Castores na Espanha?
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
A presença de castores na Espanha poderia nos fazer pensar que esta é mais uma das muitas espécies exóticas invasoras, mas a verdade é que o castor vive na Espanha há apenas três séculos.
Existem duas espécies de castores no mundo: o castor americano (Castor canadensis) e o castor da Eurásia (Castor fiber).
Este castor europeu já habitou grande parte da Europa, mas atualmente sua presença se reduziu à Rússia, Alemanha, Polônia e península escandinava.
Por que o castor desapareceu da Espanha?
Tanto na Espanha quanto em outros países da Europa, o castor sofreu uma enorme perseguição. Em primeiro lugar, sua carne, na idade média, era considerada uma iguaria e um alimento adequado para a Quaresma.
Mas a sua extinção é mais moderna, e se deve sobretudo à caça de sua pele, muito apreciada para fazer casacos.
Também devido ao castóreo, uma secreção de suas glândulas que era usada em perfumes, medicamentos e aditivos alimentares.
O castóreo já foi usado para realçar o sabor da baunilha e mesmo da framboesa, para a fabricação de sorvetes, para dar cheiro aos cigarros e, também, na apicultura. Hoje, substâncias artificiais são usadas.
Há castores na Espanha?
Mas curiosamente, a verdade é que parece que há castores na Espanha. Uma soltura ilegal feita em 2003, de 18 castores alemães, foi impossível de controlar.
E nós dizemos impossível de controlar porque tentou-se erradicá-los por serem considerados espécies invasoras.
Embora esta mesma espécie já tenha vivido no rio Ebro, a verdade é que esses animais lá viviam sem controles veterinários.
Descobriram isso quando começaram a encontrar marcas clássicas de castores nesse rio, que só podiam ser executadas por esta espécie ou pelo homem: árvores derrubadas e diques.
Além disso, começaram a rastrear pegadas e fezes de uma espécie desconhecida na Península Ibérica, pelo menos por muitos anos. Assim, foi verificado que o castor europeu tinha voltado para Aragão.
Existem registros há séculos: de Cervantes aos romanos, através do naturista Konrad von Gesner, há dados sobre o castor até pelo menos o ano de 1583.
Desde 2018, acredita-se que centenas de castores já se espalharam ao longo de vários quilômetros do rio e estão criando uma população estável em Aragão, Navarra e La Rioja.
Recentemente, até mesmo imagens de vídeo das espécies foram obtidas, então não há dúvida de que esta espécie extinta está retornando aos rios espanhóis.
Para que servem os castores na Espanha?
Mas o castor não é apenas uma espécie bonita e curiosa. Assim como outros animais, forma toda a biodiversidade dos ecossistemas: quanto maior a biodiversidade, mais estáveis os ecossistemas e, portanto, mais benéficos para o ser humano.
O castor não é uma espécie a mais: na ecologia, ele é considerado uma espécie-chave, sendo um dos poucos que praticamente realiza obras de engenharia nos ecossistemas.
As modificações dos leitos dos rios por castores podem criar lagos e pântanos, o que aumenta a variedade de animais e plantas na área: espécies como o abetouro poderiam se beneficiar do retorno desses ecossistemas.
Portanto, como vimos, o retorno do castor para a Espanha pode não ser um acidente que deve ser controlado ou uma simples brincadeira.
Talvez ele possa ajudar a recuperar as áreas úmidas desse país, tão danificadas pelo uso irresponsável da água.
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