O rato de laboratório, o melhor modelo animal
Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda
Por mais de um século, o rato de laboratório tem sido o modelo animal mais utilizado em pesquisas científicas em todo o mundo.
Este pequeno roedor é um parente do rato doméstico (Mus musculus), um animal muito acostumado a viver junto ao ser humano, já que encontra abrigo e alimento em suas construções.
Você quer saber por que esse animal é tão usado em pesquisas? Hoje, contaremos por que o rato é o principal modelo animal. Graças a esta espécie, conseguimos avançar na cura de doenças importantes, como cardiopatias, imunodeficiências e câncer.
O que é um modelo animal?
Nas ciências da vida, como medicina ou biologia, o uso de modelos animais é generalizado.
Na verdade, animais experimentais são usados desde muito antes da Grécia clássica, embora sua utilização tenha sofrido um revés na Idade Média devido às imposições da Igreja Católica, que era contra a profanação de cadáveres.
No passado, os experimentos eram realizados em animais e seres humanos, mas desde a adoção do Código de Nuremberg, após a Segunda Guerra Mundial, é proibido fazer experimentos com humanos para o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias.
Os modelos animais têm um genoma conhecido e os resultados de um estudo podem ser extrapolados para outros animais, incluindo os seres humanos. Segundo a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa dos Estados Unidos, um modelo animal é:
“Um animal em que a biologia e o comportamento podem ser estudados, processos patológicos espontâneos ou induzidos podem ser investigados, ou o processo em um ou mais aspectos se assemelha ao mesmo processo observado em humanos ou outras espécies animais.”
O uso de modelos animais proporciona uma melhor compreensão das bases biológicas e fisiopatológicas de doenças que afetam tanto humanos quanto outros animais, uma vez que o que é investigado em laboratórios é igualmente aplicável à medicina veterinária.
Por que o rato?
As espécies animais usadas na experimentação são muitas e variadas: camundongos, ratos, coelhos, cachorros, porcos, ovelhas, sapos, moscas, macacos, etc. No entanto, o modelo animal usado em mais de 50% dos casos é o rato de laboratório.
Existem várias razões pelas quais os ratos são o principal modelo animal:
- Por serem mamíferos, os seus processos bioquímicos são muito semelhantes aos dos seres humanos.
- O tempo entre uma geração e outra de ratos é muito curto.
- Eles se adaptam facilmente à vida em laboratório.
- Eles são animais pequenos e fáceis de manusear. Não ficam facilmente estressados pela manipulação.
- É, junto com o ser humano, o mamífero mais bem estudado do ponto de vista genético.
- Existem muitas variedades diferentes. Isso os torna ideais para estudos de mutações genéticas, como o câncer.
- É o único modelo animal cujas células-tronco são cultivadas com sucesso in vitro.
- O estudo deste modelo há mais de um século torna imensa a quantidade de informação disponível sobre ele.
Graças aos ratos, grandes avanços foram feitos na investigação de doenças autoimunes ou do câncer. Contudo, não devemos esquecer que eles são seres sencientes, com suas próprias necessidades e uma etologia bem definida e bem conhecida.
Necessidades de um rato de laboratório
Os ratos são animais sociais acostumados a viver em grupos. Quando os animais são abrigados a ficar sozinhos, isso deve ser altamente justificado pelo estudo.
Os grupos sociais devem ser separados por sexo quando o desmame ocorre aos 21 dias de idade; caso contrário, surgiriam ninhadas indesejadas e consanguíneas.
Uma vez estabelecidos esses grupos de fêmeas e machos, nenhum novo indivíduo pode ser introduzido ou extraído, pois desestabilizaria a hierarquia da colônia. Isso causaria perturbações e levaria ao aparecimento de animais feridos, principalmente no caso dos machos.
As dimensões das gaiolas onde os animais vivem são estipuladas por leis, assim como o número de animais por local. A superfície ocupada por um animal nunca deve ser inferior a 60 cm2.
Finalmente, os ratos precisam de enriquecimento ambiental. Isso constitui:
- O próprio substrato da gaiola.
- Material para fazer ninho, independentemente do sexo dos animais.
- Brinquedos, que podem ser rolos de papelão, pedaços de madeira, casas de plástico translúcido vermelho (para ver se o animal está dentro sem perturbá-lo, já que os ratos não enxergam esse tom).
- Comida especial, como oleaginosas ou pão duro.
O enriquecimento ambiental é essencial para a boa saúde física e psicológica dos animais. Se o animal começar a desenvolver estereótipos ou comportamentos anormais, não apenas estaremos indo contra o bem-estar animal, mas também não forneceremos dados válidos para o estudo em questão.
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