Algumas cobras são boas mães
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
O instinto materno é algo muito importante para diferentes espécies do reino animal, sendo mais observado em mamíferos. No entanto, existem animais cujas fêmeas são rotuladas como mães descuidadas – é o caso dos répteis. Porém, descobriu-se que algumas cobras são boas mães, como as pítons.
Acredita-se que a maioria das cobras e outros répteis parece não se importar com seus filhotes, no entanto um novo estudo indica o contrário.
A píton africana: uma mãe de coragem
Sempre se pensou que as pítons e outras espécies de cobras fossem animais muito selvagens com seus descendentes, que pouco ou nada se importavam após a eclosão de seus ovos.
Mas uma equipe de cientistas descobriu que algumas cobras são boas mães, neste caso, é a primeira vez que isso é observado.
Especificamente, a serpente observada realizando este comportamento foi a píton africana (Natalensis python), que, como outras Pythonidae, é uma cobra constritora; isto é, que mata sua presa apertando-a até o sufocamento, não injeta veneno neles.
Esta cobra geralmente mede cerca de cinco metros, embora possa chegar a sete. Já foram encontrados espécimes com até nove ou dez metros, e 200 quilos de peso, o que a torna uma das maiores cobras do mundo.
A descoberta de que as cobras são boas mães
A descoberta foi realizada por Graham Alexander, pesquisador de uma universidade sul-africana.
Segundo o próprio Alexandre, torna-se o primeiro registro de cuidados maternos em ofídios ovíparos, dando novas pinceladas sobre o comportamento enigmático das cobras.
A equipe de pesquisa trouxe esta descoberta à luz após sete anos de trabalho; o que eles observaram é que as fêmeas de píton africana cuidam de seus filhotes por duas semanas após a eclosão dos ovos.
Embora pareça pouco tempo, devemos ter em mente que boa parte dos répteis, e especialmente de cobras, não cuidam de seus filhotes.
Esses animais nascem capazes de se alimentar sozinhos, e é bastante comum que nem conheçam a mãe, como é o caso, por exemplo, de algumas tartarugas marinhas.
No caso dessas cobras, a mãe fica com seus filhotes por cerca de 15 dias, enquanto observa seus primeiros movimentos e, o que é mais importante: durante o cuidado materno, a mãe píton aquece seus filhotes à noite. Isso porque, a princípio, seus filhotes não regulam bem a temperatura.
O experimento foi realizado com 37 pítons, oito dos quais depositaram seus ovos na toca de uma outra espécie de animal: o porco formigueiro, algo que também era desconhecido.
Graças aos transmissores de rádio, a equipe foi capaz de conhecer comportamentos novos e complexos das cobras pítons, que mostram que as cobras são boas mães quando querem.
Maternidade das pítons: uma atividade arriscada
Mas o comportamento maternal dessa espécie é arriscado. Durante a fase de gestação e cuidado dos seus filhotes, a píton perde 40% do seu peso.
Sua pele escurece para capturar os raios solares e aquecer os ovos e, depois, os filhotes: sua temperatura chega a 40ºC, o que leva o corpo da mãe a uma temperatura letal.
A maioria das cobras pode acelerar o seu metabolismo para aquecer seus ovos e filhotes, mas esse não é o caso da píton africana.
Portanto, ela passa a tarde recebendo luz solar perto da toca, para que depois seus filhotes possam passar a fria noite sul-africana aquecidos por ela.
Esse difícil processo de criação significa que muitas mães não se reproduzem novamente por vários anos, e até algumas podem morrer durante o processo ou se tornarem estéreis. Portanto, parece que algumas cobras são boas mães, por incrível que pareça. Algumas até mesmo sacrificam suas próprias vidas pelo bem de seus filhotes.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.