Três doenças reprodutivas que um cachorro pode ter

O aparelho reprodutor é o protagonista de muitas das consultas no atendimento veterinário de cães e gatos. Neste artigo, vamos mostrar três condições que podem fazer com que seu cão precise de cuidados.
Três doenças reprodutivas que um cachorro pode ter
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Os cães domésticos machos podem sofrer de inúmeras condições reprodutivas, mas talvez elas sejam subestimadas com mais frequência porque as doenças das fêmeas chamam mais a atenção.

Essa crença é compreensível até certo ponto, visto que as fêmeas têm um “mecanismo” a priori mais complexo. Mesmo assim, quando se trata de doenças, os machos não ficam muito atrás. A seguir, vamos mostrar as três doenças reprodutivas mais comuns que um cachorro macho pode apresentar.

1. A temida parafimose

O termo parafimose se refere a uma condição na qual o pênis não consegue retornar ao seu lugar habitual dentro do prepúcio. As causas são variadas, mas se destacam as seguintes:

  • Orifício prepucial muito pequeno (ou prepúcio muito curto), geralmente por causa de defeitos congênitos.
  • Pele ou pelos que impedem que o prepúcio retorne ao seu lugar natural.
  • O caso mais raro: uma condição neurológica que impede a retração do pênis.

O problema é que essa condição, se não for resolvida rapidamente, pode se tornar uma emergência. O prepúcio comprime a glande de forma a impedir o retorno venoso. Isso desencadeia um edema e a sua inflamação, deixando exposta uma mucosa muito sensível, sujeita a ulcerações e necrose.

Três doenças reprodutivas que um cachorro pode ter

O que devemos observar para suspeitar dessa patologia e como ela deve ser tratada

O mais evidente será a visualização do pênis sempre fora do prepúcio, avermelhado e inflamado, além do claro desconforto do animal, lambidas excessivas e sinais de dor na regiãoÀs vezes, ele pode se machucar e até mesmo se automutilar.

Para reduzir a inflamação, pode ser suficiente aplicar gelo na área e um lubrificante para permitir a retração do pênis. Na maioria dos casos, o animal irá resistir a essa manipulação e pode ser necessária uma leve sedação.

Isso pode ser benéfico, pois a sedação produz uma vasoconstrição generalizada, ajudando a reduzir a inflamação.

Se a causa subjacente for um defeito congênito do prepúcio, pode ser necessária uma cirurgia para aumentar o orifício. Se o órgão já estiver necrótico, a única opção será a amputação.

2. Torção testicular

A rotação de um dos testículos sobre o seu eixo vertical (ou seja, sobre o cordão espermático) é bastante grave e pode ocorrer por diversos motivos que levam à ruptura do ligamento escrotal. As consequências incluirão:

  • Oclusão dos vasos sanguíneos que irrigam o testículo, causando primeiramente um inchaço e a sua posterior necrose.
  • Oclusão dos canais deferentes.
  • Danos nos nervos que irrigam o testículo.

Existe uma patologia na qual a torção testicular é bastante frequente. Trata-se dos testículos intra-abdominais neoplásicos. Quando aumentam muito de tamanho, tracionam o ligamento e acabam rompendo-o.

Como o diagnóstico é confirmado? Será necessário operar?

É possível suspeitar de torção testicular quando o animal apresenta dores e testículos inflamados. De fato, o cachorro pode até mesmo se recusar a andar ou se automutilar na área.

Sem dúvida, esses sintomas só serão úteis se o testículo estiver no lugar, isto é, se não houver criptorquidia. Nas torções testiculares intra-abdominais, geralmente há uma maior piora do estado geral do cachorro e é possível palpar uma massa firme dentro do abdome caudal.

De qualquer forma, a torção de um testículo exigirá correção cirúrgica, mas pode ser necessário estabilizar o paciente previamente se a sua circulação estiver comprometida há muito tempo.

3. Prostatite bacteriana

A próstata é uma glândula sexual acessória que os cães têm na parte posterior da bexiga, ao redor da uretra. Às vezes, essa glândula é invadida por bactérias, tais como Escherichia coli, Staphylococcus spp. ou Streptococcus spp.

A causa comum é a presença de outras patologias subjacentes, tais como hiperplasia prostática ou metaplasia escamosa. Essas doenças podem fazer com que o número de bactérias dentro da uretra prostática aumente, causando a infecção.

Diagnóstico

Em termos de sintomas, os cães vão apresentar sinais compatíveis com qualquer outra infecção, tais como febre, vômitos ou dor abdominal. É verdade que às vezes aparecem sinais locais (como o pus no orifício uretral) que podem nos dar alguma pista. Mas a confirmação será feita:

  • Por meio da palpação retal, durante a qual será avaliada a glândula dolorida e de contorno irregular.
  • Por meio de exames de sangue, nos quais haverá sinais inequívocos de infecção.
  • Através de uma cultura de urina ou até mesmo de uma citologia do esperma.
Três doenças reprodutivas que um cachorro pode ter

Quais são as opções terapêuticas?

Será necessário um tratamento antimicrobiano bastante longo, pelo menos até que nenhuma bactéria seja encontrada no fluido prostático. Só assim vamos evitar que a doença se torne crônica. Contudo, caso se torne, será necessário operar.

A administração de hormônios para reduzir o tamanho da próstata pode ser útil. Mas atenção! A administração contínua de estrogênios pode causar uma metaplasia prostática. E, como vimos anteriormente, isso predispõe a uma nova prostatite.


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  • King L, Boag A. BSAVA manual of canine and feline emergency and critical care. 2nd ed.

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