A história da baleia-jubarte que salva a vida de uma mergulhadora
Há alguns dias, uma notícia se espalhou pelo mundo todo: uma baleia-jubarte salvou a vida de uma mergulhadora ao protegê-la de um ataque de tubarão. Os marinheiros sempre contavam histórias de baleias e golfinhos solidários, mas será que essa é a primeira evidência real que temos desse tipo de comportamento?
A história da bióloga e da baleia-jubarte
Nan Hauser é uma bióloga de 63 anos que há 28 anos mergulha em meio às baleias. No mês de janeiro, ela fazia uma imersão de rotina quando uma baleia-jubarte, um animal que ela conhece bem, começou a ter um comportamento estranho.
A mergulhadora e o vídeo que ela conseguiu gravar são testemunhas que o animal não deixava que ela submergisse. Enquanto ela tentava mergulhar para o fundo, o animal a empurrava com a sua cabeça para a superfície.
Por mais de 10 minutos, Hauser tentou compreender o comportamento do cetáceo. A bióloga afirma que nunca tinha passado tanto tempo tão perto desses animais e que, após algum tempo de intensa atividade, ficou ferida.
A baleia mostrava muito interesse em manter a bióloga perto dela: embora para ela isso seja um gesto de proteção ou de bondade, é perigoso para um corpo muito menor, como o dos humanos. Um gesto mal calculado ou um golpe de um animal tão grande pode chegar a quebrar ossos ou causar lesões nos órgãos do mergulhador.
Hauser decidiu, portanto, retornar à embarcação onde os seus companheiros de imersão estavam esperando por ela. Quando ela se afastou um pouco do cetáceo, se deu conta que havia um outro animal nadando com eles: um tubarão-tigre com mais de 4 metros de comprimento.
Foi aí que todo mundo começou a entender o que estava acontecendo: a baleia-jubarte estava protegendo a mergulhadora durante todo aquele tempo. Ela, focada nos movimentos da baleia, não tinha visto o tubarão. A sua experiência, relatada a um jornal dizia que:
“Eu tentei me afastar da baleia por medo de que ela investisse contra mim com força ou batesse com as nadadeiras ou com a cauda, e que, consequentemente, quebrasse os meus ossos ou danificasse meus órgãos. Se eu tivesse permanecido embaixo da sua nadadeira, teria me afogado (…). Eu não quis entrar em pânico, porque sabia que a baleia ficaria nervosa se eu estivesse com medo. Eu permaneci o mais calma possível, mas sabia que era provável que aquele era um encontro mortal”.
Graças a toda a sua experiência mergulhando com animais tão grandes, Nan Hauser soube manter a calma e não causar uma reação nervosa na baleia. Só assim pôde ir para o barco onde os outros mergulhadores a esperavam e poderiam ajudá-la.
Para a sua surpresa, depois de ter subido até a embarcação, ela pôde presenciar o momento em que a baleia sai até a superfície por um momento para se certificar de que a humana está a salvo. Ela aproveita para respirar, e, enquanto a humana lhe agradece por ter salvado a sua vida, ela submerge e se afasta.
O altruísmo nas baleias e de outros cetáceos
Há séculos, os marinheiros vivem contando histórias sobre golfinhos e baleias que ajudam a salvar a vida de seres humanos. Existem lendas que contam como os golfinhos acompanharam os marinheiros à deriva até a terra firme, mas nenhum caso real nunca tinha sido documentado.
Os biólogos que estudam os cetáceos sabem que nessa família de mamíferos o altruísmo existe. Há anos eles observam casos de baleias protegendo focas de predadores carnívoros, mas isso nunca tinha acontecido com um ser humano.
A bióloga Nan Hauser publicou o vídeo do seu encontro com a baleia-jubarte com a esperança de poder ajudar a expandir as pesquisas que já foram realizadas sobre a inteligência e o comportamento desse animal. A psicologia animal é ainda muito desconhecida para nós.
As lendas e as histórias dos marinheiros que devem a sua vida a um golfinho que os acompanhou até a terra firme, ou de uma baleia que os protegeu de um predador, não são exageros ou contos de fadas. Portanto, ainda temos muito a descobrir sobre a inteligência e o comportamento dos animais.
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