Hemodiálise em cães e gatos: tudo o que você precisa saber

A hemodiálise em cães e gatos ainda é um campo em desenvolvimento para animais de estimação. Porém, algumas modalidades já se mostraram melhores do que outras técnicas e tratamentos.
Hemodiálise em cães e gatos: tudo o que você precisa saber

Última atualização: 06 julho, 2021

A hemodiálise, tão difundida na medicina humana, é um dos campos mais inexplorados da medicina veterinária. Portanto, a insuficiência renal em animais de estimação é um desafio para os profissionais. É necessário encontrar o procedimento correto na hora de determinar um tratamento que seja realmente eficaz para restaurar ou manter a função filtrante dos rins do animal.

Se você está lendo este artigo porque seu cão ou gato precisa fazer um tratamento de diálise, aqui encontrará todas as informações sobre as técnicas mais utilizadas. Não deixe de conferir!

Insuficiência renal, o que é?

Os rins são responsáveis por filtrar o sangue que circula pelo corpo, o que ajuda a manter a homeostase, ou seja, o equilíbrio nos diferentes sistemas do animal. Os néfrons, células estruturais que compõem o tecido renal, têm a função de desviar todos os resíduos para que sejam eliminados pelo trato urinário.

No entanto, quando esses néfrons são danificados e destruídos, a função renal é reduzida, de modo que o excesso de toxinas, minerais e outras moléculas permanecem no corpo, levando a intoxicações sistêmicas. Danos renais em animais de estimação são classificados de 2 maneiras, com base na perda de função:

  • Insuficiência renal aguda: é um dano pontual e recuperável, que pode ser controlado com medicamentos e/ou dieta alimentar.
  • Insuficiência renal crônica: quando os rins já perderam 75% ou mais de sua área funcional, é necessário um tratamento de suporte vital. Não tem recuperação e o animal deve ser tratado para o resto da vida.

A hemodiálise pode ser usada em ambos os casos. Por exemplo, um cão que foi envenenado pode precisar de tratamento de diálise para remover toxinas de seu corpo e ter sua vida salva. Se for uma degeneração crônica dos rins, precisará de tratamento regular com hemodiálise para compensar a insuficiência renal.

 

Um cachorro doente no veterinário.

Técnicas de hemodiálise em cães e gatos

A hemodiálise é um tratamento implementado pela via circulatória para filtrar o sangue por meio de uma membrana artificial semipermeável, que por sua vez transfere as toxinas do sangue para uma solução específica.

Por difusão, convecção e absorção, esse tratamento funciona como um rim artificial que purifica o sangue do cão ou gato. A seguir, vamos apresentar os tipos de hemodiálise mais comuns na área veterinária.

Hemodiálise convencional

A difusão e a convecção ocorrem através de uma membrana semipermeável à água, que separa o sangue dos resíduos. Além disso, o fluxo de sangue e do líquido de diálise circulam contra a corrente, evitando um fenômeno conhecido como retrofiltração. É um tratamento mais longo do que os outros, mas garante a separação correta de moléculas e líquidos do sangue.

Hemodiálise de alta eficiência

Surgiu para diminuir o tempo da hemodiálise convencional, aumentando a superfície da membrana filtrante, o fluxo sanguíneo e a quantidade de líquido de diálise. É importante evitar a desidratação do paciente durante o processo, pois pode causar hipotensão.

Hemodiálise de alto fluxo

É a técnica mais utilizada em prontos-socorros, por ser rápida e eficaz, mas requer alto fluxo sanguíneo e líquido de diálise. Caso contrário, pode provocar retrofiltração, pois as membranas são mais permeáveis e propensas a permitir que o líquido de diálise passe para o sangue.

É uma hemodiálise de maior qualidade, pois as moléculas tóxicas de maior tamanho passam pela membrana e saem do sangue, o que não acontece com outros filtros.

Hemofiltração

A hemofiltração é usada principalmente em choques sépticos, devido a infecções graves, em que o paciente passa a maior parte do tempo inconsciente. É uma técnica semelhante à diálise, mas muito mais lenta, pois a matéria filtrada é retirada e deve ser substituída por líquidos que mantenham adequadamente o volume sanguíneo do paciente.

A hemofiltração não utiliza líquidos de diálise, pois apenas filtra o sangue.

Hemodiafiltração

Essa modalidade combina o transporte difusivo da hemodiálise convencional com o transporte convectivo da hemofiltração. Por introduzir grandes quantidades de líquido de substituição, alto fluxo sanguíneo, é recomendável para pacientes com insuficiência renal crônica.

Diálise peritoneal convencional

É realizada a infusão do líquido da diálise na membrana peritoneal. O paciente o carrega nessa membrana para realizar a diálise manual 3 ou 4 vezes ao dia. Por ser extremamente estressante para o animal, é realizado quando ele está internado.

A vantagem é que permite um controle muito melhor dos parâmetros sanguíneos, o que torna essa técnica igualmente adequada para cães e gatos.

Diálise peritoneal automatizada

Com essa técnica, as trocas do líquido abdominal são feitas com um ciclador, geralmente durante a noite, enquanto o paciente repousa. É difícil aplicá-la em animais não humanos, especialmente se não estiverem hospitalizados.

Diálise peritoneal contínua

É um tratamento de diálise peritoneal que funciona ao longo do dia, permitindo que o paciente volte para casa. Como vantagem, não são acumulados líquidos ou toxinas no organismo, já que o sangue é continuamente ciclado, mas requer um tipo de perfil psicológico do animal e a especialização do tutor para realizar o tratamento.

Diferenças entre diálise peritoneal e hemodiálise

Na medicina veterinária, o tamanho do cão e sua variação bioquímica são muito relevantes para a escolha de um tratamento adequado. Normalmente, os critérios para prescrever a diálise peritoneal de qualquer tipo ou a hemodiálise são os seguintes:

  • Hemodiálise: é usada em pacientes com mais de 15 kg de peso, se possível com quadro agudo. O tutor não pode fazer em casa, pois são animais com valores sanguíneos descompensados e costumam ser situações de urgência.
  • Diálise peritoneal: adequada para cães e gatos com menos de 15 kg e é bem tolerada quando a hemodinâmica está descompensada. É ideal para patologias crônicas e existe a possibilidade de treinar o paciente para fazer em casa, mas os parâmetros sanguíneos se estabilizam mais lentamente.

 

Uma hemodiálise na pata de um cachorro.

Notas finais

A hemodiálise está cada vez mais sendo implementada em hospitais veterinários, pois auxilia no melhor controle dos sintomas em cães e gatos do que por meio de medicamentos e dieta alimentar, principalmente em casos agudos. Porém, como tutor, você deve se informar bem sobre os custos e cuidados desse tratamento, pois geralmente são elevados.

Infelizmente, uma internação hospitalar significa um estresse muito desigual entre humanos e não humanos, pois estes últimos não sabem que todo esse sofrimento tem como objetivo sua recuperação. Porém, o manejo psicológico do paciente na clínica veterinária também está progredindo aos poucos, felizmente e igualmente tanto para tutores quanto para os próprios animais de estimação.


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