O gorila da montanha, um primata único
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
Ainda que muitas espécies de animais mereçam atenção, existem algumas que possuem uma história natural e relação com o homem particularmente únicas, que nos chamam muito a atenção. O gorila da montanha (Gorilla beringei beringei) é uma delas.
O gorila da montanha: a origem
Para começar a entender quão especial é esse primata, devemos começar por sua taxonomia. A terminação gorila engloba duas espécies animais: o gorila ocidental, que possui a subespécie das terras baixas e a subespécie do rio Cross, e o gorila oriental, com a subespécie de terras baixas e a subespécie do gorila da montanha, que é da qual vamos nos referir neste artigo.
O gorila da montanha é então uma subespécie do gorila oriental, e só restam duas populações em estado silvestre: uma delas encontra-se nas míticas montanhas de Virunga, que protagonizaram um documentário há pouco tempo. A outra encontra-se na selva de Bwindi, em Uganda.
Após chegarem vários esqueletos da Europa, que permitiram sua classificação, o naturalista Carl Akeley convenceu Alberto de Bélgica a montar um acampamento nas Montanhas de Virunga. Foi George Schaller quem iniciou os estudos sobre esta espécie, para depois passar seu legado a Dian Fossey, que tornou famosa a espécie e a salvou da extinção. Fossey deu sua vida pela espécie de forma trágica.
Por que o gorila da montanha é único?
Com grandes mechas negras, mais intensas que em outros gorilas, esse primata, bem como narrava Fossey em seus diários, vive em selvas impenetráveis, rodeadas de uma névoa espessa, e permaneceu desconhecido por milênios pelas populações ocidentais.
Essa espécie, totalmente isolada, sofreu a endogamia durante milhares de gerações, algo que é prejudicial para as populações de animais selvagens. A endogamia conduz a genes similares, que fazem com que, diante de mudanças ambientais ou doenças, toda a população seja ameaçada.
Além disso, a endogamia traz a aparição de doenças genéticas e, até mesmo, má formações. A própria Dian Fossey registrou em seus cadernos que distinguia a linhagem de gorilas por deformações, como a presença de seis dedos nas mãos, um sinal claro do custo genético de viverem isolados.
O preço da fama do gorila da montanha
Essa espécie esteve a ponto de ser extinta, mas os esforços de Dian e de outros cientistas fizeram com que, hoje em dia, as populações dobrassem. Ainda assim, o custo é alto. Uma equipe veterinária conhecida como os doutores de gorilas cuida dos animais de forma constante.
A fama que a vida de Fossey trouxe chegou também ao turismo, que faz com que os gorilas não tenham só cuidados veterinários, mas também câmeras apontadas para eles. Algo que traz dinheiro para sua proteção, mas também doenças humanas às quais os gorilas são sensíveis e que aumentam a vontade de observar a fauna selvagem.
Alguns vírus e doenças respiratórias acabaram com a vida de muitos destes gorilas, que estão cada vez mais cercados por áreas de cultivo. Por isso, os turistas são muitas vezes obrigados a utilizarem máscaras e a manter distância destes animais.
Essa forma peculiar de conservar a natureza faz com que, às vezes, ocorra incidentes com os turistas, mas o certo é que este gorila pacífico dificilmente se sente ameaçado pelas dezenas de olhos curiosos que são acompanhados por guardas até as profundidades da floresta.
O legado de Dian Fossey
Quando Dian começou a estudar esses animais, deu-se conta de que eles estavam perto de desaparecer: a caça de animais para exibições na América e na Europa, o conflito com o homem, a caça furtiva e a perda do habitat havia diminuído cada vez mais a saúde do gorila da montanha.
É por isso que ela não se limitou simplesmente a estudar a espécie. Também criou patrulhas de guardas e cães contra a caça que se dedicam a retirar armadilhas e que conseguem proteger uma parte maior do habitat deste animal, ensinando ao mundo a importância de salvá-los.
Muitas pessoas asseguram que sem o incansável trabalho de Dian Fossey, essa espécie já estaria extinta. Hoje, sobrevivem mais de 800 exemplares nas selvas impenetráveis da África. Tomara que seus reinos possam se estender ainda mais.
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