Raiva em animais selvagens
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
A raiva é a doença viral considerada como a zoonose mais mortal do mundo, causando mais de 60.000 mortes por ano e é uma das condições demonstram que a saúde das pessoas está intimamente relacionada com a saúde animal e da fauna silvestre.
A raiva é transmitida aos seres humanos por meio dos animais domésticos, pois são os animais de estimação que, de maneira mais fácil, transmitem essa doença e, é claro, porque vivem com a gente. Estima-se que 99% dos casos de transmissão para humanos seja feito através das mordidas de cães. É por isso que a principal maneira de se proteger contra essa condição é a campanha contra a raiva para cães.
No entanto, esta doença afeta um grande número de animais silvestres, que atuam como reservatórios e são aqueles que infectam os cães. É por isso que conhecer as implicações dessa doença na vida selvagem é de vital importância para erradicá-la.
A raiva é transmitida aos seres humanos por meio dos animais domésticos, porque são os animais mais contagiosos e que mais coexistem conosco: estima-se que 99% dos casos de transmissão para humanos sejam causados por mordidas de cães.
A raiva: um pouco da história
Há menções a esta doença na Grécia antiga, através do próprio Aristóteles, que descreveu os sintomas da raiva em cães e em humanos e que relacionou sua infecção à mordida de um deles. De fato, a raiva é em parte a origem do mito do lobisomem, porque alguns de seus sintomas em humanos coincidem com as histórias de licantropia.
Mais tarde, o vírus se espalhou pelos Estados Unidos, após a chegada dos europeus, que trouxeram animais que espalharam o contágio. Nenhuma cura foi encontrada até as descobertas de Louis Pasteur, que criou uma vacina e salvou a vida do jovem Joseph Meister, em 1885.
Os ciclos da raiva
O ciclo urbano é o que provoca o maior perigo para os seres humanos: as já mencionadas mordidas de cães nas pessoas, unidas a de outros animais de estimação, como o gato, o furão e o guaxinim.
No entanto, o ciclo selvagem também é importante, isto é, o ciclo que expande a doença nas populações de animais silvestres que, então, infectam os cães. Seu controle é muito mais complicado, já que não podemos vacinar milhares de animais silvestres.
A raiva em animais selvagens
Na Europa, o ciclo silvestre é protagonizado pela raposa vermelha. Tem sido possível reduzir a prevalência da doença através da vacinação por via oral, ou seja, alguns alimentos são deixados na floresta e agem como uma vacina. Apesar dessas medidas, a condição nas raposas é uma ameaça na Europa Oriental.
A raiva afeta outros animais europeus, como o lobo. Embora os ataques desses animais às pessoas sejam praticamente inexistentes, o vírus produz mudanças no comportamento dos animais selvagens e os torna menos medrosos e mais agressivos.
Nos Estados Unidos, um dos animais mais afetados pelo vírus é o guaxinim. Ele é responsável por quase 40% da raiva no leste do país. Outros animais desempenham um papel importante, como chacais, gambás, texugos e outros carnívoros selvagens.
Já mencionamos alguns animais com essa doença, e que a popularidade de animais exóticos, como o quati e o guaxinim, e o subsequente abandono deles, significa que agora os ciclos urbano e selvagem estão ainda mais conectados.
A posse irresponsável de animais exóticos tornou-se outro fator a ser levado em conta, uma vez que as populações de guaxinins selvagens na Espanha estão muito mais propensas de virem a morder pessoas do que outros animais selvagens.
Os morcegos têm uma grande importância na transmissão da doença: algumas estirpes do vírus são exclusivas desta espécie, que podem contagiar a outras e são consideradas um risco ante estas pragas emergentes. Embora as mordidas desta espécie nos seres humanos sejam muito raras. De fato, houve casos de infecção sem mordidas ao se entrar em cavernas com alta presença de animais infectados.
Raiva e saúde unitária
A raiva é uma doença que nos ajuda a entender o conceito de saúde unitária e a entender a importância dos veterinários na saúde das pessoas. A pesquisa veterinária diminuiu enormemente a prevalência de ciclos de vírus selvagens, o que reduziu a disseminação para cães.
Além disso, a enorme redução de casos na Europa ocorreu devido as campanhas de vacinação realizadas por esses profissionais em todo o continente, o que permitiu a muitos países reduzirem a zero os casos desta doença nas pessoas. A raiva nos mostra a enorme contribuição da medicina veterinária para a saúde humana.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.