Logo image
Logo image

Pancora: habitat, características e reprodução

3 minutos
Apesar de a pancora se distribuir principalmente em regiões tropicais, seus habitats costumam ter corpos d'água com baixas temperaturas.
Pancora: habitat, características e reprodução
Última atualização: 27 fevereiro, 2023

O pancora ou também chamado de caranguejo-do-rio, é um crustáceo peculiar que vive em água doce. Caracteriza-se por ter uma aparência semelhante à de um camarão, só que menor e com abdômen largo e curto. Na verdade, devido à sua forma oval, em alguns países são conhecidos como baratas-de-rio.

O termo pancora é usado para nomear várias espécies do gênero Aegla, que contém cerca de 83 indivíduos diferentes. Embora sua classificação taxonômica seja diferente, todos eles têm características morfológicas semelhantes. Continue lendo e descubra mais sobre esse peculiar crustáceo.

Habitat e distribuição

O pancora pertence à família Aeglidae, grupo de crustáceos de água doce com grande abundância e distribuição na América do Sul. Pode ser encontrado no Brasil, Chile, Bolívia, Paraguai, Uruguai e em várias partes da Argentina. Além disso, pode viver em altitudes desde o nível do mar até 3.500 metros.

Esse caranguejo prefere residir em corpos de água doce, como rios, lagos, riachos e cavernas. Frequenta as áreas rochosas e montanhosas dos corpos aquáticos pelos esconderijos que eles fornecem, mas não é uma necessidade essencial para o crustáceo.

Características físicas do pancora

Este decápode tem um corpo oval e achatado que se curva e protege um pouco o seu abdômen (semelhante a um camarão). Mede entre 2 e 6 centímetros de comprimento. Tem 5 pares de patas. O primeiro par é em forma de pinça, os próximos 3 são locomotores e o último par é atrofiado, então eles são percebidos como dois apêndices encolhidos em sua barriga.

A cabeça do pancora se assemelha muito à do lagostim. Tem dois olhos esbugalhados voltados para a frente e duas longas antenas. Por outro lado, a espécie apresenta um evidente dimorfismo sexual, pois as fêmeas possuem uma câmara abdominal onde guardam seus ovos. Isso só é perceptível durante a época de acasalamento.

Comportamento

Em geral, o comportamento do pancora tende a ser tímido e evasivo, por isso fica escondido durante a maior parte do dia. Ao cair da noite, ele sai para buscar seu alimento e aproveita a escuridão para passar despercebido entre os predadores.

Pancoras vivem em pequenos grupos que ficam bem no fundo do corpo d’água. Claro, são organismos aquáticos, o que significa que podem colocar parte do corpo para fora do líquido, mas são incapazes de sobreviver em terra.

Some figure
Aegla platensis.

Alimentação do pancora

Esses animais têm uma dieta pouco especializada que se concentra em consumir quase tudo que encontram. Por isso, podem ser observados consumindo matéria vegetal, insetos, pequenos peixes, girinos, matéria orgânica e até alguns moluscos.

Reprodução

O pancora se reproduz uma vez por ano durante as épocas mais quentes, mas isso pode variar dependendo da espécie e sua distribuição. O processo de acasalamento começa com um leve cortejo por parte do macho, no qual ele movimenta seu corpo de forma vistosa para chamar a atenção da fêmea. Se a fêmea aceitar a proposta, ela o deixe se aproximar para copular. Caso contrário, pode atacá-lo como um sinal de rejeição.

Ao contrário do que acontece com outros decápodes, a época de reprodução do pancora não coincide com a sua muda (ecdise). Isso implica que a transferência de esperma ocorre através de uma câmara especial no útero que se abre durante a relação sexual. Depois disso, o macho defende a fêmea enquanto ela fertiliza seus ovos e os ancora em apêndices especiais em sua barriga.

Quando eclodem, seus filhotes serão semelhantes aos pais, mas menores, o que significa que não passam por metamorfose como outros invertebrados. Ainda não se sabe se a fêmea ou o macho cuidam deles após a eclosão, então resta esperar que os especialistas analisem a fundo seu comportamento reprodutivo.

Como você pode ver, o pancora é um crustáceo interessante que ainda guarda alguns segredos sobre sua biologia. O único problema que existe é que, devido à destruição e contaminação de seu habitat, algumas de suas espécies estão em risco. Esta é a razão pela qual vários especialistas se debruçaram sobre o seu estudo, embora ainda seja muito cedo para garantir a sua sobrevivência.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Rocha, S. S. D., Shimizu, R. M., & Siqueira Bueno, S. L. D. (2010). Reproductive biology in females of Aegla strinatii (Decapoda: Anomura: Aeglidae). Journal of Crustacean Biology, 30(4), 589-596.
  • Cohen, F. P., Takano, B. F., Shimizu, R. M., & Bueno, S. L. (2011). Life cycle and population structure of Aegla paulensis (Decapoda: Anomura: Aeglidae). Journal of Crustacean Biology, 31(3), 389-395.
  • Gonçalves, A. S., Costa, G. C., Bond‐Buckup, G., Bartholomei‐Santos, M. L., & Santos, S. (2018). Priority areas for conservation within four freshwater ecoregions in South America: A scale perspective based on freshwater crabs (Anomura, Aeglidae). Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, 28(5), 1077-1088.
  • Loretán, G. (2020). Estudios filogeográficos en cangrejos de agua dulce de la familia Aeglidae. (Tesis de Doctorado, Universidad Nacional del Litoral).
  • Santos, S., Bond-Buckup, G., & Jara, C. G. (2019). Morphology, Taxonomy, and Diversity of Extant Aeglidae. In Aeglidae (pp. 29-71). CRC Press.
  • Santos, S., Bond-Buckup, G., Gonçalves, A. S., Bartholomei-Santos, M. L., Buckup, L., & Jara, C. G. (2017). Diversity and conservation status of Aegla spp.(Anomura, Aeglidae): an update. Nauplius, 25.
  • Bond-Buckup, G., Jara, C. G., Pérez-Losada, M., Buckup, L., & Crandall, K. A. (2007). Global diversity of crabs (Aeglidae: Anomura: Decapoda) in freshwater. In Freshwater animal diversity assessment (pp. 267-273). Springer, Dordrecht.
  • Almerão, M., Bond-Buckup, G., & de S Mendonça, M. (2010). Mating behavior of Aegla platensis (Crustacea, Anomura, Aeglidae) under laboratory conditions. Journal of Ethology, 28(1), 87-94.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.