Parasitismo: características, tipos e exemplos

Os parasitas podem ter mais de um hospedeiro. Alguns deles passam por até 3 ou 4 animais diferentes antes de encerrar seu ciclo de vida.
Parasitismo: características, tipos e exemplos
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Todos os seres vivos estão destinados a se relacionar entre si. No entanto, nem todas as interações são completamente saudáveis. Existem espécies que são especialistas em relações tóxicas, nas quais apenas uma das partes consegue o que procura e a outra (hospedeiro) termina danificada ou ferida. Essa relação é chamada de parasitismo.

Ao falar sobre parasitismo, podem vir à sua mente algum relacionamento anterior ou o nome de uma pessoa específica, mas no reino animal essa questão vai muito além de mal-entendidos e contratempos pessoais. Se você quiser saber mais sobre o parasitismo na natureza, continue lendo.

A simbiose e os relacionamentos

Quando falamos sobre seres vivos, devemos prestar atenção às relações que eles mantêm entre si. Nesse caso, se essa relação for tão próxima que ambas as partes precisem uma da outra, o evento é denominado ‘simbiose’. Infelizmente, o termo nos diz apenas que duas espécies são muito próximas, mas não nos fala mais nada sobre como é essa relação.

Visto de outra forma, chamaríamos de simbiose qualquer relacionamento que se tenha com uma pessoa específica. Nesse sentido, não importaria se é um amigo, se é seu namorado ou namorada, ou se vocês são inimigos: o que está em questão é ter algum tipo de relação com essa pessoa.

Por isso, ao falar sobre simbiose, precisamos ser mais específicos. Como nem tudo é equitativo nas relações, se faz necessária uma classificação que revele quem ganha ou quem perde na interação. Com base nessa premissa, a simbiose é classificada em quatro comportamentos básicos: comensalismo, amensalismo, parasitismo e mutualismo.

 

Um grupo de peixes-palhaço em uma anêmona.

O que é o parasitismo?

O parasitismo é a simbiose que se refere a uma relação desproporcional. Nessa interação, não são ambas as partes que se beneficiam, sendo que uma ganha e a outra perde.

Esse mecanismo biológico parece semelhante ao que pode acontecer em uma relação de namoro por conveniência. Enquanto um gosta das viagens, do dinheiro e dos presentes caros, o outro perde capacidade financeira, tempo e talvez até a dignidade. Uma parte se beneficia em detrimento da outra.

Na natureza, precisamos apenas modificar esse conceito. Mais especificamente, ‘dinheiro’ é substituído por ‘recursos’ ou, em outras palavras, alimento. Em todo caso, em alguns tipos de parasitismo o confronto também se dá indiretamente por espaço ou reprodução, entre outros recursos disponíveis na natureza.

Assim, nessa relação existem dois atores: o parasita e o hospedeiro. O parasita é quem retira os recursos ou alimentos. Enquanto isso, o hospedeiro é aquele que hospeda o parasita, ou seja, aquele que perde.

Dessa forma, o parasita vive às custas do hospedeiro. Além disso, algumas espécies de parasitas estão tão adaptadas a essa forma de vida que, se o hospedeiro se extinguir, elas também desaparecem.

Parasitas diferentes

Dentro dos parasitas também existem classes – classificações. Embora esses táxons pareçam semelhantes no nível comportamental, não são todos iguais nem agem da mesma maneira. Duas classificações diferentes são propostas, com base na localização do parasita no hospedeiro e no seu nível de dependência.

Com base na localização

Se o agente patógeno estiver fora do hospedeiro, ele é chamado de ‘ectoparasita’. Se estiver localizado no interior, é conhecido como ‘endoparasita’. Um endoparasita, por outro lado, pode viver dentro das células (intracelular) ou no interstício (extracelular).

Por exemplo, uma pulga que se alimenta do sangue de cães é um ectoparasita, porque está localizada fora do hospedeiro. Por outro lado, uma tênia ou Taenia solium é um endoparasita, pois está dentro do corpo humano, especificamente no lúmen do intestino.

A tênia é um endoparasita
A tênia é um endoparasita intestinal.

Com base no nível de dependência

Quando o parasita tem a opção de se alimentar por conta própria, independentemente do hospedeiro, ele é chamado de ‘facultativo’. Em outras palavras, é independente, mas se precisar, pode conseguir um hospedeiro. No entanto, se não encontrar, conseguirá sobreviver por conta própria sem problemas.

Por exemplo, o nematoide Strongyloides stercoralis, pode viver na natureza em terra, no entanto, também é capaz de infectar humanos. Ele se instala no intestino delgado do hospedeiro e causa uma doença chamada ‘estrongiloidíase’.

