Logo image
Logo image

Por que meu peixe está nadando de lado?

5 minutos
A bexiga natatória tem muitas funções nos peixes ósseos. Infelizmente, certos desequilíbrios nesse órgão podem fazer com que os peixes nadem de lado e de forma errática.
Por que meu peixe está nadando de lado?
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A aquariofilia é um hobby que se difunde cada vez mais na população em geral. Ter um aquário em casa é um verdadeiro luxo, pois permite que os tutores aprendam a dinâmica dos ecossistemas fluviais enquanto desfrutam da companhia de um ou mais peixes desempenhando todas as suas funções vitais. Contudo, existem doenças que podem acometer seus membros: você sabe o motivo que leva um peixe ficar nadando de lado?

O fato de um integrante do aquário não conseguir manter sua postura durante a locomoção é um sinal de que algo está muito errado. Se você quer saber a que essa situação se deve e como acabar com ela, continue lendo com a gente.

Como os peixes nadam?

Antes de entrarmos totalmente na questão que nos preocupa, achamos interessante examinar brevemente o sistema de flutuabilidade de muitos peixes. Para fazer isso, devemos olhar para a bexiga natatória, um órgão que permite que muitos peixes ósseos fiquem em um ponto da coluna d’água sem ter que gastar energia em excesso.

A bexiga natatória consiste em 2 sacos cheios de ar localizados na seção dorsal do animal. As paredes do tecido desse órgão têm poucos vasos sanguíneos e são ricas em cristais de guanina, o que as torna impermeáveis às trocas gasosas.

Quando o oxigênio entra em uma das câmaras da bexiga, aumenta seu volume gasoso e a flutuabilidade do animal, permitindo que ele “suba” na coluna d’água. A troca gasosa é realizada no sangue de acordo com as necessidades dos peixes. Além disso, em algumas espécies esse órgão está conectado ao ouvido interno, atuando como uma câmara de ressonância e melhorando a audição.

A bexiga natatória permite que o animal aquático que a carrega se mantenha em uma posição na coluna d’água sem ter que desperdiçar energia desnecessariamente.

Some figure
Problemas na bexiga natatória são comuns em peixinhos-dourados.

E se meu peixe estiver nadando de lado?

Nadar de lado é um comportamento totalmente desadaptativo nos peixes, pois faz com que percam o campo de visão, a mobilidade e a eficácia ao se deslocar na coluna d’água. Portanto, com poucas exceções, costuma sempre ser um sintoma de alguma patologia subjacente. Aqui, vamos explorar algumas das condições mais comuns que envolvem a bexiga natatória.

Inflamação da bexiga natatória

Segundo estudos, essa é uma das principais razões que podem levar um peixe a nadar de lado. Representa até 44% das consultas no veterinário por esse problema no goldfish (Carassius auratus), um número não desprezível. Essa condição pode ser causada por infecções parasitárias ou por uma alimentação excessiva do animal.

Quando a inflamação da bexiga natatória é causada por um agente infeccioso, é chamada de aerocistite. Se a qualidade da água estiver ruim, se os peixes estiverem estressados ou se houver muitos exemplares no aquário, doenças desse tipo podem ter mais espaço.

Deslocamento da bexiga natatória

Às vezes, o problema não é o inchaço do tecido desse órgão, mas a má localização dele. Como já dissemos, a bexiga natatória é composta por 2 câmaras: a anterior é coberta por uma túnica externa firme que é ancorada em estruturas ósseas, enquanto a posterior está conectada apenas à anterior por um fino tubo.

Por esse motivo, a câmara posterior da bexiga natatória pode se mover com bastante facilidade, o que resulta em um peixe que nada de lado por problemas de flutuabilidade. Lesões mecânicas e fortes batidas podem causar esse deslocamento.

Fluidos na bexiga natatória

O conteúdo da bexiga natatória é composto quase exclusivamente de gases, embora as células epiteliais secretem pequenas quantidades de substâncias surfactantes que protegem o órgão. O acúmulo de fluidos nas câmaras devido a qualquer processo patológico impede a correta locomoção de peixes doentes.

Às vezes, esse processo pode levar à ruptura da bexiga, embora não seja comum.

Outros sintomas de doença

Se um peixe estiver nadando de lado, esse sinal clínico costuma ser acompanhado por muitos outros. Dentre eles, destacamos os seguintes:

  • Perda de apetite: quase todos os peixes comem de 1 a 2 vezes ao dia. Se o animal perder o interesse pela comida por mais de 24 horas, certamente algo está errado.
  • Fraqueza generalizada e flutuabilidade (já descritos).
  • Separação do resto dos exemplares: nos peixes que vivem em cardumes, os doentes se separam de seus companheiros e vão para o fundo.
  • Respirar e ofegar fora d’água.
  • Cauda e barbatanas roídas: isso pode ser uma causa de infecções fúngicas e bacterianas, mas é sempre indicativo da má qualidade da água.

O que devo fazer se meu peixe estiver nadando de lado?

O primeiro passo é sempre separar o animal doente, a menos que você veja que é uma condição generalizada no aquário. Muitos parasitas requerem um tempo de incubação dentro do hospedeiro, portanto, separar o suspeito a tempo pode evitar muitos problemas. Sempre tenha um pequeno tanque “hospital” pronto para esses casos.

Depois de separar o animal doente, a melhor coisa a fazer é procurar um veterinário especializado em animais exóticos. Se isso não for possível, existem medicamentos de amplo espectro contra bactérias e fungos especiais para peixes, embora possam não funcionar. Se o peixe não melhorar dentro de alguns dias, apesar dos medicamentos, o prognóstico é muito ruim.

 

Some figure

Para evitar essa condição, todo tutor deve monitorar os valores da água do aquário regularmente e respeitar as necessidades de todas as espécies que nele estão alojadas. Quando um peixe fica gravemente doente, é muito difícil recuperá-lo ao seu estado natural, então a melhor ferramenta sempre será o cuidado consciente e o respeito pelo animal.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Wildgoose, W. H. (2007). Buoyancy disorders of ornamental fish: A review of cases seen in veterinary practice. Fish Vet. J, 9, 22-37.
  • Fänge, R. (1983). Gas exchange in fish swim bladder. Reviews of Physiology, Biochemistry and Pharmacology, Volume 97, 111-158.
  • Ghosh, S. K., & Mandal, D. (2016). Efficient natural piezoelectric nanogenerator: electricity generation from fish swim bladder. Nano Energy, 28, 356-365.
  • Foote, K. G. (1980). Importance of the swimbladder in acoustic scattering by fish: a comparison of gadoid and mackerel target strengths. The Journal of the Acoustical Society of America, 67(6), 2084-2089.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.