Logo image
Logo image

O escorpião Leiurus quinquestriatus: um dos mais venenosos do mundo

4 minutos
Os escorpiões sentem sua presa por meio de pelos sensíveis em suas patas. Dessa forma, eles podem detectar vibrações e se mover facilmente à noite.
O escorpião Leiurus quinquestriatus: um dos mais venenosos do mundo
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Os escorpiões estão entre os animais venenosos mais antigos que existem. Os ancestrais desses invertebrados habitaram a Terra por 350 milhões de anos e, até agora, deram origem a mais de 2500 espécies. Especificamente, o escorpião Leiurus quinquestriatus é um dos mais venenosos do mundo.

Os escorpiões se especializaram na caça de insetos e outros pequenos seres vivos, mas alguns deles ousam enfrentar até mesmo vertebrados. Se você quiser saber mais sobre esse assunto, continue lendo.

Escorpiões e seu veneno

Pode parecer estranho à primeira vista, mas na realidade esses animais têm mais relação de parentesco com as aranhas do que com qualquer inseto. Em outras palavras, tanto aranhas comuns quanto tarântulas e escorpiões são aracnídeos. Especificamente, os escorpiões preferem ambientes tropicais e ocupam habitats como florestas, savanas e desertos.

Os escorpiões podem ser encontrados em quase qualquer lugar do mundo. No entanto, são mais frequentes em ecossistemas áridos ou selváticos do que em áreas próximas aos polos. Esses animais saem para caçar à noite e se alimentam de outros insetos, lagartos ou roedores. Seus principais inimigos naturais são as aves.

No mundo, são registrados anualmente quase 1,2 milhão de acidentes com picadas de escorpião, segundo a Clínica Mayo. No entanto, apenas 30 das 1500 espécies tóxicas desse grupo podem ser letais para os humanos.

O veneno que esses aracnídeos injetam pode conter alguns componentes neurotóxicos, o que lhes permite paralisar a vítima. Além disso, muitas dessas toxinas são de importância médica, pois afetam os sistemas cardiovascular e pulmonar do corpo humano. Como você pode imaginar, isso pode levar a um desenlace fatal.

 

Some figure

O escorpião Leiurus quinquestriatus

Esse invertebrado provém do deserto do Saara, mas conseguiu se deslocar para a região do Mediterrâneo. É um aracnídeo bastante longo, pois pode atingir 110 milímetros de comprimento. Além disso, é adequado para viver sob rochas ou canais cavados por si mesmo em áreas desérticas.

Em relação aos aspectos físicos, esse escorpião é de cor amarela, com listras horizontais cinza por todo o corpo. Em sua cauda, é possível ver uma parte escura que contrasta com o resto do organismo. Essa característica pode ajudar na identificação, mas não é 100% confiável.

Distribuição perigosa

Essa espécie se encontra restrita ao Sudão e ao Egito. Mesmo assim, animais semelhantes foram encontrados em diferentes regiões do Norte da África. Anteriormente, acreditava-se que esses avistamentos correspondiam ao escorpião Leiurus quinquestriatus, no entanto, os cientistas classificaram 12 populações diferentes nessas observações.

Ainda existem várias dúvidas sobre esse escorpião, mas é um fato que ele continua a se mover para outras áreas. Já foram relatados casos de espécimes encontrados vivendo dentro de casas, algo que antes era raro.

A dança do escorpião

Para sua reprodução, esses animais se comportam da maneira mais romântica possível. Pegam o parceiro pelas pinças e começam a dançar, como se fosse uma valsa . Se a fêmea aceitar o cortejo, o macho coloca em uma cápsula seus espermatozoides e a leva até ela.

Em média, a gestação dos filhotes ocorre em 158 dias e a fêmea dá à luz 63 pequenos escorpiões. São muitos, mas a maioria morrerá nos primeiros dias de vida, devido ao canibalismo intraespecífico característico dos aracnídeos.

