agora faz parte.
Um exemplo claro é o dehesa, em que o porco ibérico e as raças bovinas, como a morucha, convivem com espécies selvagens ameaçadas, como o lince ibérico. Além disso, o gado extensivo ajuda a prevenir incêndios florestais consideravelmente.
Por fim, o bem-estar destes animais é muito maior do que aqueles que vivem em estábulos ou espaços confinados.
Porque, apesar de abrigos ou salas de ordenha poderem ser usadas, eles vivem em liberdade e podem viajar quilômetros, sem abrir mão de comportamentos naturais.
Qual a diferença do gado intensivo?
A pecuária extensiva se opõe à intensiva, que busca maior rentabilidade da exploração animal. Mas a modalidade intensiva põe em perigo os ecossistemas e o bem-estar dos animais que são criados neste modelo de produção.
O gasto energético e a poluição gerada pela pecuária intensiva é enorme, já que é preciso muito território para abrigar esses animais e sua alimentação.
A alimentação da pecuária industrial requer enormes monoculturas de soja e cereais, que muitas vezes causam desmatamento, e onde dificilmente vivem outros animais.
Os animais de pecuária intensiva muitas vezes sofrem com mais problemas de comportamento e de doenças associadas ao cativeiro. Embora haja alguns programas de enriquecimento ambiental para evitar isso, sabe-se que a pecuária industrial compromete consideravelmente o bem-estar animal.
E por que não usamos somente a pecuária extensiva?
Embora as vantagens da pecuária extensiva pareçam claras, a verdade é que ela tem menor produtividade e não se ajusta à demanda do mercado.
Seria impossível para todo o planeta consumir grandes quantidades de carne apenas por meio da modalidade extensiva.
Além disso, o gado criado de forma extensiva resulta numa carne mais cara. Isso porque a produção não é centralizada, nem é dominada por grandes empresas, aliadas a grandes transportadoras e supermercados.
É por isso que, embora seja mais respeitoso com os animais e o meio ambiente do que a pecuária industrial, está cada vez mais difícil criar o gado de maneira extensiva.
Isso fez com que os produtores de pecuária extensiva se adaptassem ao mercado e às cidades: devem vender produtos baratos para compensar o fato de produzirem pouco.
Já que para eles custa muito mais para produzir, ganham muito menos do que deveriam, já que se adaptar à produção barata intensiva reduz os preços, às custas do bem-estar dos animais.
Os lobos e o gado extensivo
Além disso, esse baixo poder aquisitivo significa que às vezes não conseguem lidar com a presença de predadores.
Eles não atacam os animais de pecuária industrial, pois estes passam a vida toda em espaços confinados e protegidos por muros. Em contraste, os animais que pastam livremente nem sempre são protegidos e podem ser atacados.
É por isso que é o gado extensivo que representa o problema entre os agricultores e o lobo ibérico: apoiar o gado extensivo é provavelmente melhor do que caçar o lobo e demonizar os agricultores.
Se esses agricultores venderem seus produtos, eles terão dinheiro para enfrentar o lobo por meio de medidas preventivas, como empregando cães de pastoreio, como o mastim.
Embora sejam os agricultores que explorem o território, eles ainda estão a serviço do consumidor. Assim, todos nós somos responsáveis pelo bem-estar dos animais selvagens, dos animais domésticos e dos ecossistemas. Comer menos carne e comprar apenas de produtores que utilizam a pecuária extensiva é uma forma de cuidar da natureza.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.