Por que há cada vez mais elefantes sem presas?
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
No Parque Nacional Addo, na África do Sul, os elefantes sem presas são, por sorte ou não, cada vez mais comuns. Enquanto os leões mantêm a juba e os búfalos seus chifres, o gigante da África parece estar perdendo seu marfim.
Por que há cada vez mais elefantes sem presas?
Normalmente, entre as fêmeas de elefantes africanos, apenas 2% dos animais não possuem presas. No entanto, em Addo essa proporção muda radicalmente.
Dentremais de 300 fêmeas que habitam o parque sul-africano, menos de 10% delas não apresentam presas.
Em parte, isso teve um efeito positivo: os elefantes de Addo estão protegidos da caça furtiva, porque esta se baseia principalmente no valor do marfim. Sem presas, matar um elefante é caro e perigoso, e simplesmente não vale a pena.
A proliferação de elefantes sem presas não é exclusiva de Addo; mudanças semelhantes ocorreram em Moçambique, Uganda e Zâmbia. No Parque Nacional da Gorongosa, a guerra civil fez com que 53% das fêmeas perdessem suas presas.
Obviamente, isso se deve a uma única razão: uma geração de elefantes órfãos cujos pais e mães com presas morreram, devido à ganância dos caçadores ilegais. Os poucos animais adultos que restaram são aqueles que não têm presas.
Por que não há machos de elefante sem presas?
Embora os machos também estejam sendo caçados por suas presas, parece que a ausência delas está ligada ao gênero do animal; os machos têm presas, independentemente da caça.
Embora a falta de presas tenha reduzido bastante a caça furtiva, o fato é que isso não impediu que o parque Addo se fortalecesse para proteger os elefantes, especialmente os machos com grandes presas.
O parque nacional conta com 80 guardas florestais armados e com treinamento militar, além de sensores de movimento e até uma pequena força aérea.
Os guardas-florestais acampam em vários pontos do parque em muitas ocasiões, e se preparam em relação a possíveis alertas.
O parque Addo, difícil para os caçadores
A verdade é que, apesar do equipamento militar que protege o parque e da falta de presas, muitos ainda se surpreendem com a ausência de ataques de caçadores.
É que o parque Addo tem 200 rinocerontes pretos, uma das espécies mais ameaçadas, especialmente por causa da medicina oriental.
De acordo com especialistas da Universidade Nelson Mandela, a verdade é que o parque tem outra proteção, que é sua densa e ‘armada’ vegetação espinhosa.
Ela torna difícil fazer emboscadas e perseguir animais no escuro.De fato, alguns batizaram a área como o inferno dos caçadores.
Elefantes sem presas: para que servem?
Uma das razões pelas quais os elefantes sem presas são um problema é que essa parte de sua anatomia tem múltiplas funções.
Os machos usam as presas para competir e lutar durante a temporada de acasalamento, portanto, as presas são vitais para eles.
Mas já dissemos que a maioria dos elefantes sem presas são fêmeas. No entanto, as matriarcas também usam essas presas.
Além disso, devemos nos lembrar que os elefantes são uma das espécies matriarcais, onde as fêmeas mandam.
Portanto, essas fêmeas são geralmente as que guiam o grupo em busca de água. Elas cavam com suas presas para encontrar esse bem precioso ou mesmo para achar um pouco de comida.
Porém, isso não parece ser um problema para os elefantes de Addo. Nem para os elefantes asiáticos, que por muitos anos têm sido perseguidos por causa do marfim.
Provavelmente, essa é razão pela qual nesta espécie as presas estão ausentes em quase todos os exemplares do sexo feminino e o tamanho das presas dos machos diminuiu.
O marfim é bastante procurado sobretudo na China, porque o elefante asiático não pode mais “produzir” o marfim na quantidade que o mercado negro da Ásia exige. Mas há um novo problema para os elefantes, que poderia afetar populações de Addo e asiáticos: a pele de elefante está se tornando moda tanto como remédio como para fabricar acessórios.
Alguns se perguntam se essa nova moda vai colocar os elefantes ainda mais em perigo, porque enquanto o marfim começa a ser proibido, a demanda por pele de elefante começa a crescer.
Por que não podemos deixar em paz esses gigantes da África?
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