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O javali-europeu: peculiaridades sobre a sua criação em cativeiro

4 minutos
Às vezes, estamos tão acostumados à caça de uma espécie silvestre que não percebemos as vantagens da sua criação em cativeiro. Esse é o caso dos javalis.
O javali-europeu: peculiaridades sobre a sua criação em cativeiro
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González

Última atualização: 27 dezembro, 2022

O javali-europeu (Sus scrofa) é uma das 16 espécies de animais que pertencem à família dos suídeos. Teve como distribuição geográfica original a Eurásia e o Norte da África, mas, desde então, foi introduzido pelo homem tanto na América quanto na Oceania. É considerado um dos mamíferos terrestres com maior dispersão geográfica.

Embora o porco doméstico seja fruto da sua domesticação há várias gerações, atualmente o próprio javali é utilizado na criação de animais. Talvez não seja uma espécie de primeira escolha, mas mostrou uma série de benefícios que outras espécies produtivas não apresentam atualmente.

Por outro lado, temos a espinhosa questão da caça ao javali, atividade talvez mais conhecida, mas que pode gerar contratempos e apresentar certos dilemas éticos. A seguir, vamos mostrar as peculiaridades da criação dessa espécie em cativeiro.

O javali-europeu em liberdade

Para entender o manejo dessa espécie em cativeiro, é preciso primeiramente conhecer as suas necessidades na natureza. Seu comportamento social e seus hábitos alimentares são, sem dúvida, os dados mais relevantes ao planejar a sua criação.

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Comportamento

O javali é um animal de hábitos noturnos que inicia as suas atividades pouco antes do anoitecer. De fato, assim que o sol se põe, esses animais empreendem viagens que podem se estender por mais de 15 quilômetros. Essas caminhadas são um pouco menos frequentes entre as fêmeas, especialmente se estiverem acompanhadas pelos seus filhotes.

Apesar de estar adaptado para se movimentar durante a noite, a visão do javali não é muito boa. Mesmo assim, esse animal desenvolveu outras habilidades sensoriais, tais como audição e olfato.

Grupos sociais

Os javalis silvestres vivem em grupos matriarcais de até 20 animais, com duas ou três fêmeas maduras e seus filhotes. Essas colônias são estruturadas com base em uma hierarquia, onde sempre há uma fêmea dominante. Os únicos machos permitidos no grupo são os jovens imaturos.

Os machos adultos, ao atingir a maturidade sexual, terão que deixar o rebanho e criar os seus próprios grupos de “solteiros”.

Dieta do javali-europeu na natureza

Trata-se de um animal onívoro que consome uma grande variedade de alimentos. O mais comum é que a sua dieta seja 90% vegetal com os 10% restantes de origem animal. Os vegetais incluem raízes, bulbos, tubérculos, frutas e bagas. Na seção de animais, destacam-se pequenos roedores, ovos de pássaros, cobras, lagartos, vermes e larvas de todo tipo.

Além disso, esse animal muda de dieta para se adaptar às estações do ano. Durante o outono, ele aproveita frutos como as bolotas, castanhas ou azeitonas, que são ricas em proteínas e gorduras saudáveis. Isso ajuda especialmente as fêmeas a manter uma condição corporal ideal para a estação reprodutiva.

Peculiaridades sobre a criação do javali-europeu em cativeiro

Do ponto de vista do manejo, os javalis são animais muito rústicos e que se adaptam facilmente ao meio ao seu redor. Graças a isso, entre outras coisas, eles raramente são afetados por doenças. Isso e o fato de que os seus partos não requerem assistência têm como resultado a baixa incidência de consultas veterinárias na fazenda.

Por outro lado, os javalis são animais que consomem mais forragem do que concentrados. O que isto significa? Que a sua alimentação é mais barata e que o seu crescimento é mais lento e natural do que no caso do porco doméstico. Além disso, é possível criá-lo em áreas marginais ou de qualidade inferior, onde outras espécies de animais de criação não poderiam ser mantidas.

Infelizmente, os javalis silvestres também podem atuar como importantes vetores para certas doenças. Por causa disso, a caça e outras práticas livres de regulamentação são fortemente desencorajadas.

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Necessidade de regulamentação

Ao capturar javalis, o ideal seria levá-los a um centro de manejo de animais selvagens. Lá, um veterinário faria os controles sanitários pertinentes e decidiria se a presa é adequada ou não para o consumo humano, mas isso não é o usual. O normal é que o caçador aproveite o animal por conta própria, expondo-se a sérios riscos à saúde.

Portanto, se há tanta demanda pela sua carne, o melhor é continuar a promover a sua incorporação na produção animal tradicional. Dessa forma, evitaremos os problemas sanitários, éticos e ambientais decorrentes da caça descontrolada.


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