Treinamento do cão-guia: como fazer?

Treinar cães-guia é um processo cheio de requisitos e exercícios rígidos que nem todos os cães conseguem superar. Você sabe como esses animais são selecionados?
Treinamento do cão-guia: como fazer?

Última atualização: 01 agosto, 2021

Os cães-guia se tornam os olhos dos deficientes visuais. Esses cães são treinados para conduzir seus humanos através dos obstáculos da via pública, e até para desobedecer a uma ordem caso represente um perigo para o humano.

Esses cães são tão bons em seu trabalho que, para quem não está familiarizado com seu treinamento, eles surpreendem e despertam questões ao mesmo tempo. Como chegam a esse ponto de eficácia? Aqui você poderá conhecer todo o processo pelo qual esses cães passam, desde o momento em que nascem até quando se formam.

História dos cães-guia

A primeira tentativa sistemática de treinar cães para ajudar deficientes visuais ocorreu em Paris em 1780. Posteriormente, durante a Primeira Guerra Mundial, Gerhard Stalling decidiu treinar cães para ajudar todos os soldados que voltavam cegos pelos gases tóxicos do campo de batalha.

Mais ou menos na mesma época, a americana Dorothy Harrison Eustis, que já treinava cães de trabalho para a polícia e o exército, juntou-se ao movimento dos cães-guia. A intervenção dessa mulher foi o que lançaria o uso de cães-guia no cenário internacional.

Desde então, as escolas de cães-guia se multiplicaram em todo o mundo. Milhares de pessoas transformaram suas vidas graças a esses animais, melhorando cada vez mais sua mobilidade e autonomia com o passar do tempo.

 

Um cão-guia sorridente.

Como é o treinamento do cão-guia?

O treinamento começa desde a infância do cão, sendo um processo que segue uma série de etapas:

  • Lar adotivo: o cão passa um ano amadurecendo aspectos relativos a todas as noções básicas de ser um cão, ao mesmo tempo que se acostuma a socializar e conviver com as pessoas.
  • 4 meses de idade: começa o treinamento em tarefas básicas do cão-guia, ao mesmo tempo que se trabalha para superar os instintos de caça e proteção.
  • 8 meses: os instintos de caça e territoriais são reavaliados a fim de constatar que foram eliminados.
  • Um ano de vida: o cão entra no segundo ciclo de treino, dessa vez avançado, onde será definitivamente avaliado se ele possui as aptidões necessárias para guiar uma pessoa cega.
  • Período de teste: uma vez atribuído a um humano, o desempenho de suas funções é avaliado por 3 semanas. Se o resultado for positivo, o cão é considerado apto para servir de guia.
  • Um cão-guia tem aproximadamente 7 a 8 anos de vida ativa, após os quais se aposenta e pode ser adotado.

Dicas para o treinamento do cão-guia

No treinamento mencionado acima, deve ser considerada uma série de elementos essenciais, sem os quais esse treinamento não seria eficaz. Confira quais são a seguir:

  • Uso do arnês: o arnês é o elo entre o cão e o ser humano. O cão deve se acostumar a usá-lo, pois a alça de metal pode incomodar no início.
  • Andar em linha reta: embora pareça óbvio, essa é a primeira coisa que um cão-guia aprende. Ele não pode se distrair com estímulos externos ao caminhar de um ponto a outro.
  • Subir e descer degraus: os desníveis são especialmente perigosas para uma pessoa que não enxerga. O cão aprende a parar em qualquer degrau para avisar ao humano uma mudança na altura do terreno.
  • Evitar obstáculos: essa é a parte mais complexa do treinamento. O cão aprenderá a ultrapassar obstáculos, mostrando o caminho ao seu tutor a uma certa distância dele.
  • Normas da circulação de pedestres: é fundamental que o cão saiba que deve parar sempre que houver veículos nas proximidades, como em semáforos ou faixas de pedestre. Além disso, aprenderá a parar sempre que houver risco de atropelamento.

Características do cão-guia

Nem todos os cães são aptos para se tornarem cães-guia. Para garantir a segurança de canídeos e humanos, há uma série de requisitos rígidos que devem ser satisfeitos:

  • Ter um tamanho adequado: os canídeos devem pesar entre 28 e 45 quilos.
  • Ser emocional e psiquicamente equilibrado.
  • Possuir traços de personalidade fortemente marcados. Entre eles, obediência, disciplina, inteligência e serenidade.
  • Ser submisso.
  • Ter uma saúde física forte: o animal não pode sofrer de problemas ósseos, cardiovasculares ou respiratórios, assim como de alergias e outras complicações que podem comprometer sua integridade e desempenho.
  • Ser astuto e mentalmente ativo, com boa capacidade de aprendizado.
  • Ter um caráter sociável e amigável.

Nem todas as raças são adequadas para se tornarem cães-guia. Os 3 mais utilizados são o pastor alemão, o labrador e o golden retriever. O primeiro, no entanto, é cada vez menos selecionado, devido aos seus fortes instintos de guarda e pastoreio.

Como conseguir um cão-guia?

O cão não é o único que deve satisfazer requisitos para se tornar guia de um humano. A pessoa que o adota como ajudante deve ser autônoma com a bengala e ter um bom nível de orientação, já que o cão não é um GPS, e sim guiado pelas indicações do cego.

Por outro lado, a pessoa deve ter as faculdades psicofísicas adequadas para lidar com o cão e assumir a responsabilidade por seu cuidado. Da mesma forma, a situação econômica da pessoa deve ser suficiente para arcar com os custos de manutenção do animal.

 

Um golden retriever é resgatado.

Dependendo do país em questão, alguns detalhes podem variar. De qualquer modo, o trabalho desses cães será louvável onde quer que seja: não há gratidão suficiente para um animal que dedica a sua vida a ajudar um humano de forma desinteressada.


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  • Fundación ONCE del Perro-Guía. (2021). Fundación ONCE del Perro Guía. https://perrosguia.once.es/es
  • Jakovcevic, A., & Bentosela, M. (2009). Diferencias individuales en los perros domésticos (Canis familiaris): revisión de las evaluaciones conductuales. Interdisciplinaria26(1), 49-76.
  • ¿Cómo se entrenan? (2021). Perros Guía. https://www.perrosguia.org.mx/comoseentrenan

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