Os animais têm consciência?

Ao longo dos anos, o fato de os animais terem consciência ou não, tem sido uma questão de debate. A resposta, claro, não é simples.
Os animais têm consciência?

Última atualização: 27 julho, 2022

A consciência é uma daquelas grandes questões sobre a mente. Qualquer pessoa pode falar sobre isso, até mesmo dar uma definição aproximada, e todos estamos de acordo que ela existe e que temos uma. Mas e quanto aos outros seres vivos? Os animais têm consciência?

O fato de um animal estar ciente do que está acontecendo ao seu redor, incluindo a si mesmo, é algo que há muito tempo desperta a curiosidade dos humanos. Com o passar dos anos, a abrangência do termo “consciência” gradualmente ampliou seu espectro, alcançando espécies animais que jamais poderíamos ter imaginado.

A que chamamos de consciência?

A consciência é definida como a capacidade de não apenas processar estímulos que vêm do ambiente, mas de vivenciá-los de forma subjetiva. Ou seja, um ser consciente não apenas vê um objeto, mas sabe que o está observando.

A neurociência, em busca de respostas no cérebro, encontrou uma  base neurológica comum para a maioria dos animais em termos da capacidade de sentir e reagir emocionalmente a estímulos.

Por exemplo, em estudos comparativos entre mamíferos e aves, verificou-se que ambos possuíam os mecanismos necessários para ter uma consciência subjetiva de sua experiência, portanto, não era algo exclusivo dos mamíferos.

Tanto é verdade que, em 2003, na Francis Crick Memorial Conference – realizada na Universidade de Cambridge – a maioria dos neurocientistas assinou uma declaração afirmando que os animais não humanos são possuidores de consciência.

A que chamamos de consciência?

A consciência animal é comparável à humana?

Os primeiros estudos sobre consciência animal foram baseados em testes feitos em crianças. O teste do espelho, criado por Gordon Gallup, é um dos mais famosos. Nesse experimento, o animal foi marcado com uma mancha que só podia ser vista ao se olhar no espelho.

Os animais que passaram no teste – principalmente grandes macacos – exibiam comportamentos de autorreconhecimento: tentavam remover a mancha, olhavam para ela de diferentes ângulos ou faziam caretas.

O teste de espelho adaptado

O teste do espelho foi o mais utilizado até que os críticos levantaram a seguinte questão: todas as espécies percebem o mundo da mesma forma que nós? A resposta é não.

Para dar um exemplo, um cão depende muito mais do olfato do que um ser humano para interagir com o ambiente, assim como uma ave de rapina baseia quase toda sua percepção no sentido da visão, muito mais aguçada que a nossa.

Estas são algumas das espécies em que foi demonstrada a existência de uma consciência:

  • Cães: Alexandra Horowitz modificou o teste do espelho para se adequar ao olfato canino e descobriu que os cães passam mais tempo farejando o cheiro de outras pessoas do que o seu próprio.
  • Corvos: a maioria dos pássaros baseia sua experiência na visão, assim como nós. Existem testes de vídeo mostrando como algumas espécies passam no teste do espelho.
  • Golfinhos: conhecidos por sua grande inteligência, os golfinhos foram uma das primeiras espécies a passar no teste do espelho.
  • Elefantes: como os golfinhos, esses mamíferos sensíveis e complexos passaram no teste do espelho quase sem dificuldade.
  • Peixe: embora ainda não haja interpretação, o bodião-limpador (Labroides dimidiatus) apresentava comportamentos atípicos diante do espelho, que não haviam sido observados nas interações sociais com outros membros da espécie.

Modificar o teste do espelho nos deu a pista da qual nós, humanos, precisávamos: você não pode definir a percepção de todas as espécies pelo mesmo padrãoEste foi um avanço importante para a etologia e a demonstração de que a superioridade humana no planeta é cada vez menos sustentada.

A consciência animal é comparável à humana?

Então, os animais têm consciência?

Todas as evidências apontam para uma resposta positiva. Grupos que lutam pelos direitos dos animais lideraram esse caminho com estudos mostrando que animais não humanos sentem dor, algo que estabeleceu a base para a empatia por eles.

O caminho não para por aí: não só ficou demonstrado que os animais têm consciência, como também já foi comprovado que muitos deles apresentam comportamentos e emoções muito semelhantes aos nossos – como o senso de justiça ou até mesmo a compreensão da morte – o que torna impossível negar que eles podem ser tão sencientes quanto nós.


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