Encefalite equina: causas, sintomas e tratamento

A encefalite equina é uma doença grave que afeta tanto cavalos quanto humanos, Aprenda aqui como evitar o contágio no estábulo.
Encefalite equina: causas, sintomas e tratamento
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A encefalite equina é uma doença que afeta cavalos, mas também pode infectar humanos. Essa zoonose é uma das patologias mais graves transmitidas por um vetor vivo: o mosquito. Isso porque a taxa de mortalidade em humanos após a infecção é de 33% e os sobreviventes apresentam danos neurológicos irreversíveis.

Na América do Norte, sabe-se que os vírus que causam a encefalite equina são endêmicos há décadas. Estima-se uma soroprevalência de 8,7% dos equídeos em áreas rurais, ou seja, quase 10 em cada 100 equídeos transmitem ou vão transmitir a doença em algum momento. Se você quiser saber mais sobre esse grupo patológico, continue lendo.

O que é encefalite equina?

O termo encefalite equina engloba um grupo de patologias, não apenas uma. Todas essas doenças infecciosas são causadas por agentes virais em eqüídeos com sintomas semelhantes, mas a taxa de mortalidade, o prognóstico e o potencial epidemiológico variam muito entre cada condição. Portanto, vamos analisá-las separadamente nas linhas a seguir.

 

A encefalite equina é transmitida por vetores.

1. Febre do Nilo Ocidental (FNO)

Esse quadro clínico é causado pelo vírus do Nilo Ocidental ou West Nile Virus (WNV). Ela produz encefalite em cavalos e humanos, mas também pode afetar as aves, que atuam como reservatórios naturais para o patógeno. O contágio entre hospedeiros ocorre por meio de várias espécies de mosquitos, especialmente Culex pipiens, que infectam mamíferos ao picar e se alimentar de seu sangue.

De acordo com fontes profissionais, apenas 10% dos cavalos afetados por esse vírus desenvolvem sintomas. Além disso, os infectados geralmente morrem. O patógeno viaja do sangue para a medula espinhal e o cérebro, onde provoca um processo inflamatório e vários sinais clínicos de natureza neurológica.

2. Encefalite equina do leste (EEL)

Essa é a variante de encefalite equina mais amplamente estudada no geral. Causada por um vírus do gênero Torgavirus, a EEE tem um prognóstico muito pior para animais infectados a curto e longo prazo. Também é transmitida entre equídeos e humanos por meio de vetores (mosquitos) e, infelizmente, a taxa de sobrevivência em pessoas infectadas é inferior a 50%.

3. Encefalite equina venezuelana (EEV)

A EEV é causada pelo vírus homônimo que lhe dá seu nome, pertencente ao grupo dos arbovírus. A premissa é muito semelhante aos casos anteriores, mas essa variante atinge uma mortalidade de 90% em cavalos. É a condição de pior prognóstico no grupo da encefalite equina.

4. Encefalite equina do oeste (EEO)

A encefalite equina do oeste, junto com a FNO, é o tipo menos grave de encefalite equina. Alguns cavalos transmitem essas infecções sem apresentar nenhum sintoma e, no processo, desenvolvem anticorpos que os protegem de futuras exposições ao vírus.

Sintomas

Conforme indicado pelo site MSD Veterinary Manual, os sintomas dependem muito da variante do vírus que infectou o cavalo. De qualquer modo, todas essas condições são incluídas no termo encefalite equina porque causam certos sinais clínicos neurológicos. Confira a seguir os mais comuns:

  • Febre alta: o cavalo pode apresentar uma temperatura corporal em torno de 39,4° C.
  • Comportamento desajeitado, cansaço, incapacidade de engolir alimentos e falta de apetite.
  • Perda de visão.
  • Movimentos injustificados repetitivos e apoio da cabeça em superfícies sólidas, um comportamento muito comum nesses quadros.
  • Cãibras musculares, paralisia dos nervos cranianos, paralisia motora, incapacidade de ficar de pé e outros sinais neurológicos.
  • Nos casos mais graves, convulsões e morte. A encefalite equina venezuelana tem uma taxa de mortalidade de até 90% dos afetados.

