O comportamento dos ouriços
Os espinhos pontiagudos e uma carinha tão adorável são o contraste perfeito para chamar a atenção fisicamente. De qualquer forma, além de sua forma física, o comportamento dos ouriços também revela suas peculiaridades, já que tem sido possível estudá-los em profundidade graças aos exemplares que são mantidos em cativeiro.
Apesar de ser um animal popularmente conhecido, alguns detalhes curiosos do seu comportamento não são particularmente famosos. Se você quiser saber um pouco mais sobre os ouriços, continue lendo.
Características dos ouriços
Os ouriços são representantes da família Erinaceinae, da ordem Eulipotyphla. Sua aparência física é caracterizada pela presença de espinhos de pelo cheios de queratina, que crescem em seu dorso, e seu focinho pontiagudo.
Esses animais se distribuem amplamente no continente africano, na Europa e na Ásia. Eles ocupam uma grande variedade de habitats: estepes, desertos, áreas abertas e florestas. São mamíferos que desempenham um grande papel como controladores de pragas de insetos e outros pequenos animais e isso, somado à sua grande adaptabilidade, os torna potenciais invasores.
Sua dieta é fundamentalmente insetívora, pois é composta por caramujos, mosquitos, gafanhotos e muitos outros invertebrados. No entanto, são mamíferos oportunistas: também podem se alimentar de pequenos camundongos e até enfrentar cobras, pois são imunes ao seu veneno.
Caráter dos ouriços
Os ouriços são animais solitários, procurando uns aos outros apenas na época reprodutiva, e têm hábitos noturnos. Eles tendem a ser territoriais, especialmente com outros machos que podem se infiltrar em sua área e comer seus recursos. Sua capacidade de se adaptar a diferentes temperaturas, umidades e fontes de alimentos é surpreendente.
A comunicação dos ouriços
A principal via de comunicação no comportamento dos ouriços é através do olfato. Um comportamento muito curioso a esse respeito é a unção: ao detectar um novo cheiro ou substância, o ouriço a pega com a boca para misturá-la com a saliva e espalhar em seus espinhos.
As causas da unção não são muito claras e considera-se que pode servir para atrair a atenção das fêmeas, da mãe ou como método de camuflagem contra predadores.
A outra principal forma de comunicação dos ouriços é a auditiva, por meio de vocalizações. As mais importantes estão abaixo:
- Vocalizações agudas como chamados à mãe por parte dos filhotes.
- Grunhidos, estalidos e roncos de territorialidade na presença de outro ouriço em sua área. É mais uma sondagem do que um aviso, já que os espécimes podem ser observados se farejando ou se medindo com golpes de cabeça.
- Se os ouriços sentem ameaças ao território, emitem silvos agudos e o equivalente a um cuspe, borrifando o oponente com gotas de saliva.
- As fêmeas atraem os machos com uma série de vocalizações semelhantes a choramingos. O macho, por sua vez, corteja com bufadas e vocalizações agudas parecidas com assobios.
O comportamento dos ouriços
Agora que você conhece as características básicas e a comunicação dos ouriços, aqui poderá se aprofundar no comportamento dos ouriços em diferentes aspectos de sua vida. Não perca!
Comportamento dos ouriços em seu habitat natural
Parte do comportamento desse mamífero visa encontrar um refúgio adequado. Ele tende a procurar locais com ambiente seco, evitando vegetações muito densas. Durante o dia, o ouriço costuma descansar em abrigos que mudam regularmente, embora às vezes passe temporadas no mesmo local.
Dependendo do clima da área em que vivem, os ouriços podem hibernar.
Seu refúgio ideal é uma área aberta, com vegetação que ofereça alguma proteção, mas não muito densa, e uma boa fonte de alimento na forma de populações de insetos. Se também houver matéria orgânica que permita o crescimento de fungos, melhor, porque às vezes também servem como alimento.
Além disso, é importante observar que os ouriços evitam áreas que parecem bons locais de nidificação para seus predadores, como cobras, raposas, texugos ou aves de rapina noturnas. Se encontram indícios de sua presença, eles se afastam e procuram outros lugares.
