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Saiba como os lêmures cuidam da própria saúde

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Os lêmures cuidam da própria saúde através do suco das centopeias. Eles o extraem por meio de pequenas picadas que não matam diretamente o inseto. Isso, é claro, a menos que decidam ingeri-lo para combater os parasitas intestinais.
Saiba como os lêmures cuidam da própria saúde
Eugenio Fernández Suárez

Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Recentemente, um grupo de pesquisadores descobriu o que parece ser mais uma prova de que os lêmures cuidam da própria saúde, assim como outras espécies animais.

A automedicação dos lêmures

A automedicação animal vem sendo estudada há algum tempo. Afinal, o babuíno, o macaco-prego e alguns insetos parecem utilizar alguma forma de antiparasitários. Sendo assim, eles não são invadidos por esses organismos nocivos para a saúde.

Entretanto, essas não são as únicas espécies que fazem isso. Os orangotangos mastigam plantas com propriedades anti-inflamatórias e depois as espalham pelo corpo.

Então, parece que os animais também se automedicam. Nesse contexto, os lêmures cuidam da própria saúde através do suco dos piolhos-de-cobra, que pode ter efeitos antiparasitários.

O lêmures cuidam da própria saúde com o piolho-de-cobra

Os lêmures são um tipo de primata que só habita Madagascar. Nessa ilha, podem ser encontradas mais de cem espécies, desde lêmures de 30 gramas até outros de tamanho maior. Inclusive, há lêmures que chegam a atingir 200 quilos.

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Sendo assim, por conta dessa tremenda variedade de animais, encontramos muitos comportamentos particulares. Em 2016, a etóloga Louise Peckre observou um lêmure espalhar os fluidos de piolhos-de-cobra por sua cauda e genitais. Entretanto, nessa época, o objetivo dessa prática ainda era desconhecido.

Os piolhos-de-cobra são insetos diplópodes. Esses pequenos animais, embora em muitos casos excedam 100 membros (patas), não chegam a ter mil. As patas possuem glândulas que secretam substâncias ácidas, que podem derreter o exoesqueleto de formigas.

Com essas propriedades, não surpreende que esse elemento químico também seja perigoso para alguns parasitas. Por isso, através desse comportamento, os macacos-prego e os lêmures cuidam da própria saúde de forma eficaz.

Lêmure-de-testa-vermelha

A espécie observada realizando este comportamento foi o lêmure-de-testa-vermelha. Esse animal é conhecido por ser o lêmure com a maior carga parasitária em seu intestino. Ou seja, é muito comum que esta espécie esteja infectada por parasitas.

Este lêmure, com cerca de dois quilos, tem uma pelagem marrom que fica avermelhada na face e no final da cauda alaranjada. Esses animais vivem em florestas tropicais e se alimentam de folhas, caules, flores, frutas e casca de tamarindo.

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É uma espécie arbórea que pode ter picos de atividade tanto à noite quanto durante o dia. Normalmente, isso vai depender um pouco da população que está sendo observada. O núcleo do grupo é constituído por fêmeas, que expulsam as filhas das fêmeas subordinadas antes de atingirem a maturidade sexual. Os machos abandonam sempre o grupo, independentemente da sua hierarquia.

Como descobriram que os lémures se automedicam?

Esses lêmures se automedicam com pequenas mordidas nos piolhos-de-cobra que não os matam diretamente. Por sua vez, os piolhos-de-cobra secretam substâncias antiparasitárias para se defenderem.

Curiosamente, esses lêmures também se automedicam pela ingestão dos piolhos-de-cobra. Isso pode aumentar ainda mais os efeitos, já que este comportamento elimina os parasitas dentro do intestino do lêmure.

De fato, a carga parasitária desses lêmures é drasticamente reduzida no início da estação úmida, quando os piolhos-de-cobra começam a se proliferar.

Esta nova descoberta mostra que, assim como estes lêmures se automedicam, outras espécies também fazem isso. Todo esse conhecimento é algo que só aumenta nosso respeito pelo reino animal.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.