O mergulhão-de-alaotra
O mergulhão-de-alaotra (Tachybaptus rufolavatus), ou grebe-de-alaotra, é uma ave extinta da família Podicipedidae. De tamanho médio e asas pequenas, essa ave não conseguia fazer voos longos. Na verdade, ela vivia confinada a uma pequena área: o lago Alaotra, o maior da República de Madagascar, no continente africano.
Características e hábitos de vida do mergulhão-de-alaotra
Esta ave em seu estado adulto atingia 25 centímetros e tinha muito pouca capacidade de voar, por isso era fortemente sedentária. Esta espécie era uma ave mergulhadora, fortemente associada ao lago Alaotra, um lago raso e de águas salobras. Em relação à biologia desta espécie, como era pouco conhecida, desapareceu praticamente sem investigação.
Historicamente, as margens do lago Alaotra constituíam zonas úmidas, que eram cobertas por vegetação densa, incluindo papiros e juncos, que podem ter sido importantes para esta espécie. Acredita-se que à medida que esse nicho se deteriorou, a ave conseguiu se deslocar para lagos próximos.
De acordo com os poucos registros existentes, o mergulhão-de-alaotra era geralmente visto aos pares. Às vezes agrupado com espécies próximas, como o mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis). No entanto, não são conhecidos detalhes de reprodução ou hábitos de nidificação.
Além disso, sabe-se que seus hábitos alimentares eram a ingestão quase exclusiva de peixes e, para isso, mergulhavam constantemente.
História do desaparecimento do mergulhão-de-alaotra
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em uma busca em 1982, 12 espécimes foram vistos. Em 1985, dois pássaros mergulhão-de-alaotra foram vistos perto do lago Alaotra. Posteriormente, em 1986 e 1988 foram vistos indivíduos com algumas características da espécie.
Mais tarde, em 1999 e 2000, as viagens de busca não encontraram indivíduos desta ou de qualquer espécie de Tachybaptus no Lago Alaotra, nem nos lagos circundantes. A partir de 2010, a espécie foi declarada extinta pela Birdlife. Isto porque não existem zonas húmidas adequadas à sua vida que não tenham sido examinadas na região de Alaotra.
Fatores que influenciam a extinção
Atualmente, são reconhecidos vários fatores que contribuíram para a extinção desta espécie:
- O uso de redes de emalhar de nylon por pescadores locais no lago Alaotra cobre uma grande parte do lago. Sem dúvida, este sistema mata muitas aves aquáticas mergulhadoras.
- A introdução de espécies invasoras: os peixes carnívoros Micropterus salmoides e Channa striata foram um fator importante no declínio e na extinção do mergulhão-de-alaotra.
- Deterioração do habitat: a erosão do solo por encostas desmatadas, agricultura e sedimentação reduziram a qualidade da água do lago. Além disso, a introdução de plantas exóticas, mamíferos e peixes, especialmente a tilápia, provavelmente esgotou o alimento essencial para a ave.
- Perda de território: o habitat natural também foi perdido com o desenvolvimento de indústrias, que causaram sedimentação e contaminação das águas,
- Além disso, acredita-se também que a caça furtiva da ave acabou por esgotar qualquer possibilidade de sobrevivência.
Nota final
De acordo com a Lista Vermelha da IUCN, 1.240 aves estão atualmente em perigo de extinção. Infelizmente, o mergulhão-de-alaotra é a terceira espécie do grupo de aves mergulhadoras a desaparecer em 40 anos. Foi classificado em 132º na lista de espécies de aves extintas desde 1600.
O seu desaparecimento anda de mãos dadas com a destruição do seu habitat. É importante salientar que as zonas húmidas são ambientes frágeis, de fato, estima-se que desde 1900, mais de metade das zonas húmidas do mundo desapareceram apesar do grande valor que têm para a humanidade.
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- BirdLife International. 2016. Tachybaptus rufolavatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22696558A93570744. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22696558A93570744.en. Downloaded on 04 May 2020.
- Hawkins, F.; Andriamasimanana, R.; Sam The Seing; Rabeony, Z. (2000). The sad story of the Alaotra Grebe Tachybaptus rufolavatus. Bulletin of the African Bird Club 7(2): 115-117.