Um veneno rápido e fatal

Infelizmente, o perigo de um escorpião não pode ser medido por sua cor. Esse animal, além de ser um dos venenos mais perigosos do mundo, também tem o recorde de ser um dos mais rápidos para picar. Ele é capaz de se mover a quase 130 centímetros por segundo, bastante veloz em comparação com outros escorpiões.

O veneno dessa espécie é capaz de causar danos ao sistema cardiovascular e respiratório, conforme indica a revista profissional Toxicon. Por causa disso, esse escorpião é particularmente perigoso para crianças e bebês, pois as toxinas afetam mais pessoas com menos peso.

Embora possa ser perigoso, também se abre a oportunidade de usar o veneno como remédio para outras doenças. As propriedades dessas toxinas ainda estão sendo estudadas, mas acredita-se que as de algumas espécies realmente possam reduzir os tumores em pacientes com câncer, de acordo com pesquisas recentes.

Nem tudo é ruim quando se trata de venenos.

 

Some figure

O que parece perigoso nem sempre é ruim para a humanidade. Pelo contrário, os venenos dos seres vivos nos dão a oportunidade de ver novos usos que beneficiam nossa saúde. No fim das contas, devemos lembrar que coexistimos com muitas espécies e precisamos aprender a conviver com elas, não a erradicá-las.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • De Roodt, A. R. (2015). Veneno de escorpiones (alacranes) y envenenamiento. Acta bioquímica clínica latinoamericana49(1), 55-71.
  • Córdoba, M. M. S., & Patiño, R. O. (2000). Los escorpiones: aspectos ecológicos, biológicos y toxinológicos. Medunab3(7), 17-23.
  • Sarhan, M., Badry, A., Younes, M., & Saleh, M. (2020). Genetic diversity within Leiurus quinquestriatus (Scorpiones: Buthidae) populations in Egypt as inferred from 16S mDNA sequence analysis. Zoology in the Middle East66(3), 269-276.
  • Ross, LK. (2009). Notes on gestation periods and litter size in the arenicolous buthid scorpion Leiurus quinquestriatus (Ehrenberg, 1828) (Scorpiones: Buthidae). Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases15(2), 347-352. https://doi.org/10.1590/S1678-91992009000200015
  • Mohamed A. A. Omran & Alistair McVean (2000) INTRASPECIFIC VARIATION IN SCORPION LEIURUS QUINQUESTRIATUS VENOM COLLECTED FROM EGYPT (SINAI AND ASWAN DESERTS), Journal of Toxicology: Toxin Reviews, 19:3-4, 247-264, DOI: 10.1081/TXR-100102322
  • Al-Shanawani, A. R., Fatani, A. J., & El-Sayed, F. H.. (2005). The effects of a sodium and a calcium channel blocker on lethality of mice injected with the yellow scorpion (Leiurus quinquestriatus) venom. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases11(2), 175-197. https://doi.org/10.1590/S1678-91992005000200008
  • Coelho, P., Kaliontzopoulou, A., Rasko, M., & van der Meijden, A. (2017). A ‘striking’relationship: scorpion defensive behaviour and its relation to morphology and performance. Functional Ecology31(7), 1390-1404.
  • PERETTI, A. V., ACOSTA, L. E., & BENTON, T. G. (1999). Sexual cannibalism in scorpions: fact or fiction?. Biological Journal of the Linnean Society68(4), 485-496.
  • Habib, T. N., Hassan, H. A., Ali, F. M., & Mahrous, N. S. (2019). Evaluation of Leiurus quinquestriatus scorpion venom anticancer potential against Prostate Cancer Cell Lines (PC3). Journal of Environmental Studies [JES]19, 7-13.
  • Goyffon, M. (2002). Scorpion stings in sub-Saharan Africa. Bulletin de la Societe de pathologie exotique (1990), 95(3), 191-193.
  • D’Suze, G., Rosales, A., Salazar, V., & Sevcik, C. (2010). Apoptogenic peptides from Tityus discrepans scorpion venom acting against the SKBR3 breast cancer cell line. Toxicon, 56(8), 1497-1505.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.