Parafimose em cães: características, causas e tratamento
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
A parafimose em cães é uma condição pouco conhecida pelos tutores. Sexo e reprodução costumam ser tabus em muitas culturas e não seria diferente com os animais de estimação. Portanto, há muito pouco conhecimento geral sobre o sistema reprodutor canino, o funcionamento do pênis dos machos e as possíveis patologias que podem ocorrer nesse órgão.
Com a etimologia do próprio termo, já podemos ter uma ideia do que se trata. Para significa “ao lado” ou “ao lado de”, enquanto phimosis se refere a uma constrição no orifício do prepúcio. Se você quiser saber mais sobre essa condição, continue a leitura.
O que é a parafimose em cães?
O sistema reprodutor masculino em cães constitui-se de testículos, epidídimo, ducto deferente, pênis, prepúcio e glândulas acessórias. Por sua vez, o pênis se divide em raiz, corpo e porção distal ou glande, e possui 4 pares de músculos extrínsecos: retratores, isquiocavernosos, bulboesponjosos e isquiouretrais.
Ao observar o aparelho genital dos cães, o que se manifesta externamente é o prepúcio, ou seja, a pele e o restante dos tecidos que circundam e protegem o pênis não ereto. O próprio pênis é revestido por uma membrana mucosa umedecida dentro da cavidade prepucial, portanto, sua aparência é viscosa e rosada quando exibida em momentos de excitação.
Na parafimose, o cão tem problemas para “guardar” de volta o pênis de volta na cavidade prepucial após uma ereção. Conforme indica o site MSD Veterinary Manuals, isso se deve ao fato de a pele da abertura do prepúcio se inverter, o que aprisiona o pênis em sua versão ereta e impede a correta drenagem sanguínea do órgão.
Nessa patologia, o cão não consegue “guardar” de volta seu pênis na cavidade prepucial.
Causas da parafimose em cães
A parafimose pode ser congênita ou adquirida. Com essa ideia em mente, apresentamos de forma breve algumas das possíveis causas da doença.
Características da raça
Às vezes, a parafimose surge como consequência de uma característica normal do cão. Em alguns cães de pequeno porte, a pele fina do prepúcio e sua natureza flácida podem promover a doença ao longo do tempo, conforme indicado por especialistas.
Anomalias herdadas
De acordo com documentos profissionais, os pastores-alemães e os golden retrievers podem herdar uma condição que promove a parafimose. Parece que existe uma certa predisposição para apresentar uma abertura prepucial muito estreita ou uma cavidade de prepúcio muito curta, o que favorece que o pênis ereto fique preso para fora.
Pelos cacheados
Curiosamente, às vezes, alguns fios longos podem ficar presos entre a glande e o prepúcio durante uma ereção. Nesses quadros, o pelo forma um anel que prende o pênis, estrangulando-o e impedindo que o sangue circule corretamente. Como consequência, impede que o órgão seja retraído após a estimulação sexual.
Outras causas
Além dos gatilhos listados acima, existem muitos outros. Confira brevemente alguns dos restantes:
- Lesões durante o coito: lesões locais no pênis podem causar deformações físicas e inflamação. Por isso, o órgão não apresenta mais o mesmo tamanho inicial e não consegue ser retraído corretamente.
- Hematomas penianos: fraturas no meio vascular do pênis também são possíveis. Nesses casos, forma-se um hematoma ou uma contusão que inflama o órgão.
- Balanopostite crônica: uma inflamação na glande ou na pele do prepúcio, geralmente devido a causas infecciosas e uma higiene deficiente.
- Priapismo: uma ereção persistente no pênis, apesar de não serem detectados fatores que a promovem. Pode ter várias causas.
Poderíamos continuar citando outras causas dessa condição, pois alguns tipos de câncer, estenoses, hipoplasias e outras patologias também a desencadeiam. De qualquer modo, deve-se observar que até 30% dos casos de parafimose em cães são idiopáticos, ou seja, a causa subjacente nunca é encontrada.
Sintomas de parafimose em cães
Como você pode imaginar, o sintoma mais óbvio em todos os casos é que o pênis do cão não pode retornar ao seu estado natural retraído. Esse órgão se mostrará inicialmente como um “lápis” rosa, que vai ficando mais inflamado e vermelho com o tempo. A mucosa do pênis fica eritematosa, seca e causa muita dor ao cão.
