Rato-canguru: habitat e características

O rato-canguru é um roedor que se adaptou perfeitamente à vida no deserto. Aprenda mais sobre esses animais junto com a gente!
Rato-canguru: habitat e características
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O termo “rato-canguru” não se refere a uma única espécie, mas a um gênero de roedores (Dipodomys), grupo que inclui 22 espécies de camundongos nativos de certas regiões áridas da América do Norte. Seu nome comum deriva de sua fisiologia, visto que são animais que mantêm posturas eretas , apoiados sobre duas patas, e têm uma forma de locomoção semelhante à dos cangurus.

Estes roedores são tão amigáveis quanto interessantes em termos científicos, pois têm sido realizadas várias pesquisas sobre as suas áreas de distribuição, a relação com outras espécies do mesmo gênero e as suas adaptações ao ambiente árido. Se você quiser saber mais sobre eles, continue lendo.

Habitat do rato-canguru

Os ratos-cangurus (gênero Dipodomys ) são nativos da América do Norte, habitando regiões áridas, desde planícies abaixo do nível do mar até áreas acidentadas a 2100 metros de altitude. Pertencem à família Heteromyidae, os “outros roedores” que não podem ser incluídos nos ratos típicos da família Muridae.

A amplitude de distribuição depende das espécies analisadas. Por exemplo, a espécie Dipodomys agilis é encontrada no sudeste da Califórnia, enquanto Dipodomys californicus ocupa o nordeste da Califórnia e o sudeste de Oregon. Por outro lado, Dipodomys ordii pode ser encontrado desde o extremo sul do Canadá até o centro do México.

Curiosamente, estudos publicados na revista Nature mostraram que algumas populações de diferentes espécies se sobrepõem em sua área de distribuição. Para evitar a competição, eles se especializam em diferentes nichos. Por exemplo, Dipodomys ordii prefere solos com gramíneas, enquanto D. merriami seleciona áreas arbustivas.

A competição interespecífica pode ter feito diferentes espécies de ratos canguru se adaptarem a diferentes nichos.

 

Um rato-canguru do gênero Dipodomys.

Características físicas

Todos os ratos do gênero Dipodomys apresentam características semelhantes, pois habitam áreas que requerem adaptações muito parecidas. Os ratos-cangurus têm patas traseiras altamente desenvolvidas (daí o seu nome), membros anteriores não muito proeminentes, uma cabeça grande, olhos pretos muito evidentes e orelhas de tamanho médio.

Esses animais são considerados roedores de médio porte, com peso variando de 35 a 80 gramas e comprimento de 10 a 20 centímetros. A cauda tem o mesmo tamanho do corpo e a pelagem é densa, macia e de textura sedosa. A tonalidade varia dentro de cada espécie, mas em geral vai do “café com leite” ao marrom-escuro, com o ventre sempre esbranquiçado.

Uma locomoção muito curiosa

Os ratos-cangurus se deslocam como bípedes, isto é, apoiando-se nas patas traseiras. Conforme indicado pelo site Britannica, eles são capazes de pular até 2 metros em um único salto e só usam as patas dianteiras para percorrer distâncias muito pequenas. Isso lhes permite atingir uma velocidade de 10 quilômetros/hora com consumo de energia reduzido.

Além disso, os ratos-cangurus podem mudar de direção rapidamente entre os saltos. Essa adaptação pode salvá-los de coiotes, raposas, cobras e corujas que queiram atacá-los.

Dimorfismo sexual

Esses ratos são sexualmente dimórficos, o que significa que machos e fêmeas apresentam sinais externos diferenciais. Os machos são maiores do que as fêmeas, mas é importante destacar que variações de tamanho também podem ocorrer entre populações da mesma espécie. Portanto, a distinção a olho nu é muito difícil.

Dieta do rato-canguru

Os ratos-cangurus se alimentam principalmente de sementes, embora também possam roer vegetais e caçar insetos em certas épocas do ano. Além disso, eles são capazes de armazenar alimentos nas bolsas de suas bochechas (cheek pouches), também presentes em outras espécies de roedores.

