O trombeiro-choupa: um peixe que vive em fundos rochosos
Escrito e verificado por a bióloga Paloma de los Milagros
O trombeiro-choupa, cujo nome científico é Spicara maena, é um peixe comum em todo o Mar Mediterrâneo e no leste do Oceano Atlântico. Seu baixo valor comercial e sua tendência a viver em grandes profundidades fazem com que a sua presença no mercado seja limitada.
O trombeiro-choupa é um peixe que se destaca por sua ampla distribuição geográfica. Por isso, o grande número de nomes comuns usados para designá-lo. Entre os mais conhecidos, destacam-se trombeiro entre os pescadores do Atlântico, e peixe-canário ou chucla entre os do Mediterrâneo.
Geralmente, vive próximo às águas costeiras, em grandes cardumes que nadam em fundos rochosos ou nas chamadas pradarias de Posidonia. Apesar de preferir esses ambientes, localizados entre 50 e 150 metros abaixo do nível do mar, também pode entrar em rios ou lagoas salobras.
Morfologia e comportamento do trombeiro-choupa
Esse peixe tem o corpo alongado e comprimido e, no caso dos machos adultos, destaca-se a presença de uma elevação na parte posterior da cabeça, que é pequena, com olhos grandes e uma boca pontuda com dentes em ambas as mandíbulas.
A barbatana dorsal tem linhas espinhosas e é longa e alta, assim como as barbatanas peitorais. Por sua vez, as barbatanas pélvicas são curtas e a caudal é bifurcada.
A coloração do trombeiro-choupa depende da idade e do sexo do peixe, assim como da estação do ano. Os tons de base mais comuns são cinza, azul e verde, enquanto as nadadeiras são marrons com manchas azuis. Essa pigmentação geralmente é mais vibrante nos machos, embora em ambos os sexos se destaque a presença de uma mancha na lateral que se mimetiza à noite.
A alimentação desse peixe é mista, pois varia conforme o momento em que ocorre. Assim, durante o dia, ele opta pelo zooplâncton e, ao entardecer, quando desce para águas mais profundas, captura pequenos invertebrados bentônicos do fundo.
A reprodução, ovípara e de fecundação externa, geralmente ocorre nos meses de julho e agosto. Nessa época, os machos adquirem tonalidades brilhantes que facilitam a atração das fêmeas que vão depositar os ovos nos ninhos previamente cavados por seus companheiros. Além disso, também vale ressaltar a sua condição de hermafrodita proterógino: amadurece sexualmente como fêmea e, anos depois, como macho.
Distribuição e estado de conservação
O trombeiro-choupa é comum no litoral de Portugal, Marrocos, Ilhas Canárias e, sobretudo, Itália. Embora seja relativamente fácil de pescar com anzol e redes, a sua carne sem sabor faz com que não haja uma grande demanda. No entanto, algumas áreas italianas da Toscana ou da Sicília fizeram desse peixe um de seus pratos mais turísticos.
A baixa valorização gastronômica do trombeiro-choupa, aliada a uma grande abundância populacional e sua ampla distribuição geográfica, fazem com que essa espécie seja classificada em estado ‘pouco preocupante’, de acordo com a UICN. No entanto, devido à ausência de características marcantes desse animal, ele geralmente costuma ser confundido com outros peixes semelhantes.
A confusão mais comum ocorre com a espécie Spicara flexuosa, já que há até mesmo especialistas que defendem que ambas seriam a mesma espécie. Apesar disso, a posição mais defendida é a sua distinção, já que esta última possui uma barbatana dorsal com a parte anterior mais alta e pigmentada, enquanto os machos se caracterizam por sua maior robustez.
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