Treinamento do cão-guia: como fazer?
Os cães-guia se tornam os olhos dos deficientes visuais. Esses cães são treinados para conduzir seus humanos através dos obstáculos da via pública, e até para desobedecer a uma ordem caso represente um perigo para o humano.
Esses cães são tão bons em seu trabalho que, para quem não está familiarizado com seu treinamento, eles surpreendem e despertam questões ao mesmo tempo. Como chegam a esse ponto de eficácia? Aqui você poderá conhecer todo o processo pelo qual esses cães passam, desde o momento em que nascem até quando se formam.
História dos cães-guia
A primeira tentativa sistemática de treinar cães para ajudar deficientes visuais ocorreu em Paris em 1780. Posteriormente, durante a Primeira Guerra Mundial, Gerhard Stalling decidiu treinar cães para ajudar todos os soldados que voltavam cegos pelos gases tóxicos do campo de batalha.
Mais ou menos na mesma época, a americana Dorothy Harrison Eustis, que já treinava cães de trabalho para a polícia e o exército, juntou-se ao movimento dos cães-guia. A intervenção dessa mulher foi o que lançaria o uso de cães-guia no cenário internacional.
Desde então, as escolas de cães-guia se multiplicaram em todo o mundo. Milhares de pessoas transformaram suas vidas graças a esses animais, melhorando cada vez mais sua mobilidade e autonomia com o passar do tempo.
Como é o treinamento do cão-guia?
O treinamento começa desde a infância do cão, sendo um processo que segue uma série de etapas:
- Lar adotivo: o cão passa um ano amadurecendo aspectos relativos a todas as noções básicas de ser um cão, ao mesmo tempo que se acostuma a socializar e conviver com as pessoas.
- 4 meses de idade: começa o treinamento em tarefas básicas do cão-guia, ao mesmo tempo que se trabalha para superar os instintos de caça e proteção.
- 8 meses: os instintos de caça e territoriais são reavaliados a fim de constatar que foram eliminados.
- Um ano de vida: o cão entra no segundo ciclo de treino, dessa vez avançado, onde será definitivamente avaliado se ele possui as aptidões necessárias para guiar uma pessoa cega.
- Período de teste: uma vez atribuído a um humano, o desempenho de suas funções é avaliado por 3 semanas. Se o resultado for positivo, o cão é considerado apto para servir de guia.
- Um cão-guia tem aproximadamente 7 a 8 anos de vida ativa, após os quais se aposenta e pode ser adotado.
Dicas para o treinamento do cão-guia
No treinamento mencionado acima, deve ser considerada uma série de elementos essenciais, sem os quais esse treinamento não seria eficaz. Confira quais são a seguir:
- Uso do arnês: o arnês é o elo entre o cão e o ser humano. O cão deve se acostumar a usá-lo, pois a alça de metal pode incomodar no início.
- Andar em linha reta: embora pareça óbvio, essa é a primeira coisa que um cão-guia aprende. Ele não pode se distrair com estímulos externos ao caminhar de um ponto a outro.
- Subir e descer degraus: os desníveis são especialmente perigosas para uma pessoa que não enxerga. O cão aprende a parar em qualquer degrau para avisar ao humano uma mudança na altura do terreno.
- Evitar obstáculos: essa é a parte mais complexa do treinamento. O cão aprenderá a ultrapassar obstáculos, mostrando o caminho ao seu tutor a uma certa distância dele.
- Normas da circulação de pedestres: é fundamental que o cão saiba que deve parar sempre que houver veículos nas proximidades, como em semáforos ou faixas de pedestre. Além disso, aprenderá a parar sempre que houver risco de atropelamento.
Características do cão-guia
Nem todos os cães são aptos para se tornarem cães-guia. Para garantir a segurança de canídeos e humanos, há uma série de requisitos rígidos que devem ser satisfeitos:
- Ter um tamanho adequado: os canídeos devem pesar entre 28 e 45 quilos.
- Ser emocional e psiquicamente equilibrado.
- Possuir traços de personalidade fortemente marcados. Entre eles, obediência, disciplina, inteligência e serenidade.
- Ser submisso.
- Ter uma saúde física forte: o animal não pode sofrer de problemas ósseos, cardiovasculares ou respiratórios, assim como de alergias e outras complicações que podem comprometer sua integridade e desempenho.
- Ser astuto e mentalmente ativo, com boa capacidade de aprendizado.
- Ter um caráter sociável e amigável.
Nem todas as raças são adequadas para se tornarem cães-guia. Os 3 mais utilizados são o pastor alemão, o labrador e o golden retriever. O primeiro, no entanto, é cada vez menos selecionado, devido aos seus fortes instintos de guarda e pastoreio.
Como conseguir um cão-guia?
O cão não é o único que deve satisfazer requisitos para se tornar guia de um humano. A pessoa que o adota como ajudante deve ser autônoma com a bengala e ter um bom nível de orientação, já que o cão não é um GPS, e sim guiado pelas indicações do cego.
Por outro lado, a pessoa deve ter as faculdades psicofísicas adequadas para lidar com o cão e assumir a responsabilidade por seu cuidado. Da mesma forma, a situação econômica da pessoa deve ser suficiente para arcar com os custos de manutenção do animal.
Dependendo do país em questão, alguns detalhes podem variar. De qualquer modo, o trabalho desses cães será louvável onde quer que seja: não há gratidão suficiente para um animal que dedica a sua vida a ajudar um humano de forma desinteressada.
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