Como as mudanças de temperatura afetam os cães?

Escrito e verificado por a psicóloga Sara González Juárez

Última atualização: 08 agosto, 2024

Às vezes a vida nos leva para longe de casa e as mudanças de temperatura afetam tanto a nós quanto aos cães que chegam ao novo lar. Nesses casos, os ritmos circadianos do cão podem ser alterados por outro ciclo de luz e escuridão. Além disso, em climas frios os cães podem sofrer hipotermia e desenvolver infecções de pele, enquanto em climas quentes pode ocorrer insolação.

Embora esses animais possuam estratégias para se adaptarem às variações de temperatura e umidade, é importante saber como ajudá-los quando essa variação é muito abrupta. Nesse sentido, uma exposição gradual às alterações climáticas, bem como os cuidados com a pele e pelagem do cão, são algumas das recomendações quando vocês se deslocam ou viajam para outras latitudes, com condições diferentes das habituais.

Aqui você descobrirá como ajudar seu cão a lidar com essas mudanças de ambiente, bem como noções básicas sobre seus próprios mecanismos de regulação térmica. Não perca nada, pois essas transições devem ser o mais suaves possível para esses animais.

Mecanismos de termorregulação em cães

Se você mora com um cachorro, saiba que essa espécie não é capaz de suar como os outros animais. Portanto, os seus mecanismos para regular a temperatura corporal são diferentes (e menos eficientes) do que a transpiração:

• Respiração ofegante: quando um cachorro está com calor, ele ofega com frequência. Ao fazer isso, sua língua fica pendurada para fora da boca. Dessa forma, o animal expele o calor do corpo, enquanto o ar mais frio entra pelo lado de fora. Além disso, aproveita-se o princípio da evaporação da água no início do trato respiratório, o que também permite a dissipação do calor.
• Condução de temperatura: é normal que o cão procure superfícies frias – ou cave no chão – para se deitar sobre elas e assim transferir o frio para o seu corpo. Esse método é secundário, pois os cães possuem um sistema de vasos periféricos que não troca sangue quente por frio.

Nos cães, esse mecanismo não é muito eficiente; ao contrário de outras espécies, como os humanos, nas quais essa troca ocorre.

As únicas áreas do corpo do cão que possuem glândulas sudoríparas são as almofadas das patas, mas, por representarem uma parte tão pequena da superfície total do animal, não têm capacidade de baixar a temperatura corporal. É por isso que geralmente não se considera que um cão transpira como forma de regular seu corpo.

Uma mudança repentina no clima afeta os cães?

Ao longo da mudança das estações, vários processos fisiológicos variam gradualmente. Para ilustrar, com a chegada do inverno, o metabolismo acelera para produzir mais calor corporal. O comportamento também é modificado, controlando o nível de atividade e determinados comportamentos, para promover a termorregulação correta.

Quando essa mudança ocorre de forma abrupta – devido a uma mudança, por exemplo – o corpo do cão não tem tempo para se adaptar a um ritmo natural ao novo clima. Alguns dos efeitos que podem surgir dessas circunstâncias são os seguintes:

• Temperatura e umidade: em climas frios, os cães podem sofrer hipotermia se expostos a temperaturas mais baixas do que o normal. Por outro lado, em climas quentes e úmidos ficam suscetíveis à insolação, que pode ser fatal.
• Horário de verão: viajar para um país com outro ciclo luz-escuridão pode afetar os ritmos circadianos do cão. Isso cria distúrbios no sono e no apetite.
• Pele e pelagem: em climas secos, a pele fica seca e escamosa, o que pode causar irritação e coceira. Por outro lado, em climas úmidos é mais fácil o desenvolvimento de infecções fúngicas ou bacterianas na pele, conforme observado nesta publicação do International Journal of Livestock Research .
• Exercício e atividade: um cão que deve se adaptar abruptamente a um clima muito quente reduzirá significativamente a sua atividade. Em climas frios, ao contrário, é aconselhável que eles se movimentem mais, mas sempre sem se exporem por muito tempo às baixas temperaturas.
• Humor e comportamento: alguns cães tendem a demonstrar mais inquietação e ansiedade diante de mudanças. Climas muito diferentes do de origem, como aqueles com grandes tempestades ou dias de sol escaldante, afetarão a vida emocional do seu cão, gerando comportamentos atípicos.

Quanto mais abrupta for a mudança, mais medidas você terá que implementar para mitigar os efeitos.

Tenha em mente que o sistema imunológico do cão também enfrenta novos patógenos durante esse período, por isso você deve prestar muita atenção a qualquer sinal que indique um problema de saúde.

Dicas para ajudar os cães a se adaptarem às mudanças de temperatura

Embora existam muitos problemas que ameaçam a saúde do seu cão quando ele enfrenta uma mudança climática, também existem muitas medidas que você pode implementar para ajudá-lo na transição. Aqui estão várias delas que são bastante importantes:

• Exposição gradual: se a mudança no clima for significativa, você poderá expor o animal gradativamente a essa mudança. Faça pequenos passeios e adapte a sua nova casa para que tenha condições semelhantes às originais.
• Cuide da pele e da pelagem: como as dermatites, as infestações parasitárias e a qualidade da pelagem dependem em parte do clima, é importante ajudar o seu cão a mantê-lo em boas condições. Desparasite com mais frequência, se necessário, ou use produtos de banho específicos.
• Monitoramento do comportamento: embora seja normal observar mudanças no comportamento dos cães diante de um novo clima, preste atenção às alterações significativas no apetite e no nível de atividade. Você também deve observar outros sinais, como a aquisição de comportamentos problemáticos na convivência ou socialização.

Enfrentar as mudanças de temperatura com aconselhamento profissional

Por fim, não se esqueça da visita ao veterinário. Esse profissional lhe dará orientações específicas para o novo clima em que o seu animal vai viver, além de orientar sobre vacinas. As mudanças podem ser novas aventuras emocionantes, mas apenas se for procurado o bem-estar de todos os membros da família, humanos ou não.