Os mustelídeos: animais que vestem reis, mas cujo cheiro é desprezado

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González

Última atualização: 20 setembro, 2022

Há um grupo de pequenos animais, a maioria carnívoros ou necrófagos, muito ativos. Estamos falando dos mustelídeos, reconhecidos e caçados há gerações por seu corpo comprido coberto de pelagem densa e fina, mas desdenhados por serem dotados de glândulas odoríferas que exalam um odor pungente.

Os mustelídeos mais cobiçados pela sua pelagem

Dentro da família Mustelidae, três tipos de animais podem ser distinguidos:

• Aqueles com as solas dos pés peladas, como o texugo.
• Aqueles com as solas dos pés peludas, como a marta.
• Aqueles com pés palmados, como a lontra.

O vison-americano

Neovison vison é um parente próximo da doninha, mas, ao contrário da doninha, é altamente cobiçado pela indústria de peles. Ele cava suas tocas perto da água, onde se alimenta de peixes, sapos, répteis e roedores. Às vezes ataca pássaros se estiver com muita fome. Entretanto, ao contrário da doninha e da marta, ela só mata se for necessário.

Sua pele fica branca no inverno, como a do arminho, dando-lhe ainda mais valor.

Originário da América do Norte, sua área de distribuição natural ocupa a maior parte dos Estados Unidos e Canadá. O problema vem porque foi importado para fazendas de peles no resto do hemisfério norte. E muitos exemplares conseguiram escapar dessas fazendas, entrando no ambiente natural.

A sua presença na Europa é indesejável, pois desloca espécies autóctones de mustelídeos, já seriamente ameaçadas, como o vison-europeu.

O arminho

Mustela erminea também sempre foi uma espécie muito cobiçada por sua pele macia e de alta qualidade, a partir da qual casacos eram feitos. Hoje, a pele de vison de fazenda substituiu amplamente a pele de arminho.

No verão, sua pelagem é parda ou marrom no dorso e esbranquiçada no peito e na barriga. No inverno, nas montanhas e nas regiões mais frias, fica completamente branca para se camuflar. Mas sempre mantém a ponta da cauda longa preta, o que é um bom recurso para identificação em todos os momentos.

Marta

Martes martes é comum em quase toda a Europa, bem como em algumas áreas do Oriente Médio. Caracteriza-se por possuir pelo grosso e macio, marrom escuro em quase todo o corpo, exceto na parte inferior do pescoço e na barriga. Nessas áreas, sua pelagem tem uma cor creme amarelada, razão pela qual sua pele é tão valorizada.

A marta-zibelina, Martes zibellina, é uma subespécie da marta-comum que hoje é mais difundida no continente asiático. É uma das espécies que atinge maior valor em pelagem, especificamente quando sua pelagem é preta.

O preto mais puro entre as peles da marta-zibelina é chamado de “diamante negro”.

Por que os mustelídeos não conquistaram a simpatia dos humanos?

Isso provavelmente se deve aos representantes mais “fedorentos” desta família: os gambás. Por exemplo, o gambá listrado, Mephitis mephitis, se destaca por sua cauda bonita e espessa. Contudo, sob ela está sua maior arma defensiva: as glândulas anais mais desenvolvidas de toda a família dos mustelídeos. Com elas, o animal consegue expelir um líquido fétido, com um odor pungente que é percebido em um raio de até mais de um quilômetro.

Seu cheiro é tão forte que permeia objetos que atinge por várias semanas. E se atinge os olhos, é capaz de causar cegueira temporária no ser humano.

O gambá manchado, Spilogale pygmaea, por outro lado, é muito hábil em expelir seu líquido fétido. Ele faz uma espécie de linha vertical, apoiada em seus membros anteriores, e pulveriza seu oponente.

Apesar da relutância, nós os transformamos em animais de estimação

O furão, Mustela putorius furo, é uma subespécie da doninha selvagem que foi domesticada há milhares de anos. No início, era usado para coletar coelhos de campo sem usar armas. Mas ao longo dos anos acabou se tornando apenas mais um animal de estimação. E o mau cheiro exalado por suas glândulas do corpo não figurou como um empecilho.