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Peixe-trombeta: habitat e características

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O peixe-trombeta é um dos actinopterígios mais estranhos do mundo. Os machos ficam "grávidos" e nadam em posição vertical. Você quer saber mais sobre esse peixe?
Peixe-trombeta: habitat e características
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez

Última atualização: 21 dezembro, 2022

O termo “peixe-trombeta” faz referência a 3 espécies de peixes extremamente alongados que são muito semelhantes entre si, todos pertencentes à família Aulostomidae, por sua vez incluída na ordem dos Syngnathiformes. Embora não se pareçam muito, os peixes-trombeta compartilham um táxon superior com os cavalos-marinhos.

O próprio nome do gênero Aulostomus nos dá informações sobre as características desses peixes, já que aulos significa flauta em grego e tomus (estoma) se refere à sua boca. Se você quiser saber mais sobre esse grupo tão incomum de actinopterígios, continue a leitura com a gente.

Habitat dos peixes-trombeta

Em primeiro lugar, devemos enfatizar que o gênero Aulostomus compreende 3 espécies diferentes: Aulostomus chinensis, Aulostomus maculatus e Aulostomus strigosus. Vamos nos concentrar no peixe-trombeta mais comum de todos (Aulostomus maculatus), embora também daremos algumas pinceladas gerais sobre os seus parentes.

Como gênero, os peixes-trombeta são encontrados em várias águas tropicais em todo o globo, embora duas espécies estejam distribuídas por todo o Atlântico (Aulostomus maculatus e Aulostomus strigosus) e a outra habite o Indo-Pacífico (Aulostomus chinensis). Eles podem ser encontrados em áreas demersais dos recifes rochosos, perto de fundos e sedimentos.

Por sua vez, Aulostomus maculatus habita as águas tropicais salgadas do Oceano Atlântico ocidental, desde a Flórida até o Brasil, incluindo as ilhas do Caribe e o Golfo do México. Seu ecossistema preferido são águas pouco profundas de 2 a 25 metros de profundidade e áreas ricas em corais, principalmente aqueles com grande abundância de estruturas verticais.

 

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Características físicas

Todos os peixes da ordem dos Syngnathiformes se caracterizam por apresentar corpos alongados rodeados por anéis ósseos e bocas tubulares bem marcantes. O peixe-trombeta não é exceção a essa regra, portanto é conhecido por esse nome comum.

A espécie Aulostomus maculatus é bastante grande, podendo atingir 91 centímetros de comprimento na fase adulta, um pouco maior do que os seus parentes. Seu corpo é alongado e bem comprimido nas laterais, e possui uma boca extremamente longa, com uma abertura mandibular na extremidade. Um bigode ou barbilhão pode ser visto na ponta do aparelho bucal.

As barbatanas dorsais e anais são pequenas, reduzidas e localizadas distante do plano cefálico do peixe, o que lhe confere uma aparência quase serpentiforme. Além disso, sua coloração varia de acordo com o indivíduo e a localização, mas 3 padrões específicos podem ser distinguidos: vermelho-acastanhado (o mais comum), cinza-azulado e amarelo-esverdeado.

As marcas e os delineamentos no padrão geral de cores variam de acordo com o indivíduo.

Comportamento do peixe-trombeta

Curiosamente, os peixes-trombeta não usam os meios de locomoção comuns à grande maioria dos peixes actinopterígios. É muito raro ver um espécime nadando horizontalmente, pois essa espécie “se deixa levar” pela corrente enquanto mantém uma posição quase vertical. Ao nadar, fica de ponta-cabeça e faz movimentos mínimos.

Além disso, conforme indicado pela revista PHYSIS Journal of Marine Science, o comportamento dos espécimes varia dependendo do seu padrão de coloração geral. Por exemplo, indivíduos azulados são encontrados em áreas mais profundas do que os amarelados ou acastanhados. O tamanho do corpo também é diferente com base na tonalidade geral.

Um rei da camuflagem

Os peixes-trombeta podem usar seus cromatóforos, células com pigmentos internos que refletem a luz, para variar sua tonalidade geral e se misturar melhor com o ambiente. Eles são até capazes de imitar os movimentos de uma alga à deriva, enquanto mantêm sua posição vertical para evitar serem detectados por predadores em potencial.

Como nadam muito mal, esses animais são totalmente dependentes de suas habilidades de camuflagem.

A alimentação do peixe-trombeta

Os peixes pertencentes à família Aulostomidae são exclusivamente carnívoros. Eles se alimentam de invertebrados e pequenos peixes, mas não caçam nem perseguem suas presas. Devido à sua habilidade de emular um feixe vertical de algas, esperam que suas vítimas passem na frente deles e as capturam por mecanismos de sucção.

Graças aos tecidos elásticos que compõem seu aparelho bucal, o peixe-trombeta pode abrir o diâmetro de sua boca além da largura do próprio corpo. A rápida abertura desse sofisticado mecanismo gera um efeito de aspiração ao redor do peixe, arrastando a presa para dentro de suas fauces.

Esses animais também se escondem atrás de algumas espécies de peixes herbívoros. Assim, suas presas não são capazes de vê-los até ser tarde demais.

A reprodução do peixe-trombeta

O mecanismo reprodutivo exato do peixe-trombeta ainda não foi elucidado, embora se saiba que os machos utilizam seus cromatóforos para mudar de cor e exibir sinais de cortejo. Além disso, essa espécie, e os outros os peixes da ordem dos Syngnathiformes, apresenta um formato de cuidado parental muito atípico no reino animal.

Nessa espécie, é o macho que é responsável por cuidar da prole. Após a fecundação externa dos ovos postos pela fêmea, ele os guarda em uma “bolsa” especial até que eclodam, cuidando deles o tempo todo. Essa estratégia evolutiva também foi adotada pelo dragão-d’água-chinês (Physignathus cocincinus) e pelos cavalos-marinhos (Hippocampus).

Estado de conservação

Conforme indicado pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o peixe-trombeta Aulostomus maculatus não está em perigo, pois está incluído na categoria “pouco preocupante (LC)”. De qualquer modo, já foi registrado que suas populações estão diminuindo.

O declínio global das pradarias de algas e dos corais pode dificultar a sobrevivência da espécie em longo prazo. Além disso, a disseminação do peixe-leão Pterois volitans é uma ameaça para esse e muitos outros actinopterígios. É uma espécie invasora e letal que se alimenta de filhotes de peixes-trombeta, entre muitas outras vítimas.

Embora essa espécie não seja comum no mundo da aquariofilia, foram registrados roubos esporádicos de espécimes do meio ambiente com fins lucrativos.

 

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Como você pode ver, o peixe-trombeta é um dos actinopterígios mais fascinantes do mundo. Sua forma de se reproduzir, as suas técnicas de caça e o seu magnífico mimetismo não deixam ninguém indiferente. Infelizmente, se a destruição dos ecossistemas marinhos continuar no ritmo atual, essa espécie poderá se ver ameaçada em um futuro não muito distante.


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