Distocia em cadelas: causas, sintomas e tratamento
Escrito e verificado por o veterinário Daniel Aguilar
As cadelas grávidas requerem cuidados antes, durante e depois da gravidez. Cada uma dessas etapas exige certos cuidados médicos específicos para ajudar a preservar a saúde do animal. Se a sua cadela vai ser mamãe em breve, preste atenção, pois pode ocorrer um processo doloroso conhecido como distocia durante o parto.
Como em muitas doenças, a implementação de medidas preventivas é fundamental para evitar o surgimento de complicações. Não deixe de ler, pois neste artigo explicaremos os motivos que levam as cadelas a manifestarem essa condição, junto com algumas ferramentas que serão muito úteis para identificar o problema desde o início. Vamos lá!
O que é a distocia em cadelas?
A distocia em cadelas é definida como um processo de parto anormal no qual a fêmea é incapaz de expulsar o feto. As complicações que seu animal de estimação pode apresentar precisam ser atendidas com urgência por profissionais. Caso contrário, a vida da mãe e dos recém-nascidos ficarão expostas a grande risco.
Entre os muitos riscos envolvidos em todo o trabalho de parto, considera-se que 5% das fêmeas caninas grávidas podem ser candidatas à distocia. A duração do parto está intimamente relacionada à mortalidade dos filhotes, sendo a hipóxia (falta de oxigênio) uma das causas mais frequentes de morte em filhotes.
Embora todas as cadelas possam apresentar este quadro durante o parto, existem algumas raças cujas características morfológicas aumentam sua predisposição. A distocia é comum em cadelas braquicefálicas pertencentes a variantes como o buldogue inglês, o buldogue francês e o pug, bem como em cães em miniatura como o chihuahua, o pequinês e o yorkshire.
Principais causas da distocia em cadelas
Para que a distocia em cadelas se manifeste, alguns fatores devem precedê-la. Por exemplo, má postura fetal, posição anormal no útero, cachorros grandes e má apresentação em direção ao lúmen vaginal. No entanto, a principal razão reside em alguns processos maternos e fetais que compartilhamos a seguir.
Origem materna
A maioria dos processos maternos que desencadeiam distocia em cadelas está relacionada a patologias reprodutivas e nutricionais. Alguns deles são os seguintes:
- Ruptura uterina.
- Torção uterina.
- Problemas ósseos e fraturas pélvicas.
- Alterações do canal vaginal.
Durante o parto, o útero das cadelas realiza alguns movimentos cujo objetivo é expulsar o feto de seu interior. No entanto, em algumas pacientes há um problema conhecido como inércia uterina primária, em que as contrações uterinas não começam, deixando a fêmeas na fase de dilatação e, portanto, dificultando a expulsão.
Outro fator desencadeante da distocia em cadelas, que é de origem materna, decorre do esgotamento da musculatura uterina durante as contrações. Em cadelas com ninhadas grandes e com obstrução do útero, os movimentos de expulsão podem ser interrompidos. Esse tipo de condição é denominado inércia uterina secundária.
Origem fetal
Antes do nascimento, o filhote deve estar posicionado com a cabeça e os membros corretamente estendidos. Se por algum motivo isso não acontecer e o filhote estiver mal posicionado, é muito provável que ocorra um parto distócico.
Se a sua cadela estiver grávida, recomendamos que você faça um check-up médico rigoroso, com o qual poderá detectar a tempo certos processos anormais e, assim, preservar a integridade da sua melhor amiga. Alguns deles são os seguintes:
- Fetos muito grandes.
- Anasarca (edema generalizado do feto).
- Monstruosidades fetais.
- Produtos mortos.
Sintomas de distocia em cadelas
Quando se trata de problemas de distocia em cadelas, a observação será sua melhor ferramenta. Assim que o trabalho de parto começar, fique de olho no seu animal de estimação. Se você identificar qualquer uma dessas anormalidades, leve a cadela um veterinário urgentemente:
- Contrações prolongadas e improdutivas por mais de meia hora sem expulsão de produtos.
- Sinais de dor da mãe.
- Presença de fluido verde-escuro com odor fétido vindo da vulva.
- Fetos parados no meio da expulsão por mais de 15 minutos.
Métodos diagnósticos
O primeiro passo para se chegar a um diagnóstico de distocia em cadelas é realizar um exame físico e clínico completo da paciente. Além de avaliar a gravidez, o veterinário fará a verificação de seus sinais vitais e uma palpação abdominal. Também será possível avaliar as condições do canal vaginal, afastando assim os sinais de obstrução uterina.
Outras excelentes ferramentas diagnósticas que permitem observar o número de filhotes e sua posição atual são os exames radiológicos e a ultrassonografia. O veterinário pode usá-los para confirmar a distocia em cadelas.
É importante monitorar constantemente os fetos. Sua frequência cardíaca é geralmente de 200 bpm (batimentos por minuto) ou o dobro da da mãe no momento da realização dos exames. Uma queda na frequência cardíaca será um indicador de estresse fetal e do aumento das chances de distocia.
Tratamento da distocia em cadelas
As ações terapêuticas a serem escolhidas dependerão da raça e da gravidade do problema. O ideal é fornecer suporte abrangente baseado em técnicas manuais e farmacológicas.
Para iniciar o manejo, é necessário higienizar a região perianal e lubrificar o canal do parto. Uma vez verificado que os fetos estão mal posicionados, ao inserir os dedos médio e indicador, é possível tentar fazer um reposicionamento. Se possível, o médico pode removê-los com cuidado. Caso contrário, uma cesariana de emergência terá que ser realizada.
A administração de medicamentos (como oxitocina ou gluconato de cálcio a 10%) é indicada para cadelas com distocia decorrente de uma inércia uterina. O objetivo é acelerar a expulsão dos fetos, evacuar as membranas fetais e promover a involução uterina. Ambos os medicamentos são contraindicados para pacientes com distocia obstrutiva.
Se após experimentar esses tratamentos a cadela não apresentar melhora, será necessário recorrer à intervenção cirúrgica. A cesariana é indicada para pacientes com obstruções vaginais e pélvicas, com malformações fetais e em algumas raças que apresentam predisposição. Uma ovariohisterectomia (remoção do útero e dos ovários) não é descartada em cadelas com condições distócicas muito graves.
O prognóstico da distocia em cadelas é reservado, mas conhecer o manejo correto da gravidez desde os primeiros dias até após o parto reduzirá muito o risco de morte materna e fetal. Se a sua cadela estiver no grupo de risco e você quiser filhotinhos, consulte os profissionais e siga suas recomendações.
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