O minotauro realmente existiu?
Escrito e verificado por o advogado Francisco María García
O imaginário coletivo jogou a seu favor. A crença em torno da figura que tem corpo humano e cabeça de touro se espalhou pelo mundo todo durante muitos anos. A resposta científica quanto à real existência do minotauro geralmente é negativa. No entanto, as tradições oral e escrita dizem o contrário.
Na mitologia grega, essa é uma das fábulas mais apreciadas. A história do rei Minos, da sua esposa Pasífae e do Touro de Creta é um dos mitos mais difundidos no mundo. A ira do deus Poseidon foi o gatilho dessa história, encenada no ano 1900 antes de Cristo.
Uma traição exposta
Poseidon ficou enfurecido pelo não cumprimento da palavra de Minos quanto a sacrificar um belo touro branco que emergiu dos mares em sua homenagem. Esse seria o tributo por tê-lo ajudado a se tornar rei, após a morte de seu pai Asterion. Em vez disso, Minos sacrificou outro animal do seu rebanho.
Como vingança pela fraude, Poseidon inspirou em Pasífae uma paixão irresistível pelo Touro de Creta, do qual ela engravidou. Dessa união, nasceu o minotauro, um monstro selvagem com cabeça de touro e corpo de homem que só comia carne humana.
Desde o início, um artesão chamado Dédalo foi fundamental na história. Ele construiu a vaca dentro da qual Pasífae consumou a sua união com o belo animal que emergiu dos mares. A pele da vaca colocada sobre a criação artesanal confundiu o Touro de Creta.
De acordo com a mitologia grega, Dédalo também construiu, na cidade de Cnossos, o labirinto de Creta, que consistia em uma série de corredores que se cruzavam entre si. Apenas uma dessas passagens levava ao centro da estrutura, onde o minotauro foi abandonado.
As condições da rendição
A morte de Androgeu, filho de Minos, depois de ser coroado campeão em uma competição olímpica em Atenas, fez explodir a raiva de seu pai. Minos declarou guerra aos atenienses, a quem derrotou com a ajuda da praga que os atormentava.
As condições impostas para a rendição incluíam o sacrifício de 14 jovens atenienses. A cada seis anos, sete rapazes e sete donzelas serviriam de alimento para o minotauro. Eles eram trancados no labirinto, dentro do qual vagavam durante vários dias, sem poder sair. Quando encontravam o monstro, eram devorados.
Teseu e o novelo de lã
Teseu, filho do nono rei de Atenas, chamado Egeu, partiu para libertar seu povo da sentença imposta por Minos. Para isso, ele decidiu fazer parte do terceiro grupo de 14 jovens que seriam abandonados no labirinto de Creta.
Mais uma vez, Dédalo aparece na história. A pedido de Ariadne, filha de Minos que se apaixonou por Teseu, o artesão ofereceu uma saída. Um novelo de lã que a jovem entregou ao herói foi amarrado na entrada. Enquanto ele caminhava pelo labirinto, o fio ia se desenrolando. Depois de matar o minotauro, Teseu enrolou o fio e encontrou a saída.
O minotauro realmente existiu?
Em Creta, há um local subterrâneo com corredores que se cruzam entre si. A única maneira de atravessá-los é usando cabos para não se perder. Em sua sala central, semelhante ao que é descrito na lenda, estão gravados alguns nomes. Também existem manuscritos que atestam a existência do rei Minos.
Os corredores, no entanto, não têm relação com o labirinto de Creta, essa espécie de prisão que abrigava o minotauro. Não foram encontradas construções desse tipo em Cnossos, a cidade da ilha de Creta que é cenário dessa lenda notável da mitologia grega. Também não existem vestígios artísticos que testemunhem a presença do minotauro ou dos fatos relacionados à sua existência.
Assim, a memória abstrata ocupa o protagonismo. O minotauro está mais relacionado a comparações ou metáforas sobre situações das quais é difícil escapar. A impossível concepção entre uma humana e um touro faz parte das considerações ao analisar se o minotauro realmente existiu.
Muitas vezes, fábulas, mitos ou lendas surgem de eventos reais transformados pelo imaginário coletivo. Com isso, busca-se explicar eventos inexplicáveis em cada período.
Essas lendas também são símbolos de situações que os humanos enfrentaram ao longo de suas vidas. E são uma fonte indescritível de sabedoria que nos permitiu transmitir valores de geração em geração.
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