A síndrome do ouriço bambo
Escrito e verificado por o veterinário Juan Pedro Vazquez Espeso
Já se foi o tempo em que a maioria dos animais de estimação eram cães, gatos ou, no máximo, pássaros. A diversidade de espécies de animais de estimação que existem atualmente no mercado é imensa. Os veterinários, como médicos dos animais, devem dar a todos igual atenção.
Embora seja verdade que nem todos os veterinários possam ter conhecimento sobre todos os animais, os responsáveis pelo tratamento de pequenos animais de estimação devem fornecer cuidados médicos a todos aqueles que precisarem de ajuda. Hoje, vamos falar sobre a síndrome do ouriço bambo.
Síndrome do ouriço bambo
A Síndrome do Ouriço Bambo, ou Wobbly Hedgehog Syndrome (WHS), é uma doença degenerativa do sistema nervoso. Atualmente, sua origem é desconhecida.
É uma patologia semelhante à esclerose múltipla em humanos, com a qual muitos pesquisadores a comparam. Embora no caso do ouriço a suspeita é que a doença se deva aos cruzamentos genéticos indiscriminados a que essa espécie foi submetida.
É preciso notar que hoje existe um vazio legal considerável na criação de ouriços. Eles são proibidos por serem uma espécie potencialmente invasora já há alguns anos e, portanto, as instituições profissionais não têm licença para criá-los.
A síndrome do ouriço bambo pode se dever à criação contínua entre parentes próximos por pessoas sem permissão ou conhecimento suficiente.
Desenvolvimento da doença
Essa doença afeta ouriços-africanos em torno dos três anos de idade. Em outras idades, tanto a mais quanto a menos, ela pode acontecer, embora com menor probabilidade.
O desenvolvimento dessa síndrome é progressivo e geralmente começa nas patas traseiras, afetando mais tarde as patas dianteiras. Também pode afetar os lados: primeiro o esquerdo e depois o direito ou vice-versa.
Há uma perda de controle muscular sobre o corpo do ouriço, fazendo com que o animal ande com tremor (ataxia), daí o nome da síndrome.
Nesse ponto é importante esclarecer que a doença do ouriço bambo pode ser facilmente confundida com a síndrome vestibular. Por isso, deve ser levada em consideração nos possíveis diagnósticos diferenciais.
Quando os sintomas e o escalonamento ocorrem, os animais começam a ter complicações para levar uma vida normal. A perda de peso ocorre nos estágios iniciais da doença devido às dificuldades de acesso ao comedouro.
Os animais normalmente morrem entre um mês e um ano após o início dos sintomas. A sobrevivência depende muito dos cuidados paliativos dados ao ouriço.
Tratamento e cuidados
Apesar da ausência de um tratamento específico, fornecer cuidados básicos ao ouriço vai produzir melhoras significativas e prolongar sua qualidade de vida.
Dieta para animais com a síndrome do ouriço bambo
Será preciso alimentar o ouriço com uma dieta de alta qualidade, com insetos ou peito de frango/peru cozido e sem pele. Além disso, devemos completar seu cardápio com pequenos pedaços de frutas e vegetais assados ou cozidos. É aconselhável fornecer ao animal um suplemento de ácidos graxos ômega 3 e ômega 6. Por outro lado, um complexo vitamínico também é recomendado.
Em pontos avançados da doença, a alimentação assistida pode ser necessária, visto que é difícil para o animal se alimentar sozinho. Nessa linha, o bebedouro deve ser um bocal para facilitar o acesso à água.
Para a alimentação assistida, o melhor é optar por um mingau caseiro administrado por meio de uma seringa. Esse mingau pode ser feito com os componentes usuais da ração, complementados com os respectivos suplementos.
Devemos ter muito cuidado com a hidratação nos estágios avançados da doença. Os ouriços se desidratam rapidamente, então precisamos ter a seringa sempre pronta e abastecer o animal com água frequentemente.
Fisioterapia
Manter os músculos do ouriço nas melhores condições é importante para retardar a progressão da doença. Conseguiremos isso massageando os membros do animal para tentar manter o tônus muscular.
Massagens no abdômen do animal também são recomendadas. Podemos acariciar suavemente sua barriga, que é macia e sem pontas, para estimular a motilidade gastrointestinal.
Resumindo, o artigo de hoje é um pouco triste, pois nunca é agradável falar sobre doenças sem tratamento. No entanto, esperamos que essas dicas sejam úteis e que, se o seu animal tiver o azar de sofrer dessa síndrome, você possa prestar um bom atendimento e prolongar sua qualidade de vida o máximo possível.
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