Para o rato-canguru, a alimentação é uma tarefa contra o relógio. Cada espécime deve obter o máximo de sementes no menor tempo possível, pois o clima escaldante em que vivem torna insustentável ficar ao ar livre por muito tempo. Por isso, esses roedores saltam de um lugar para outro rapidamente, pegam mais comida do que consomem e levam para suas tocas.

Além dessa estratégia, é importante notar que os ratos-cangurus costumam sair em busca de alimentos à noite, a fim de evitar choques de calor e desidratação. Como vivem em ambientes desérticos, a atividade durante o dia deve ser reduzida ao mínimo.

À noite, há menos chance de morrer por um ataque de calor, mas os predadores estão mais ativos. Por esse motivo, o rato-canguru raramente sai de sua toca, seja durante o dia ou a noite.

Outras adaptações à vida no deserto

Como sugerimos em linhas anteriores, esses roedores passam grande parte de suas vidas em tocas ou fendas no terreno que eles tomam para si. Geralmente, são escolhidas áreas de terra arenosa, seca e com cascalho e vegetação esparsa para a construção dos abrigos, dos quais saem muito pouco.

Para evitar a perda de calor e a morte por desidratação, esses roedores minimizam sua taxa metabólica. Sua atividade é reduzida ao mínimo necessário para viver e, segundo estudos, algumas dessas espécies são capazes de passar a vida inteira sem beber água. A oxidação metabólica das sementes que comem lhes fornece H20 suficiente para sobreviver.

Reprodução do rato-canguru

Esses roedores são promíscuos, ou seja, se reproduzem com o maior número possível de parceiros, independentemente de sexo ou idade. Uma fêmea permitirá que vários machos a montem em períodos muito curtos de tempo, maximizando assim as chances de produzir descendentes. Uma vez fecundada, a fêmea gesta seus filhotes por um mês no máximo (22 a 27 dias).

Além disso, é interessante saber que esses animais têm um pico reprodutivo durante o verão, após as chuvas da primavera. Isso garante que a prole terá alimento para consumir e minimiza a taxa de mortalidade dos descendentes.

Estado de conservação do rato-canguru

Novamente, ressaltamos que o termo “rato-canguru” abrange 22 espécies diferentes, portanto não é possível inferir um estado de conservação global. Algumas espécies não correm qualquer tipo de risco (Dipodomys agilis, Dipodomys californicus, Dipodomys compactus e Dipodomys deserti, entre outras) enquanto outras estão em vias de desaparecer.

Particularmente preocupante é o caso de Dipodomys gravipes, listada na Lista Vermelha da UICN como “espécie em perigo crítico”, uma vez que de 1986 a 2017 nenhum espécime havia sido observado. Essa espécie foi redescoberta recentemente, mas seu status populacional permanece deplorável.

Outras espécies desse gênero, como Dipodomys ingens, também estão em perigo.

Um deserto.

Como você deve ter visto, o rato-canguru é um animal perfeitamente adaptado ao ambiente desértico. Graças à sua baixa taxa metabólica e saídas mínimas ao ar livre, é capaz de sobreviver com muito pouca água em um ambiente tão impiedoso quanto fascinante.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Kangaroo rat, Britannica. Recogido a 16 de junio en https://www.britannica.com/animal/kangaroo-rat
  • Schroder, G. D., & Rosenzweig, M. L. (1975). Perturbation analysis of competition and overlap in habitat utilization between Dipodomys ordii and Dipodomys merriami. Oecologia, 19(1), 9-28.
  • Webster, D. B. (1962). A function of the enlarged middle-ear cavities of the kangaroo rat, Dipodomys. Physiological Zoology, 35(3), 248-255.
  • Kaufman, D. W., & Kaufman, G. A. (1982). Effect of moonlight on activity and microhabitat use by Ord’s kangaroo rat (Dipodomys ordii). Journal of Mammalogy, 63(2), 309-312.
  • Jones, J. K., & Genoways, H. H. (1975). Dipodomys phillipsii. Mammalian species, (51), 1-3.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.