O que é adenite equina?

A adenite equina afeta as vias respiratórias superiores do cavalo. Essa disfunção pode levar o equídeo ao sufocamento e, consequentemente, à morte.
O que é adenite equina?
Ana Díaz Maqueda

Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A adenite equina, também conhecida como garrotilho, é uma infecção das vias respiratórias superiores do cavalo, causada pela bactéria Streptococcus equi. Além dessa espécie doméstica, o patógeno pode afetar outros equídeos, como pôneis, burros e mulas.

O garrotilho é uma das patologias mais contagiosas em cavalos e se transmite facilmente. Além disso, pode ser uma zoonose se a bactéria que causa a doença for Streptococcus equi subsp. zooepidemicus, que pode infectar humanos. Nas linhas a seguir, vamos contar mais sobre o quadro clínico de um cavalo que sofre de adenite equina.

Sinais clínicos de adenite equina

As bactérias que causam a adenite entram no animal pela boca e se alojam nos gânglios linfáticos ao redor da mandíbula. Quando isso ocorre, surge uma febre repentina, seguida pelos sinais clínicos típicos de um resfriado em cavalos, como tosse ou secreções.

Gradualmente, os nódulos submandibulares e retrofaríngeos – ambos localizados no início da garganta do cavalo – incham, formam abscessos e produzem secreção mucopurulenta.

Antigamente, muitos cavalos que sofriam com a doença sufocavam, devido à falta de ar em decorrência de estarem com as glândulas inchadas.

O curso da doença varia muito de um animal para outro. Em cavalos mais velhos, tende a ter um início moderado, graças a um sistema imunológico bem desenvolvido. Ao contrário, os jovens acabam apresentando problemas nos nódulos linfáticos muito mais graves e difíceis de curar.

Os sinais clínicos da adenite equina geralmente seguem o seguinte ritmo de aparecimento:

  1. Febre persistente, que se mantém até o pleno desenvolvimento da adenopatia.
  2. Aparecimento de anorexia e falta de apetite. Frequentemente, o animal fica em pé com o pescoço esticado. Tentar comer pode causar o refluxo do alimento pelas narinas.
  3. Depressão e apatia.
  4. Desenvolvimento de faringite, laringite e rinite.
  5. Aparecimento de secreções nasais, que podem começar serosas e terminar purulentas.
  6. Se o animal não expelir todo o muco pelo nariz, será possível ouvir um barulho nas vias superiores. Também será possível ver o aparecimento de muco nos olhos.
  7. Desenvolvimento da adenopatia. Os gânglios ficam inchados e podem permanecer assim por até uma semana. O primeiro sinal clínico da adenopatia é o aparecimento de um edema quente, difuso e doloroso no pescoço do cavalo.

 

Um cavalo árabe-espanhol e sua tutora.

Como a adenite equina é transmitida?

A principal via de contágio da adenite equina é o contato direto entre os espécimes. Um cavalo com adenite ativa que secreta continuamente muco é um foco de infecção importante para animais suscetíveis da mesma espécie – ou gênero.

A transmissão ocorre quando um animal doente cospe muco em um animal saudável. Os cavalos, por meio do seu comportamento social em que o contato cabeça-cabeça é o mais normal, podem se infectar com facilidade.

Além disso, existe uma forma indireta de contágio: compartilhar a mesma baia, o mesmo comedouro ou o mesmo bebedouro. Também é possível que o tratador seja quem transmita a infecção entre os cavalos, ao cuidar de vários ao mesmo tempo.

Por outro lado, alguns cavalos curados da doença ainda são transmissores da bactéria. Isso é o que se conhece como ‘portador subclínico de longo prazo’. Esse animal continuará a espalhar o patógeno na população, mesmo que pareça não ter a doença.

É muito importante continuar coletando amostras das secreções nos animais recuperados, para saber quando exatamente eles pararam de transmitir.

Complicações e tratamentos

Conforme mencionado, essa doença – apesar de ser muito contagiosa e incômoda – não causa uma grande mortalidade nos animais. No entanto, o desenvolvimento de abscessos nos gânglios linfáticos de animais jovens pode ser muito incômodo e difícil de curar.

O ideal é que todos os cavalos passem pela infecção como apenas mais um resfriado no qual os gânglios linfáticos estão envolvidos. Infelizmente, existe uma complicação muito pior que pode ser fatal na maioria dos casos.

Em casos raros, os abscessos se desenvolvem em outros órgãos do corpo, algo conhecido como ‘estrangulamento bastardo’. A propagação do abscesso pelo organismo pode ocorrer por várias vias, como pelo sangue, pela linfa ou pelos nervos. Os locais mais comuns para esses abscessos são os pulmões, o mesentério, o fígado, o baço, os rins e o cérebro.

Outra complicação importante é a infecção das bolsas guturais. Essas estruturas são divertículos relacionados ao sistema respiratório dos cavalos que conectam as trompas de Eustáquio com a faringe. Se essa região infectar, além de complicações clínicas, o animal pode se tornar portador por muito mais tempo.

Dada a diversidade de casos, cada animal costuma ter um tratamento diferente. Em geral, quase todos os tratamentos começam apenas com cuidados de suporte para o cavalo.

Observar como o animal evolui é fundamental, além de administrar anti-inflamatórios se houver dificuldade para engolir ou o animal apresentar febre. Também é vital fornecer uma dieta mais úmida e fácil de engolir. Ocasionalmente, alguns veterinários administram antibióticos ao paciente animal. No entanto, isso depende muito de cada caso individual.

Para os animais portadores, também existe um tratamento. Em primeiro lugar, o cavalo deve ser isolado, para evitar que infecte outros animais. Em seguida, o pus seco deve ser extraído das bolsas guturais através de uma endoscopia e com o uso de antibióticos tópicos dentro das bolsas.

 

A adenite equina pode ser fatal.

A adenite equina pode ser uma doença fatal, mas apenas em casos isolados. Claro, é uma patologia muito infecciosa, então os animais infectados devem sempre ser mantidos isolados e atendidos por profissionais o mais rápido possível.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Boyle, A. G., Timoney, J. F., Newton, J. R., Hines, M. T., Waller, A. S., & Buchanan, B. R. (2018). Streptococcus equi infections in horses: guidelines for treatment, control, and prevention of strangles—revised consensus statement. Journal of veterinary internal medicine, 32(2), 633-647.
  • Harrington, D. J., Sutcliffe, I. C., & Chanter, N. (2002). The molecular basis of Streptococcus equi infection and disease. Microbes and Infection, 4(4), 501-510.
  • Sweeney, C. R., Benson, C. E., Whitlock, R. H., Meirs, D. A., Barningham, S. O., Whitehead, S. C., & Cohen, D. (1989). Description of an epizootic and persistence of Streptococcus equi infections in horses. Journal of the American Veterinary Medical Association, 194(9), 1281-1286.
  • Taylor, S. D., & Wilson, W. D. (2006). Streptococcus equi subsp. equi (Strangles) infection. Clinical Techniques in Equine Practice, 5(3), 211-217.
  • Arias Gutiérrez, M. P. (2013). Adenite: a doença respiratória infeciosa de maior prevalência em cavalos ao redor do mundo. CES Medicina Veterinaria y Zootecnia, 8(1), 143-159.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.