Raquitismo em cães: sintomas e tratamento

Raças grandes tendem a ser mais suscetíveis a expressar raquitismo, pois crescem rapidamente e qualquer anormalidade pode esgotar seus estoques de cálcio, fósforo e vitamina D.
Raquitismo em cães: sintomas e tratamento
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Durante os primeiros 12 meses de vida de um filhote, seus músculos e ossos têm elevada atividade metabólica. Isso o torna suscetível a certas patologias que podem causar problemas de desenvolvimento. Entre elas, está o raquitismo, uma doença dos cães que causa malformações ósseas e fraqueza generalizada do aparelho locomotor.

O raquitismo aparece como um produto de deficiências nutricionais em cães, que podem ser causadas por uma dieta pobre ou patologias subjacentes. É considerada uma doença rara, embora suas consequências possam ser graves e irreversíveis. Continue lendo e aprenda mais sobre essa doença.

O que é o raquitismo?

O raquitismo é uma doença causada por deficiência de fósforo, cálcio ou vitamina D. Isso faz com que os ossos não consigam mineralizar bem durante o desenvolvimento, tornando-se mais fracos, deformados e sujeitos a fraturas. Os sinais de alerta mais óbvios aparecem quando a condição está em estágios avançados.

Essa condição só se desenvolve em cachorros com menos de 12 meses de idade. De acordo com o site veterinário MSD, os adultos podem ter uma patologia semelhante, chamada osteomalácia, que afeta os ossos maduros do cão. As causas podem ser as mesmas, mas os efeitos diferem um pouco porque ocorrem em dois estágios diferentes de desenvolvimento.

Um cachorro desnutrido olhando para a câmera.

Mecanismo de patologia

A vitamina D é um nutriente essencial para o metabolismo, pois permite que o corpo absorva bem o cálcio e o fósforo dos alimentos. Graças a isso, a reserva desses minerais é mantida e a formação de ossos pode ocorrer.

O raquitismo aparece quando a dieta do cão não fornece quantidades suficientes desses 3 elementos. Consequentemente, o corpo não consegue construir bem os ossos e os torna mais fracos. O esqueleto não consegue suportar o peso do cão e começa a se deformar, por isso aparecem os clássicos arqueamentos da doença.

Tipos de raquitismo canino

O raquitismo pode ser classificado de acordo com a origem da deficiência nutricional. Existem 3 tipos diferentes da condição, que são descritos a seguir:

  1. Raquitismo nutricional: geralmente é causado por uma dieta doméstica mal balanceada, que causa deficiência de fósforo, cálcio e vitamina D. De longe, é a variante mais comum.
  2. Raquitismo dependente da vitamina D do tipo 1: é causado por uma doença genética que reduz a produção de calcitriol, uma forma ativa de vitamina D. Isso causa calcificação pobre dos ossos e deformação.
  3. Raquitismo dependente da vitamina D tipo 2: é causado por uma doença genética que impede o corpo de reconhecer o calcitriol, por isso a calcificação não é realizada de maneira adequada.

Sintomas de raquitismo canino

O raquitismo em cães causa diversos problemas que pioram com o passar do tempo. Na maioria dos casos, a condição só é diagnosticada quando o dano é grave ou irreversível. A lista a seguir agrupa os sinais clínicos mais comuns:

  • Letargia.
  • Crescimento lento.
  • Mancar.
  • Dor nas articulações.
  • Movimentos rígidos.
  • Inchaço das extremidades.
  • Fraturas.
  • Amolecimento da mandíbula.
  • Arqueamento das pernas (deformação).

O que causa o raquitismo?

Conforme mencionado anteriormente, a principal causa do raquitismo em cães são dietas inadequadas. No entanto, existem algumas doenças ou determinadas situações que também podem levar a essa patologia. Algumas delas estão listadas abaixo:

  • Problemas renais: impedem a reabsorção do fósforo, que interrompe a reserva desse mineral no organismo.
  • Síndrome de Fanconi: é caracterizada pela perda contínua de fósforo pela urina.
  • Doenças genéticas: causam mutações nos genes envolvidos no metabolismo do cálcio ou do fósforo. Elas provocam o raquitismo dependente da vitamina D dos tipos 1 e 2. A raça lulu da pomerânia parece ser uma das mais afetadas.
  • Problemas no sistema digestivo: é provável que certos problemas com a biota intestinal, parasitismos ou algumas neoplasias possam causar uma má absorção de vitamina D.
  • Lactação deficiente: o leite materno é essencial para o desenvolvimento dos cachorros. Se houver algum problema e a mãe não conseguir alimentá-los bem, é provável que tenham raquitismo.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do raquitismo em cães é feito por meio de 3 exames: sangue, radiológico e biópsia óssea. As duas primeiras são as técnicas mais comuns e são usadas juntas para determinar as causas da doença, enquanto a última é menos comum devido aos efeitos colaterais que causa.

Primeiro, o veterinário usa a química do sangue para verificar os níveis de cálcio, fósforo e calcitriol no sangue do paciente. Com isso, é possível determinar se há algum problema no metabolismo e a gravidade do quadro. Os exames radiológicos consistem na obtenção de imagens dos ossos (raios-X), que nos permitem observar qualquer alteração óssea do cão.

Uma vez que o profissional de saúde animal tenha feito o diagnóstico do cão, o tratamento consiste em suplementar a deficiência de minerais ou vitamina D. No entanto, isso só permite lidar com o problema da formação óssea, mas não resolve as doenças que o causaram.

No caso específico de doenças congênitas, a suplementação de vitamina D é geralmente necessária para a vida. Isso porque o metabolismo do cão não consegue compensar por si só a deficiência de nutrientes, já que a condição é decorrente de mutações diretas no genoma. É por essa razão que essas condições são consideradas “dependentes da vitamina D.”

Prognóstico de raquitismo

Os primeiros sintomas de raquitismo em cães desaparecem logo após o início do tratamento. Com um diagnóstico oportuno, a maioria dos pacientes será capaz de se recuperar quase completamente. No entanto, isso só se aplica quando as causas do problema são deficiências nutricionais ou doenças genéticas.

O veterinário também pode prescrever anti-inflamatórios para que o cão tenha uma melhora na dor, então em alguns dias ele deve estar ativo novamente. Além disso, se o diagnóstico for feito a tempo, até as malformações ósseas podem desaparecer com o crescimento.

O prognóstico pode ser diferente quando o raquitismo é causado por outras doenças. Nesses casos, a melhora do cachorro dependerá inteiramente da gravidade do seu estado e da sua evolução clínica.

Um exemplo de denustrição em cães.

Os cães não são frequentemente diagnosticados com raquitismo, pois a maioria das dietas comerciais fornece nutrientes suficientes. No entanto, se você identificar quaisquer sinais de alerta, leve o animal veterinário para uma avaliação. Lembre-se de que um diagnóstico oportuno pode mudar completamente o prognóstico da doença do seu animal de estimação.


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