O que os polvos comem?
Esses cefalópodes são famosos por muitas qualidades: seus 8 cérebros, seus 3 corações e sua incrível inteligência são apenas algumas delas. A alimentação dos polvos é outro tema de interesse, não só pelo que eles comem, mas também por suas incríveis técnicas de caça.
Se você já se perguntou o que os polvos comem, aqui estão todas as respostas de que você precisa. Esses predadores do oceano são alguns dos mais habilidosos e astutos que você pode encontrar, então não deixe de ler.
O que são os polvos?
Antes de explorar as escolhas alimentares desses animais, é necessário enquadrá-los do ponto de vista taxonômico. O termo “polvo” se refere a todos os invertebrados pertencentes à ordem Octopoda, por sua vez incluídos na classe dos cefalópodes e no filo dos moluscos. Existem cerca de 300 espécies que atendem a esse requisito.
Como os demais cefalópodes, todos os polvos apresentam simetria bilateral (o corpo é dividido em um único plano sagital) e, além disso, possuem 8 braços independentes (daí a designação de sua ordem). Os tecidos desses invertebrados são altamente maleáveis, o que lhes permite entrar em locais escondidos e inacessíveis à primeira vista.
Além disso, os polvos também são conhecidos por sua capacidade de mudar de cor.
Alimentação dos polvos
A dieta do polvo é estritamente carnívora, por isso ele se alimenta apenas de outros animais. Os tipos de presas que compõem a dieta desses cefalópodes serão diferentes dependendo da espécie e do habitat, mas podem ser encontradas 2 tendências diferentes:
- Polvos piscívoros: espécies que caçam peixes para se alimentar geralmente se movem em águas superficiais (pelágicas). São polvos com grande capacidade de nadar e manobrar na água.
- Polvos que se alimentam de crustáceos: os cefalópodes que se alimentam principalmente de crustáceos costumam habitar áreas bentônicas, ou seja, pertencentes ao fundo do mar. Eles são especialistas em camuflagem e tendem a se esconder em reentrâncias de rochas (ou sob a areia).
Jejum feminino
O polvo fêmea é a mãe que mais se sacrifica no mundo animal. Algumas delas, como as do polvo-gigante-do-pacífico (Enteroctopus dofleini), podem ficar sem comida durante os 10 meses em que protegem e cuidam dos ovos.
Quando os ovos eclodem, a fêmea fica tão exausta que acaba morrendo na maioria das vezes. Os jovens, impossibilitados de caçar ao nascer e sem os cuidados dos pais, costumam se alimentar de plâncton na superfície da água até atingir o tamanho certo para procurar suas vítimas.
O que os polvos de outras espécies comem?
A alimentação dos polvos, como se dizia no início, depende dos recursos disponíveis no seu habitat e da espécie. Continuando com a classificação anterior, aqui estão alguns exemplos das presas que os polvos consomem:
- Polvo de águas abertas e pelágicos: alimentam-se principalmente de crustáceos, gastrópodes, bivalves, peixes e, ocasionalmente, de outros cefalópodes menores.
- Polvo de espécies bentônicas: esses polvos costumam se mover ao longo das rochas do fundo do mar e procurar alimento entre suas fendas.
Como os polvos caçam?
A melhor arma do polvo para caçar, além de sua grande inteligência, é sua capacidade mimética. Graças aos cromatóforos em sua pele, esses invertebrados podem mudar de cor à vontade e se fundir com a superfície em que pisam. Além disso, alguns deles imitam a textura da rocha onde se camuflam graças à grande flexibilidade de seu corpo.
Os polvos são animais ágeis e preparados para a caça. Cada ventosa em seus tentáculos pode se mover individualmente e os membros nunca se enroscam, visto que cada um tem seu próprio núcleo neural: um “cérebro” autônomo, por assim dizer.
Quando esses invertebrados capturam a presa envolvendo-a com seus tentáculos, eles rapidamente a levam à boca (que apresenta um bico córneo). Essa estrutura é capaz de quebrar as conchas dos moluscos que o polvo caça com o auxílio das cefalotoxinas presentes em sua saliva. As toxinas são responsáveis por dissolver o material duro da presa.
Algumas espécies de polvo usam com um de seus tentáculos como isca para enganar suas presas enquanto esperam disfarçados.
Outra curiosa técnica de caça é a dos polvos pertencentes ao gênero Stauroteuthis. Habitantes do fundo do mar, esses animais possuem fotóforos que produzem luz nas ventosas e, graças a elas, são capazes de atrair suas presas no escuro.
A digestão dos polvos
Os polvos precisam de um sistema digestivo especializado na digestão das proteínas animais, pois esse macronutriente fornece energia e capacidade de regeneração e renovação de seus tecidos. A digestão dos polvos tem duas fases distintas que você confere a seguir.
Fase extracelular
Nessa primeira fase, os alimentos são processados em todo o trato digestivo. O bico e a rádula picam os alimentos que o polvo obteve graças aos seus músculos poderosos e à citada cefalotoxina. Por outro lado, as glândulas salivares secretam enzimas que iniciam uma pré-digestão dos alimentos.
Fase intracelular
Esse alimento pré-digerido chega ao estômago pelo esôfago. É no estômago, portanto, que a degradação da comida continua separando os nutrientes de outras moléculas que não são úteis para o polvo.
Os polvos têm outra cavidade para processar os alimentos: a glândula digestiva. Aqui, os nutrientes são absorvidos, e a matéria não digerida é transportada pelos intestinos para ser excretada como pellets fecais.
Como você viu, a alimentação do polvo é mais complexa do que se pode imaginar à primeira vista. Em geral, tudo o que se investiga sobre esses animais é curioso e bizarro. Da inteligência à capacidade de caça, esses invertebrados apresentam milhares de características marcantes e não deixam ninguém indiferente.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Iglesias, J., & Sánchez, F. J. (2007). La diversificación en moluscos cefalópodos: El pulpo (Octopus vulgaris). In Sesión Temática Diversificación. IX Congreso de Acuacultura, Vigo, España.
- Leite, T. S., Haimovici, M., & Mather, J. (2009). Octopus insularis (Octopodidae), evidences of a specialized predator and a time-minimizing hunter. Marine Biology, 156(11), 2355-2367.
- Byrne, R. A., Kuba, M. J., Meisel, D. V., Griebel, U., & Mather, J. A. (2006). Does Octopus vulgaris have preferred arms?. Journal of Comparative Psychology, 120(3), 198.
- Sampaio, E., Seco, M. C., Rosa, R., & Gingins, S. (2020). Octopuses punch fishes during collaborative interspecific hunting events. Ecology.
- Johnsen, S., Balser, E. J., Fisher, E. C., & Widder, E. A. (1999). Bioluminescence in the deep-sea cirrate octopod Stauroteuthis syrtensis Verrill (Mollusca: Cephalopoda). The Biological Bulletin, 197(1), 26-39.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.