Se, por outro lado, o patógeno não consegue viver sem um hospedeiro, ele é chamado de ‘obrigatório’. Essa classificação se refere ao fato de que o parasita existe se e somente se o hospedeiro também estiver presente. Visto de outra forma, ele não é capaz de ser independente.

Esse é o caso do protozoário Cryptosporidium hominis, um parasita intestinal humano. A infecção ocorre por meio de alimentos infectados, que estão repletos de cistos do parasita à espera de serem ingeridos.

Por fim, se por algum motivo o parasita infectar uma nova espécie que não era seu hospedeiro no início, é chamado de ‘acidental’. Como o próprio nome indica, essa interação ocorre por engano, embora possa posteriormente se transformar em um comportamento fixo da espécie.

Um exemplo disso é a mosca Eristalis tenax, que causa miíase no ser humano, uma infecção por larvas de mosca na pele. Esse é um tipo de parasitismo acidental porque as larvas não precisam do hospedeiro, mas o infectam quando, por engano, caem em feridas abertas.

 

Uma mosca que causa miíase.

Parasitismo e parasitoide

Existe uma crença incorreta de que os parasitas podem matar seu hospedeiro. No entanto, isso nem sempre acontece, pelo menos nos casos em que o hospedeiro tem um sistema imunológico normal. Basta pensar um pouco: você não queimaria sua própria casa, certo?

O parasitismo só é bem-sucedido se o hospedeiro também sobreviver, porque, caso contrário, ambos estariam destinados a desaparecer. Por causa disso, um parasita formal nunca mata seu hospedeiro.

As espécies que matam seu hospedeiro são conhecidas como ‘parasitoides’. Como não precisam do seu hospedeiro, elas o matam na primeira oportunidade. Alguns exemplos de parasitoides são os seguintes:

  • Inseto Psyllaephagus bliteus: esse invertebrado injeta seus ovos no abdômen de um psilídeo, onde estes crescem e se desenvolvem comendo os órgãos do hospedeiro. Depois de devorarem sua vítima, eles chegam ao exterior.
  • Inseto Cephalonomia stephanoderis: a espécie injeta seus ovos em coleópteros e, da mesma forma, estes comem todos os órgãos e carne do hospedeiro para sair.
  • Fungo Cordyceps: também conhecido como fungo parasita, afeta vários insetos, pois os transforma em zumbis enquanto os consome por dentro.

 

O parasitismo pode se manifestar de muitas maneiras.

Os parasitas podem ser encontrados em quase qualquer lugar, até mesmo dentro do corpo humano. Mantenha bons hábitos de higiene e tome cuidado ao comer na rua, a menos que queira ter um encontro próximo com eles.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Aristizábal, L. F., Bustillo, A. E., Orozco, J., & Chaves, B. (1998). Efecto del parasitoide Cephalonomia stephanoderis (Hymenoptera: Bethylidae) sobre las poblaciones de Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae) durante y después de la cosechaEffect of the parasitoid Cephalonomia stephanoderis (Hymenoptera: Bethylidae) en Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolitidae) durante y después de la cosecha. Revista Colombiana de Entomología (Colombia) v. 24 (3-4) p. 149-155.
  • Berta, C. D., Virla, E., Colomo, M. V., & Valverde, L. (2000). Efecto en el parasitoide Campoletis grioti de un insecticida usado para el control de Spodoptera frugiperda y aportes a la bionomía del parasitoide. Manejo Integrado de Plagas (CATIE)(no. 57) p. 65-70.
  • García, H. H., Gonzalez, A. E., Evans, C. A., Gilman, R. H., & Cysticercosis Working Group in Peru. (2003). Taenia solium cysticercosis. The lancet362(9383), 547-556.
  • Berenguer, J. G. (2007). Manual de Parasitología. Morfología y biología de los parásitos de interés sanitario (Vol. 31). Edicions Universitat Barcelona.
  • Ríos-Casanova, L. (2011). ¿QUÉ SON LOS PARASITOIDES?. Revista Ciencia62(2), 20-25.
  • Zygmunt, D. J., & Stratton, C. W. (1990). Strongyloides stercoralis. Infection Control & Hospital Epidemiology11(9), 495-497.
  • Dávila, P. G., & Fernández, N. R. (2017). El ciclo biológico de los coccidios intestinales y su aplicación clínica. Revista de la Facultad de Medicina UNAM60(6), 40-46.
  • Herd, R. P. (1990). The changing world of worms: The rise of the cyathostomes and the decline of Strongylus vulgaris. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, 12(5), 732-736.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.