Ondas de calor marinhas: o que são e por que estão aumentando
Escrito e verificado por a bióloga Georgelin Espinoza Medina
As alterações climáticas e o aquecimento global continuam a causar estragos no planeta, não só nos ecossistemas terrestres, mas também nos aquáticos. Durante os últimos anos, o aumento da temperatura dos oceanos gerou fenômenos como as ondas de calor marinhas, com graves impactos na vida e no seu ambiente, como a migração de espécies e a multiplicação de algas nocivas.
Você quer saber mais? As ondas de calor não ocorrem apenas em terra, mas também nos oceanos. A seguir trazemos tudo relacionado a esse tema: suas causas e consequências, além de outros detalhes importantes. Vamos ver!
O que são ondas de calor marinhas?
Um fenômeno extremo de aumento da temperatura nos oceanos é conhecido como ondas de calor marinhas. Trata-se de um aumento que supera o recorde histórico de temperatura durante pelo menos 5 dias consecutivos, segundo um trabalho publicado pela Universidade de Cádiz.
No entanto, esse período pode durar algumas semanas ou até meses. Esse evento oceanográfico está aumentando devido às mudanças climáticas e ao aquecimento global.
Geralmente, para estudar essas ondas de calor, utiliza-se como referência a temperatura da superfície do mar. Essa medição tem sido realizada espacialmente, através de sensores de satélite, desde o início da década de 1980.
Atualmente, esse fenômeno ocorre com maior frequência, intensidade e duração do que em épocas anteriores. Isso mantém os especialistas consternados, uma vez que as consequências não são apenas imediatas, mas também a longo prazo.
Essas ondas podem ser categorizadas dependendo de sua intensidade em 4 graus diferentes:
- I: é moderado.
- II: é um evento forte.
- III: é grave.
- IV: em caso extremo.
Além disso, a categorização pode ser completada com a velocidade inicial – seja menor ou maior – e a duração.
Um novo paradigma
Como a maioria dos estudos utiliza pontos de referência do passado (no início da era dos satélites) para analisar eventos recentes, alguns pesquisadores propõem mudar o paradigma usando dados mais atuais. Isso é detalhado em uma publicação na Frontiers in Marine Science .
O próprio estudo analisa as ondas de calor no Mar Mediterrâneo comparando dois cenários. Num deles, utiliza-se um período de 20 anos – entre 1982 e 2001 – como valor de referência fixo, enquanto no outro são utilizadas as duas décadas anteriores ao ano do inquérito.
Os pesquisadores defendem que é melhor usar como referência indicadores móveis ou transitórios (dependendo do ano de estudo) e não valores fixos do passado. Isso se deve ao fato de novos recordes de temperatura serem estabelecidos ao longo dos anos. Dessa forma, visam obter dados mais precisos.
Caso a proposta não seja cumprida, as previsões para as próximas décadas apontam para estados permanentes de ondas de calor marinhas, que – embora expressem com precisão as alterações climáticas do planeta – não são úteis para identificar eventos extremos. No entanto, espera-se que mais pesquisas esclareçam essas nuances.
Causas
Em geral, todos os aspectos que envolvem esses fenômenos ainda são desconhecidos. Contudo, é claro que as causas são variáveis e envolvem elementos oceanográficos e climatológicos, ou uma combinação deles.
Por um lado, as mudanças na força e na direção das correntes oceânicas podem fazer com que as águas quentes se desloquem para outros locais, mesmo aqueles que antes não conseguiam alcançar. Também influenciam os sistemas de alta pressão, que impedem a mobilização de água. Isso mantém camadas quentes na superfície.
Por outro lado, as alterações climáticas são as principais responsáveis pelo aumento da frequência desses eventos, graças ao aumento das temperaturas médias da superfície dos oceanos do mundo.
Sem dúvida, os oceanos absorvem quase todo o calor adicional encontrado na atmosfera e esse aumento nas temperaturas pode causar maior suscetibilidade à ocorrência de ondas de calor marinhas.
Quais são as consequências das ondas de calor marinhas?
As ondas de calor marinhas têm um impacto negativo nos ecossistemas oceânicos, com especial impacto nos seres vivos. As consequências relacionadas a elas são as seguintes:
- Mortalidade massiva e abrupta de espécies: entre as espécies afetadas temos corais, pradarias de algas marinhas, manguezais e muitas outras.
- Mudanças na composição do fitoplâncton: constitui a base alimentar dos ecossistemas marinhos.
- Proliferação de doenças: em particular aquelas geradas pelo estresse causado por mudanças extremas de temperatura. Assim, por exemplo, foram registados surtos infecciosos em estrelas-do-mar e ouriços-do-mar. Também branqueamento e necrose tecidual em milhões de esponjas de zonas temperadas, associadas ao estresse térmico.
- Proliferações de algas nocivas: causam a morte de espécimes marinhos.
- Mudanças na dispersão das espécies marinhas: algumas podem fazer migrações ou movimentos incomuns, fora da sua distribuição normal. Da mesma forma, em alguns casos o seu habitat é reduzido, enquanto em outros se expande.
- Problemas nas pescas: produz um impacto negativo na economia.
Expectativas para o futuro
As previsões não são encorajadoras, detalhando uma tendência crescente na frequência, duração e intensidade das ondas de calor oceânicas em geral. No entanto, os cientistas estão empenhados em prevenir esse tipo de eventos extremos. Isso para traduzir os possíveis impactos e tomar decisões mais acertadas em favor do ecossistema.
As ondas de calor marinhas não são um mito nem um jogo, e sim um fenômeno real que está causando estragos na vida tal como a conhecemos hoje. São necessários esforços globais que incluam entidades governamentais para marcar pontos contra esse inimigo e, assim, proteger o que temos de mais valioso: o nosso mundo e a sua biodiversidade.
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