O que as estrelas-do-mar comem?
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
As estrelas-do-mar, também conhecidas como starfish em inglês, são famosas na cultura do mundo todo, pois muitas espécies costumam ser observadas em praias e durante mergulhos. Em todo caso, além de sua relação com a água do mar, a população em geral pouco sabe sobre elas. Por exemplo, você saberia dizer o que as estrelas-do-mar comem?
Sua aparência estranha é desconcertante, pois ao analisar a superfície do corpo de uma estrela-do-mar não se vê nenhum olho, perna ou boca. Como um ser vivo aparentemente arcaico se alimenta? Nas linhas a seguir, daremos as respostas. Continue lendo.
O que são as estrelas-do-mar?
Antes de responder à pergunta sobre o que as estrelas-do-mar comem, achamos importante enquadrá-las na taxonomia. Em primeiro lugar, deve-se notar que todos os invertebrados aquáticos designados com esse nome genérico são encontrados na classe Asteroidea, por sua vez localizada entre os equinodermos. O grupo inclui cerca de 1500 espécies diferentes, que habitam os mares desde os trópicos até as águas polares.
A maioria dos asteroides tem um plano corporal comum: um disco central e 5 braços (embora algumas espécies tenham muitos mais). Sua seção aboral (dorsal) costuma ser espinhosa e dura, enquanto a face ventral é mais mole e se caracteriza pela presença de múltiplos pés ambulacrais, essenciais para a locomoção em equinodermos.
Os tamanhos e as cores das estrelas-do-mar são muito variados, pois seu diâmetro, dependendo da espécie, varia de 2 centímetros a 1 metro e os tons podem variar do preto ao amarelo, passando pelo roxo, laranja, avermelhado, azulado e muitas outras tonalidades. Sem dúvida, a espécie com a qual a sociedade em geral está mais familiarizada é Asterias rubens.
A maioria das estrelas-do-mar tem 5 braços, mas algumas espécies têm até 40.
O que as estrelas-do-mar comem?
Agora que conhecemos esses enigmáticos invertebrados um pouco melhor, estamos prontos para responder o que as estrelas-do-mar comem. Embora de aparência pacífica e aparentemente sem boca, esses animais enganam bem: a maioria dos asteroides são predadores generalistas, alimentando-se de esponjas, moluscos bivalves, caracóis marinhos e outros pequenos invertebrados.
Sem dúvida, seu método de alimentação é estranho aos humanos. A estrela-do-mar tem uma boca localizada em sua seção ventral no centro do disco (ou seja, que não se vê de cima, mas de baixo), que é circundada por uma espessa membrana peristomial e fechada por um esfíncter muscular. Esse orifício se comunica diretamente com o esôfago, que se liga ao estômago.
O mais curioso sobre esses invertebrados é que seu estômago é dividido em 2 seções: a cardíaca e a pilórica. A primeiro é eversível, ou seja, a estrela-do-mar pode “regurgitar” parte de seu aparelho estomacal para fora. Isso causa a liberação de enzimas digestivas, fazendo com que a presa comece a ser digerida viva no ambiente aquático.
Depois que a presa morre e se transforma em uma espécie de mingau, o estômago cardíaco retorna à sua posição normal e o alimento passa para a seção pilórica. Assim, a estrela-do-mar é capaz de comer presas vivas sem ter dentes, garras ou venenos para subjugar suas vítimas. Incrível, não é?
Um neuropeptídeo específico provoca a retração e a eversão da porção do estômago da estrela-do-mar.
Os intrincados métodos de caça das estrelas-do-mar
A tarefa nutricional da estrela-do-mar é bastante complicada se considerarmos que muitas delas se alimentam de moluscos bivalves, como mexilhões, berbigões e vieiras. Para enfrentar as conchas fechadas desses animais, alguns asteroides usam a força incomum de seus pés ambulacrais e conseguem fazer uma pequena abertura. Em seguida, inserem parte de seu estômago e liberam suas enzimas, matando a presa.
Vários estudos investigaram as técnicas de caça das estrelas-do-mar, especificamente a relação entre Asterias rubens e suas presas, os pectinídeos (vieiras). Foi observado que os asteroides tendem a selecionar bivalves de pequeno e médio porte, pois conseguem chegar até suas conchas sem serem percebidos.
As estrelas-do-mar secretam passivamente compostos chamados saponinas, e os moluscos pectinídeos são capazes de detectá-los. Portanto, quando percebem quimicamente que um asteroide está se aproximando, eles se colocam em uma posição de “propulsão” e escapam. Como resultado dessa interação, as estrelas-do-mar podem selecionar apenas os espécimes mais lentos e menores.
As exceções que confirmam a regra
Embora tenhamos apresentado o que as estrelas-do-mar comem em geral, deve-se observar que nem todas as espécies seguem essa regra. Por exemplo, os asteroides mais primitivos (como Astropecten) engolfam sua presa sem liquefazê-la quimicamente e a digerem inteiramente na parte cardíaca do estômago.
Existem espécies detritívoras, que se alimentam da matéria orgânica em decomposição no fundo do mar, e outras suspensívoras, que ingerem o fitoplâncton flutuante na água. Nem todas as estrelas-do-mar são predadoras, mas essa é a estratégia alimentar das espécies mais famosas e abundantes.
Sem dúvida, a questão proposta aqui, o que as estrelas-do-mar comem, guarda muito mais segredos do que se poderia imaginar. Elas não são apenas animais predadores, mas também usam um dos métodos de caça mais incríveis do mundo animal — regurgitam o próprio estômago e digerem suas vítimas vivas. A natureza nunca deixará de nos surpreender com sua dureza.
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