Comportamento dos ouriços em cativeiro
Quando está em cativeiro, o comportamento do ouriço costuma ser mais sedentário do que o dos espécimes silvestres, pois não ele tem a oportunidade de realizar as atividades que normalmente durariam a noite inteira, como encontrar alimento e abrigo. Por sua vez, isso aumenta o risco de obesidade, doença hepática e cardiomiopatias.
Os machos que se mantêm em grupo podem conviver se conseguirem estabelecer uma hierarquia entre eles. Se isso não funcionar, é possível que lutem ou até matem uns aos outros pelo território, por isso nunca é aconselhável ter mais de um espécime por gaiola.
As fêmeas prenhes, devido ao estresse de sua exposição a humanos ou a outros ouriços quando mantidas em grupo, tendem a incorrer no canibalismo de seus filhotes. Se não puderem ficar isolados durante o parto e nas semanas seguintes, outros ouriços também podem comer seus filhotes.
Os ouriços não são bons animais de companhia. Eles precisam de gaiolas de pelo menos 1 metro de comprimento e uma série de estímulos ambientais que são difíceis de fornecer em uma casa.
Comportamento alimentar
Embora possa não parecer à primeira vista, o ouriço é um grande escalador, o que lhe dá a oportunidade de explorar vários estratos do habitat: desde insetos enterrados no solo até aqueles que sobem nos ramos dos arbustos. Por ter hábitos generalistas, é possível vê-lo consumir matéria vegetal se encontrar algo apetitoso no solo, como sementes ou raízes.
Quando os ouriços exploram um alimento potencial, eles são cautelosos, cobrindo levemente o rosto com a dobra de espinhos que têm acima dos olhos. Se a presa for pequena, eles brincam um pouco com ela e depois a comem. Se, por outro lado, for algo grande, como ratos ou lagartixas, eles a pegam com os dentes em alta velocidade e a agitam até morrer.
Comportamento reprodutivo
O período de acasalamento do ouriço vai de abril a setembro e o período de nascimento vai de maio a outubro, pois a gestação dura cerca de um mês. As fêmeas podem ter várias ninhadas no mesmo período, visto que entram no cio 2 vezes.
Para chamar um macho, a fêmea emite sons semelhantes a assobios. Quando um deles finalmente a encontra, ele corre em círculos ao redor dela, tentando cheirar sua cauda, por várias horas. Se a fêmea não for receptiva, ela manterá os espinhos eriçados e até pode atacar o macho, mas se ela quiser, abaixará os espinhos para evitar feri-lo durante a cópula.
Os filhotes nascem com um tamanho de 6 a 9 centímetros e seus espinhos são recobertos por uma membrana aquosa que protege a mãe durante o parto. O desmame ocorre após 1 mês, e a maturidade sexual é atingida após 10 meses.
Comportamento defensivo
Talvez o comportamento do ouriço mais famoso seja enrolar-se sobre si mesmo quando ameaçado. Essa é uma forma de aproveitar sua defesa natural: os espinhos.
A isso acrescentam um comportamento realmente curioso: às vezes os ouriços untam os espinhos com o veneno de outros animais, aumentando assim o perigo para o predador que quiser atacá-los. Normalmente, eles obtêm essas toxinas estimulando sapos venenosos com pequenas mordidas.
Se, apesar tudo, forem capturados por um predador, eles podem emitir guinchos altos e agudos, o que confunde o atacante e gera a possibilidade de se soltar. Isso é útil para predadores como raposas, que urinam em cima do ouriço para forçá-lo a se desenrolar quando ele está em formato de bola.
Um animal com potencial invasor
Nenhuma das espécies de ouriço se encontra em qualquer categoria de ameaça significativa à sua conservação. No entanto, as populações naturais de várias espécies enfrentam problemas como a destruição de seus habitats, a retirada de animais silvestres de seu habitat para serem criados como animais de estimação e os atropelamentos acidentais.
O ouriço foi introduzido em vários países, como Nova Zelândia ou Inglaterra. É de vital importância que sejamos responsáveis em relação à posse desses animais exóticos, pois liberá-los em ambientes estranhos pode causar sérios danos aos biomas e, além disso, as medidas costumam consistir em exterminá-los assim que se tornem um problema.
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