O período de incubação é de 3 a 7 dias, mas é importante observar que animais infectados não podem transmitir o vírus diretamente para seus companheiros de estábulo. Os patógenos desse grupo são transmitidos apenas por vetores intermediários (mosquitos), e não por contato direto, espirros ou tosse.

Outras patologias, como as intoxicações, podem causar sintomas semelhantes aos mencionados em cavalos.

Como a encefalite equina é diagnosticada?

É necessário suspeitar dessa patologia quando algum sintoma neurológico é observado no cavalo, especialmente se isso acontecer durante um surto epidêmico ou nas épocas do ano em que os mosquitos estão mais ativos. Diversas patologias podem ser confundidas com a encefalite equina, portanto, diante dos sinais citados, a única opção é consultar o veterinário.

Na clínica, o profissional fará a coleta de sangue e de líquido cefalorraquidiano para a detecção de anticorpos específicos para qualquer uma das variantes virais mencionadas. Se o diagnóstico se complicar, também é possível recorrer ao PCR e a outras reações moleculares, que buscam amplificar o material genético do vírus na amostra.

Tratamento

Infelizmente, não existe um tratamento padrão para a encefalite equina. A abordagem é sintomática, o que significa que os sinais clínicos são tratados, e não a própria infecção. Pode ser necessária a realização de fluidoterapia intravenosa se o cavalo não puder comer, assim como a administração de medicamentos anti-inflamatórios, anticonvulsivantes e outros fármacos específicos.

De qualquer modo, é importante destacar que atualmente existem vacinas para quase todas as variantes citadas. O veterinário pode recomendar uma ou outra para os potros do estábulo, dependendo da localização geográfica do estabelecimento e da época do ano. Conforme indicado por fontes profissionais, são necessárias 3 doses no total para adquirir imunidade, aos 4, 5 e 6 meses.

Prevenção

Além da vacinação obrigatória em certas regiões, existem determinadas medidas preventivas para evitar a encefalite equina em cavalos que vivem em estábulos. Algumas delas são as seguintes:

  • Usar inseticidas regularmente no ambiente dos cavalos, especialmente se for primavera ou verão. É necessário ter um cuidado especial nas estações chuvosas.
  • Manter os cavalos protegidos à noite. É a hora em que os mosquitos saem em busca de sangue.
  • Eliminar ou minimizar quaisquer fontes de água paradas desnecessárias. Os mosquitos precisam desses locais para que as larvas possam se transformar em adultos funcionais.
  • Se você precisa ter fontes de água parada, acrescente peixes de água doce que se alimentam de larvas de mosquitos. Seja coerente com a fauna do ambiente e utilize apenas espécies que já estão estabelecidas no ecossistema.
  • Remover o lixo e as fontes de matéria orgânica em decomposição do estábulo.

Como você pode ver, quase todas essas medidas buscam reduzir os locais de crescimento e reprodução dos mosquitos. Sem vetores, o vírus não pode ser transmitido e o contágio é minimizado, tanto cavalos quanto em humanos.

 

Um cavalo árabe-espanhol e seu guardião.

Uma doença grave

Em resumo, a encefalite equina é uma doença que não pode ser ignorada. Embora algumas variantes possam ocorrer de forma assintomática, outras causam a morte em quase 100% dos casos. Além disso, os cavalos sobreviventes podem apresentar sinais clínicos neurológicos irreversíveis e permanentes.

A vacinação é essencial em áreas onde a doença é endêmica. Esse ato não protege apenas os  cavalos vulneráveis, mas também evita a propagação do vírus e o transmissão para os humanos. É dever de todos combater os agentes infecciosos antes que eles provoquem doenças na população em geral.


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