Logo image
Logo image

Ratos que arrasam os corais em Chagos

3 minutos
Estas espécies invasivas não só afetam os recifes, como também provocam o desaparecimento de certas aves marinhas de algumas ilhas, alimentando-se dos filhotes e de ovos.
Ratos que arrasam os corais em Chagos
Eugenio Fernández Suárez

Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O arquipélago de Chagos é um grupo de 55 ilhas do Oceano Índico, entre a África, o Oriente Médio e a Ásia.

Apesar de sua beleza natural e pequena população, a biodiversidade desta área está sendo devastada pelos ratos trazidos pelos europeus no século 18.

O arquipélago de Chagos é conhecido por ter sido motivo de disputa entre nações durante séculos: as guerras napoleônicas e a Guerra Fria afetaram muito este arquipélago.

Em meados do século 20, alguns dos seus últimos habitantes foram expulsos para que aí pudesse ser construída uma base militar.

Esses habitantes, conhecidos como chagossianos, eram os escravos trazidos para trabalhar nas plantações de coco.

Porém, alguns clandestinos acompanharam as embarcações: os ratos! Uma das espécies invasoras mais nocivas.

Os ratos em Chagos

Embora hoje o arquipélago seja um lugar protegido, infelizmente é invadido por ratos: das 55 ilhas, 37 são tomadas por este pequeno mamífero.

Os ratos não são nativos deste grupo de ilhas, mas hoje esses animais tomaram conta de algumas delas.

Some figure

Portanto, as aves marinhas, já ameaçadas pelas mudanças climáticas e pelos plásticos, têm que enfrentar outro problema: a presença de uma espécie invasora em sua área de reprodução.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Lancaster, as diferenças entre as ilhas são brutais e, enquanto em algumas delas o número de aves marinhas é enorme, em outras, elas desapareceram.

Sem predadores naturais, os ratos inundaram as ilhas e começaram a se alimentar dos ovos dessas aves, e até de seus filhotes.

As consequências da invasão de ratos

O estudo, que teve como objetivo analisar a biodiversidade de 12 dessas ilhas, revelou resultados assustadores: ilhas com ratos têm 750 vezes menos aves do que as que não foram colonizadas por esse roedor. E as aves migratórias deixaram de visitar estas ilhas.

Falamos principalmente de aves como o alcatraz, aves marinhas com a capacidade de mergulhar e nadar.

As fragatas e as andorinhas-do-mar também encontram nestas ilhas um dos seus maiores santuários, que infelizmente está muito ameaçado.

No entanto, as aves não são as únicas afetadas por essa invasão. Sem pássaros, outros seres vivos estão em colapso, uma vez que os nutrientes nas fezes das aves são muito importantes para os recifes de corais.

Some figure

Assim, embora pareça incrível, as ilhas sem pássaros estão cercando-se de um deserto marinho em que a vida também está desaparecendo, devido à proliferação de ratos.

Ao redor das ilhas invadidas pelo roedor, metade dos peixes são encontrados, em comparação às ilhas onde não há nenhum roedor.

De acordo com a equipe de Nicholas Graham, autor principal do estudo, os ciclos de nitrogênio são 250 vezes menores em ilhas com ratos.

Um dos principais ciclos que dão vida ao nosso planeta e que parece estar desaparecendo no arquipélago de Chagos.

Possíveis soluções para a invasão de ratos em Chagos

Este é outro exemplo de como a extinção da fauna não simplesmente é motivo de tristeza, mas também de máxima preocupação.

Afinal, ecossistemas inteiros podem colapsar, dos quais o ser humano e muitas outras espécies dependem.

Porém, devemos lembrar que hoje toda a atividade humana, tanto vital quanto econômica, envolve esses fluxos de nutrientes e energia.

Essa é outra prova de como a perda de espécies tornará a vida muito difícil para os seres humanos.

Então, os autores do estudo propõem a desratização das ilhas para preservar a fauna e a flora do arquipélago.

Esse processo só foi realizado em uma das ilhas e os pesquisadores incentivam a implementá-lo nas demais.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.