No início, o cão só pode lamber excessivamente a seção genital, para aliviar a irritação e o desconforto. De qualquer modo, se a condição não for tratada, ocorre uma trombose vascular no pênis, que provoca uma necrose no tecido e a perda de sua funcionalidade. Nesses casos extremos, o pênis fica preto, muito inchado e o cão perde a capacidade de urinar.
Se o quadro não for tratado prontamente, o cão pode até automutilar a área afetada.
Como a parafimose é diagnosticada?
Se não se resolver por conta própria em algumas horas, a parafimose em cães deve ser tratada por um veterinário. Na clínica, o diagnóstico é feito principalmente pela observação direta do pênis do animal.
No entanto, se houver suspeita de uma infecção ou câncer subjacente, exames adicionais podem ser necessários. Isso inclui a coleta de amostras de sangue, a coleta de amostras da mucosa genital e alguns exames de imagem específicos. Contudo, lembramos que até 1/3 dos cães com parafimose nunca apresentam uma causa identificável do evento.
Tratamento da parafimose
Se a condição for reconhecida precocemente, o tratamento é bastante simples. O objetivo principal é permitir que o pênis retorne à sua posição natural, o que pode ser conseguido com as seguintes abordagens:
- Limpeza e lubrificação do pênis, com ajuda de óleos e compostos inócuos para o animal. Se a condição não for grave, o profissional tentará reverter a pele dobrada do orifício prepucial, permitindo que o órgão volte à sua posição inicial.
- Se isso não for possível após a limpeza, pode-se recorrer à aplicação de soluções ou medicamentos tópicos que reduzem a inflamação.
- Remoção de qualquer corpo estranho que esteja causando constrições no pênis, como um pelo enrolado. Isso também inclui a remoção de tumores, se estiverem presentes.
- Se a condição for persistente ou grave, outras medidas podem ser tomadas. Entre elas, o alargamento cirúrgico do orifício do prepúcio e a extração completa do pênis se este tiver sofrido uma necrose grave.
Se a uretra e outras estruturas acessórias tiverem sido danificadas, pode ser necessária a inserção de um cateter temporário para prevenir a formação de estruturas que bloqueiam o fluxo de urina e outras complicações.
A parafimose canina é considerada uma emergência veterinária.
Prognóstico e cuidados especiais
Se a condição for detectada muito rapidamente, o prognóstico é positivo e o cão poderá continuar com sua vida normal. De qualquer modo, na maioria dos casos o aparelho genital não será mais útil no momento da cópula, então é possível que o cão fique “estéril” em termos funcionais.
Assim que a parafimose em cães for resolvida, o tutor será aconselhado a manter o cão afastado de qualquer estímulo sexual durante um tempo, pelo menos até que as estruturas afetadas cicatrizem completamente. Se as instruções do profissional forem seguidas, o mais provável é que toda essa situação não passe um susto.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Davidson, A. (2020). Paraphimosis in dogs and cats. MSD Veterinary Manuals. Recogido a 5 de julio en https://www.msdvetmanual.com/reproductive-system/reproductive-diseases-of-the-male-small-animal/paraphimosis-in-dogs-and-cats
- Somerville, M. E., & Anderson, S. M. (2001). Phallopexy for treatment of paraphimosis in the dog. Journal of the American Animal Hospital Association, 37(4), 397-400.
- Mallesh, P., Ravi, K., Venumadhav, N., & Reddy, N. V. K. (2017). Surgical management of paraphimosis in bullock: A case report. The Pharma Innovation, 6(7, Part E), 335.
- Kokila, S., Bharathidasan, M., Ganesan, A., Dharmaceelan, S., Ninu, A. R., & Vishnugurubaran, D. (2019). Post Coital Paraphimosis in a Chippiparai Dog. Indian Vet. J, 96(10), 56-57.
- de Souza, H. D. M., Franco, G. G., Corato, G. F., Neto, J. A. G., & de Oliveira, L. L. (2021). Recurrent Canine Paraphimosis: Modified Surgical Approach. Acta Scientiae Veterinariae, 49.
- Papazoglou, L. G., & Kazakos, G. M. (2002). Surgical conditions of the canine penis and prepuce. Compendium, 34(3), 204-218.
- Ritson, K., Bird, F., Stefanidis, G., & Brissot, H. (2022). The indications, complications and outcomes of dogs undergoing partial penile amputation: 10 cases (2014‐2021). Journal of Small Animal Practice.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.