É possível ter um tatu como animal de estimação?
Os tatus, com sua carapaça distinta e cabeça alongada, são animais curiosos de se ver e adoráveis para muitas pessoas. Porém, a posse do tatu como animal de estimação é proibida hoje em dia, bem como seu comércio e sua captura na natureza.
Se você tem interesse em saber o motivo dessa proibição, neste artigo poderá conhecer mais sobre esses animais, sua importância no ecossistema e a legislação que os protege. Não perca, é uma questão relevante.
Características do tatu
Os tatus são os únicos mamíferos placentários que possuem carapaça. Esses dasipodídeos, pertencentes à ordem Cingulata, possuem várias placas ósseas sobrepostas que servem como proteção contra predadores. No entanto, de todas as espécies descritas até agora, apenas o tatu de três faixas (Tolypeutes tricinctus) é capaz de se fechar totalmente em forma de bola.
A taxonomia desses animais é complexa, uma vez que a família Chlamyphoridae também inclui muitas espécies conhecidas como “tatus”, além das incluídas nos Dasypodidae.
Embora seja muito difícil para a maioria da população encontrar um tatu em seu ecossistema natural, esses mamíferos se adaptaram a vários tipos de ambientes. Eles podem ser encontrados em desertos, montanhas, pântanos e áreas arenosas costeiras. Todas as espécies vivem na América do Sul, exceto Dasypus novemcinctus, o único encontrado na natureza nos Estados Unidos.
Quase todas as espécies de tatu que existem estão ameaçadas, embora algumas estejam com o status oficial “Pouco Preocupante (LC)”. Os atropelamentos, o consumo de sua carne e suas partes e a perda de seu habitat são os maiores perigos que esses mamíferos enfrentam. Populações de todas as espécies estão em declínio, em maior ou menor grau.
O papel desses mamíferos amigáveis no ecossistema é vital. Eles não apenas controlam as populações de insetos de que se alimentam, mas seu hábito de cavar tocas é mais importante do que aparenta ser. Graças a esse comportamento, a terra é oxigenada e muitas sementes são enterradas, promovendo a manutenção do ciclo de reciclagem da matéria orgânica.
Situação legal dos tatus
Devido à dificuldade de avistar esses animais noturnos e aos relatos cada vez mais raros de sua presença em seu habitat natural, a ordem Cingulata foi incluída no acordo CITES. Essas siglas se referem à convenção de comércio de animais exóticos que regulamenta a venda e a propriedade de espécies de animais e plantas.
Dessa forma, o tatu não pode ser mantido como animal de estimação, nem vendido, transportado ou retirado de seu habitat. Dito de forma mais clara: se alguém lhe vende um desses animais, tanto essa pessoa quanto você estariam incorrendo em uma ilegalidade que acarreta multas ou até prisão (dependendo da região em que você se encontra).
A referida convenção da CITES consiste em 3 apêndices, nos quais cada espécie é classificada de acordo com seu nível de proteção. No caso dos tatus, considera-se que as 20 espécies atualmente reconhecidas contam com a regulamentação do Anexo I, ou seja, gozam da máxima proteção.
Alguém tem permissão para ter um tatu como animal de estimação?
A resposta é não. Nenhum particular pode obter a documentação necessária para a posse de um tatu. A única exceção são os centros zoológicos, como zoológicos urbanos ou laboratórios experimentais. É uma espécie muito estudada devido a uma peculiaridade de sua reprodução: a de dar à luz quadrigêmeos na maioria dos eventos reprodutivos.
Atualmente, o tatu também é explorado como modelo animal para estudos sobre hanseníase, já que esses mamíferos são portadores da bactéria causadora da doença, o Mycobacterium leprae. Essa é outra razão pela qual sua posse é proibida: seu potencial zoonótico e a capacidade de espalhar doenças entre populações de animais selvagens ou domésticos.
É muito difícil pegar hanseníase de um tatu, pois seria necessário estar em contato constante e próximo com ele ou consumir sua carne mal higienizada, como fazem algumas populações do sul da Amazônia.
É ético ter um tatu como animal de estimação?
Considerando a proibição de manter um tatu em casa, você pode ter certeza que, se algum deles chegar até você, ele foi capturado e retirado de seu ambiente natural. Esse processo é traumático para o animal, pois o tiram de sua casa, o transportam por horas (e com certeza em péssimas condições) e chegam a um lugar estranho ao qual ele tem que se adaptar.
Além disso, você deve ter em mente que esse animal não foi (e não será) adestrado como espécie antes de entrar em contato com os humanos. Estes são alguns dos impedimentos relatados pela situação:
- A dieta dos tatus é pouco conhecida e no ambiente natural eles possuem um cardápio extremamente variado. Alimentar um espécime com ração de outros animais de estimação apenas o fará engordar rapidamente e desenvolverá sérios problemas de saúde com o tempo.
- Suas instalações devem ser gigantescas. Seriam necessários 2 metros quadrados para cada 30 centímetros de comprimento do animal.
- Um tatu precisa de um habitat natural cheio de plantas, substrato para cavar, troncos, pedras e até mesmo uma pequena lagoa para mergulhar.
- Algumas espécies vivem até 30 anos em cativeiro. Seu cuidado deve ser constante, prolongado e, além disso, sua manutenção seria excepcionalmente cara. Quase nenhum veterinário tem conhecimento suficiente para garantir sua saúde.
Por outro lado, o comércio ilegal de animais não prejudica apenas os próprios animais, mas também afeta milhões de humanos. Com o dinheiro dessa economia ilegal, guerras são financiadas, pessoas sem recursos são exploradas e a saúde dos ecossistemas é prejudicada. Não faça parte desse ciclo.
É preciso se conscientizar sobre os malefícios dos animais de estimação (a moda de ter animais raros e exóticos em casa) por causa de todos os motivos que acabamos de ler. Se você quiser partilhar a sua vida com um animal, existem milhares de amigos esperando por você nos abrigos, cada um deles com surpresas tão grandes como as que o tatu mais exótico do mundo pode proporcionar.
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